WTCR: Os suspeitos os costume, em regresso azarado para Monteiro

Finalmente, a Taça do Mundo de Turismos regressou às pistas. A pandemia atrasou o regresso mas também permitiu que a competição repensasse certos aspetos pertinentes e pelo que vimos no fim de semana, teremos motivos para acompanhar a luta pelo título, que se espera renhida. Para Tiago Monteiro não foi um fim de semana positivo, com azares e penalizações.

Não era o palco inicialmente previsto, mas Zolder proporcionou boas corridas no arranque da época 2020 do WTCR.. Tivemos 22 carros em pista, os 20 que estarão a tempo inteiro mais Dylan O`Keeffe, campeão australiano que veio mostrar o que era capaz de fazer no Megane R.S. TCR e Luca Fillippi, ao volante do segundo Alfa Romeo Veloce TCR.

Esperava-se que os Hyundai, Lynk&Co e Honda se impusessem no topo da tabela de tempos mas os treinos livres trouxeram uma tendência algo inesperada. Néstor Girolami (ALL-INKL.COM Münnich Motorsport/Honda Civic Type R TCR) foi o mais rápido no primeiro treino livre do ano, batendo Gilles Magnus (Comtoyou Racing Audi RS 3 LMS) por 0.104s, que se estreava na competição. Esteban Guerrieri (ALL-INKL.COM Münnich Motorsport Honda Civic Type R TCR) foi terceiro na frente de Nathanaël Berthon (Comtoyou DHL Team Audi Sport Audi RS 3 LMS) e Yvan Muller (Cyan Racing Lynk & Co 03 TCR). Tiago Monteiro (ALL-INKL.DE Münnich Motorsport Honda Civic Type R TCR) foi 10º a 0.513s da frente.

Gilles Magnus foi o mais rápido na segunda sessão de treinos livres com o tempo de 1:36.065s. O belga ficou na frente de Nathanaël Berthon (Comtoyou DHL Team Audi Sport Audi RS 3 LMS). Terceira posição para Yvan Muller (Cyan Racing Lynk & Co 03 TCR).

Tiago Monteiro voltou a ser o 10º mais rápido na segunda sessão, a 0.531s do tempo mais rápido. O campeão, Norbert Michelisz (BRC Hyundai N LUKOIL Squadra Corse Hyundai i30 TCR), foi apenas 18º classificado. Começávamos a ver que os Audi iriam ser uma ameaça aos lugares da frente, uma surpresa positiva e que deixava tudo em aberto para a qualificação.

Nathanael Berthon surpreendeu

A qualificação prometia ser renhida e a promessa foi cumprida. Nathanael Berthon conquistou a pole (1:35.486) e confirmou que os carros da Comtoyou estava rápidos, provavelmente graças ao grande conhecimento que a equipa tem do traçado belga. Na Q1 foi a Lynk&Co a dar nas vistas com Yann Ehrlacher (Cyan Racing Lynk & Co 03 TCR) a fazer o melhor tempo da sessão e a conquistar os primeiros cinco pontos da época. Thed Bjrok (Cyan Racing Lynk & Co 03 TCR) foi segundo, seguido de Magnus, Muller e Tom Coronel (Comtoyou DHL Team Audi Sport Audi RS 3 LMS). Para Tiago Monteiro a qualificação acabou logo na Q1 não conseguindo melhor que o 18º posto.

Magnus voltou a mostrar serviço na Q2 fazendo o melhor registo, seguido de Santiago Urrutia (Cyan Racing Lynk & Co 03 TCR), Ehrlacher, Muller e Berthon, os cinco homens que iriam disputar entre si a pole. Nestor Girolami, em 10º ficou com a pole para a primeira corrida do ano, com grelha invertida e tinha assim hipótese de começar da melhor maneira o ano. Esteban Guerrieri e o atual campeão do WTCR, Norbert Michelisz, que foram apenas 11º e 12º, respetivamente. A Hyundai não teve vida fácil, apenas Michelisz conseguiu chegar até à Q2. Gabriele Tarquini, Nick Catsburg e Luca Engstler ficaram de fora logo na Q1. O melhor Honda aparecia somente em sétimo, com Attila Tassi (Honda Civic Type R TCR/ALL-INKL.DE Münnich Motorsport).

Na última sessão, Nathanael Berton reclamou a sua primeira pole position no WTCR, depois de bater Yann Ehrlacher por apenas 0,031 segundos. A Comtoyou Racing esteve em grande nesta qualificação já que Gilles Magnus, noutro Audi ficou em terceiro. A Lynk & Co. fechou o top 5, com Santiago Urrutia a bater Yvan Muller.

Nick Catsburg foi posteriormente penalizado por não ter abrandado numa zona de bandeiras amarelas e Luca Filippi (Team Mulsanne Alfa Romeo Giullietta TCR) e Gábor Kismarty-Lechner (Zengo Cupra Competitión TCR) a falharem as pesagens.

Girolami vence a primeira do ano

Foi sem espinhas a primeira vitória do ano para Nestor Girolami. O piloto argentino comandou as operações de início a fim, e não viu o seu lugar ameaçado, dando o primeiro triunfo de 2020 à Honda. Jean-Karl Vernay ( Team Mulsanne Alfa Romeo Giullietta TCR) perdeu logo a segunda posição para Bjork, Tassi e Coronel, num top cinco que se manteve inalterado até ao fim da prova. Santiago Urrutia, Yann Ehrlacher e Yvan Muller ajudaram Lynk & Co Cyan Racing, colocando quatro carros nos oito primeiros, com Berthon e Magnus a completar o top 10.

A Hyundai teve uma corrida difícil com o melhor carro, o de Michelisz, a ficar-se pela 11ª posição. A marca coreana não se mostrou contente com o novo ECU padrão, que é agora usado por todos os carros. O Renault Mégane RS TCR, Alfa Romeo Giulietta Veloce TCR e Audi RS 3 LMS tiveram permissão para usar a ECU do ano passado (por não terem tempo para integrar a ECU padrão) e isso desagradou Andrea Adamo, chefe da Hyundai, que também se queixou do BoP e iniciou as habituais ameaças de deixar a competição se não forem tomadas medidas.

Também a Honda tinha motivos para se preocupar pois os motores de Guerrieri e Monteiro cederam a meio da corrida, o que causava alguns receios quanto a fiabilidade das unidades e à capacidade da equipa conseguir reparar as duas máquinas a tempo.

Lynk & Co imparável na Corrida 2

A segunda corrida do fim de semana ficou marcada por um incidente logo nos primeiros instantes da prova. Berthon largou bem e deixou Ehrlacher atrás de si, mas um pouco atrás, Tassi e Bjork envolveram-se num incidente que atirou o jovem húngaro para o fim do pelotão e o sueco para fora de prova, obrigando à entrada do Safety Car de Bruno Correia. A prova recomeçou na volta quatro, numa altura em que já se sabia que Berthon tinha sido penalizado com um Drive Through por falsa partida, entregando de bandeja a liderança a Ehrlacher. Atrás de si seguia Magnus, Muller e Urrutia. O jovem belga não foi capaz de suster a pressão do veterano francês e num erro deixou escapar o segundo posto. Pouco depois não dificultou muito a vida a Urrutia que subiu para terceiro, resultado que se manteria até ao final, com um pódio 100% Lynk&Co.

Para Monteiro foi uma corrida de recuperação. Obrigado a largar do fim da grelha o português recuperou até aos pontos (15º, lugar que perdeu por penalização após um incidente de corrida) e ficou com boas impressões para as próximas provas. Do lado da Hyundai foi uma corrida um pouco melhor, com três carros no top 10 (Michelisz 8º, Catsburg 9º e Engstler 10º).

Nas contas da taça, Ehrlacher saiu da Bélgica líder com 43 pontos seguido de Girolami (36), Muller (31) e Urrutia (26)

Corrida 1:

1 Néstor Girolami Honda 13 voltas

2 Thed Björk Lynk & Co +1.127

3 Attila Tassi Honda +1.844

4 Tom Coronel Audi +2.072

5 Jean-Karl Vernay Alfa Romeo +4.632

6 Santiago Urrutia Lynk & Co +6.050

7 Yann Ehrlacher Lynk & Co +6.674

8 Yvan Muller Lynk & Co +7.382

9 Nathanaël Berthon Audi +7.794

10 Gilles Magnus Audi +12.585

Corrida 2:

1 Yann Ehrlacher Lynk & Co 18 voltas

2 Yvan Muller Lynk & Co +0.870

3 Santiago Urrutia Lynk & Co +1.376

4 Gilles Magnus Audi +1.940

5 Néstor Girolami Honda +2.617

6 Tom Coronel Audi +5.694

7 Jean-Karl Vernay Alfa Romeo +7.395

8 Norbert Michelisz Hyundai +8.128

9 Nicky Catsburg Hyundai +8.678

10 Luca Engstler Hyundai +9.715

Tiago Monteiro otimista

Na primeira ronda da Taça do Mundo de Carros de Turismo, Tiago Monteiro teve um fim de semana difícil. Depois de na primeira corrida ter desistido com um motor partido, a segunda corrida viu o português terminar nos pontos, mas uma penalização de cinco segundos após o término da corrida colocou-o em 19º.

“Na primeira corrida estava bem e a recuperar posições. Mas o motor cedeu e foi uma correria para a equipa conseguir em tempo útil voltar a pôr o carro na grelha para o segundo confronto. Conseguimos e a equipa fez um trabalho extraordinário, estão de parabéns”, afirmou Monteiro.

“Não tinha nada a perder, por isso arrisquei, não me deixei intimidar e fui à luta. Foi uma corrida muito intensa, muitas disputas, muitas cedências e avanços, mas que no final deu frutos: pontos. Para além disso, foi importante perceber que temos andamento e que podemos estar nas próximas corridas noutro patamar. Este foi o primeiro fim de semana de corrida, ainda há muitos pontos pela frente. Vamos continuar a trabalhar para daqui a 15 dias estarmos ao melhor nível”, disse Monteiro, antes da penalização sair e colocar o português na 19º posição na segunda corrida.