WTCR: Contas do título complicam-se

Por a 18 Outubro 2021 12:30

O WTCR visitou pela primeira vez o circuito de Pau-Arnos, a sexta jornada da Taça do Mundo. As contas do título ficaram mais complicadas e Tiago Monteiro teve um fim de semana para esquecer.

Yann Ehrlacher era o líder do campeonato quando chegou a Pau, com vinte pontos de vantagem para Esteban Guerrieri e 25 pontos para Mikel Azcona e era vontade do francês da Lynk & Co aumentar ou pelo menos manter a distância para a concorrência na sua primeira corrida perante o seu público. Mas os pilotos encontraram um novo desafio, o circuito de Pau-Arnos, um traçado espetacular, com muitas subidas e descidas, um ar “old-school”, mas que não parecia permitir grandes oportunidades de ultrapassagem, como se verificou nas corridas.

Lynk & Co começou mais forte

A Lynk & Co começou melhor, dominando nos treinos livres com Yvan Muller (Lynk & Co 03 TCR) e Santiago Urrutia (Lynk & Co 03 TCR) a liderarem, uma tendência que se manteve na qualificação, pois Muller foi o piloto mais rápido da sessão de qualificação. O experiente piloto bateu o compatriota Jean-Karl Vernay (Hyundai Elantra N TCR) por 0.233s na Q3 e conquistou a sua primeira pole position no WTCR desde Macau em 2019.

Numa disputa exclusiva entre a Lynk & Co e Hyundai para apurar o pole sitter da corrida 2, Norbert Michelisz (Hyundai Elantra N TCR) foi o terceiro mais rápido, seguido de Santiago Urrutia (Lynk & Co 03 TCR) e Yann Ehrlacher (Lynk & Co 03 TCR). Tiago Monteiro (Honda Civic TCR) esteve na disputa pela pole position na corrida 1, disputada na Q2, mas o português conseguiu a 11ª posição da grelha em ambas as corridas. A pole para a primeira corrida ficou entregue a Frédéric Vervisch (Audi RS3 LMS).

Vervisch sem concorrência

Vervisch foi o vencedor da primeira corrida. O belga largou melhor, aguentando o ataque de Thed Bjork (Lynk & Co 03 TCR), com Gabriele Tarquini (Hyundai Elantra N TCR) e Esteban Guerrieri logo atrás, depois de ter ultrapassado o seu colega Nestor Girolami. A corrida acabou logo nas primeiras curvas para Tiago Monteiro, que teve uma saída de pista depois de um toque com Yann Ehrlacher (mau arranque). O embate nas proteções da pista foi violento e ditou o fim da prova para o piloto português, assim como a entrada do Safety Car de Bruno Correia. Muller também levou um toque e entrou para as boxes, com a equipa a tentar resolver os problemas a tempo da segunda corrida.

No recomeço da prova, Vervisch começou da melhor forma e deixou uma boa margem para Bjork e Tarquini, ficando tudo na mesma nesta fase da corrida. A manhã complicou-se para a Lynk & Co com Santiago Urrutia no fundo da grelha, depois de largar de perto do top 10. Jordi Gené (CUPRA Competición), com um furo, teve uma saída de pista também acabando com a sua corrida. Pouco depois era o seu colega de equipa Huff a entrar na box com problemas no seu CUPRA.

Na frente as margens iam diminuindo, mas Vervisch mantinha uma boa vantagem para Bjork que por sua vez já tinha descolado de Tarquini. Pouco depois, Michelisz abriu a porta a Vernay, o favorito da Hyundai na luta pelo título, permitindo ao francês marcar pontos importantes nesta fase.

Foram poucas mudanças até ao fim da corrida e Vervisch ganhou com naturalidade, tornando-se no primeiro piloto a vencer por duas vezes este ano, com Bjork e Tarquini no pódio. Guerrieri e Girolami completaram o top 5 enquanto Tom Coronel (Audi RS3 LMS) venceu no Troféu WTCR.

Vernay venceu corrida 2 e voltou às contas do título

Se a corrida 1 foi algo morna, a corrida 2 foi mais dramática. Apesar das ultrapassagens serem difíceis no traçado francês, as últimas voltas foram recheadas de ação, mas na frente das operações Jean-Karl Vernay não foi incomodado e venceu com toda a justiça.

Yvan Muller largou mal e Vernay passou para a frente da corrida, numa largada mais uma vez pouco conseguida para os Lynk & Co. Muller aguentou o segundo lugar, mas a pressão de Norbert Michelisz fazia-se sentir, com Santiago Urrutia em quarto e Esteban Guerrieri em quinto, depois de Nestor Girolami ter deixado passar o seu colega de equipa. Tiago Monteiro não fez um arranque tão bom como o da primeira corrida, mas subiu um lugar e era 10º.

A corrida complicou-se para Monteiro, depois de uma ultrapassagem mais musculada de Nathanael Berthon (Audi RS3 LMS), que fez o português cair para 14º. Na frente, Vernay mantinha-se no comando das operações, com Muller a mais de segundo e meio, pressionado por Michelisz, que por sua vez tinha de ter atenção a Urrutia, que não se afastava muito da traseira do Hyundai.

A meio da corrida Girolami começou cair na classificação, aparentemente com um problema no pneu (que o obrigou a ir às boxes, poucos depois) e Ehrlacher queixava-se dos travões. Monteiro tentou recuperar posições e subiu ao 13º, numa altura em que na frente as distâncias eram curtas, mas não víamos mudanças e o líder mantinha uma margem confortável para o segundo classificado. Vervisch tentava chegar ao quinto lugar, com Guerrieri a defender-se do ataque do vencedor da corrida 1.

Na volta 16, Urrutia tocou em Michelisz (o húngaro perdeu muita velocidade nesta fase) o que deu alguma margem a Muller para gerir até ao fim da corrida. Isto fez que Guerrieri se aproximasse deste duo que disputava o último lugar do pódio, trazendo com ele Vervisch. Mischeliz segurava o comboio e seguiram-se vários toques que permitiram a Vervisch passar por Guerrieri que, com um erro depois de mais toques, caiu na classificação até ao sétimo posto, atrás de Ehrlacher que ficou a lucrar com a situação.

Urrutia tratou de passar Michelisz e ganhar assim um lugar no pódio, Vervisch imitou o piloto da Lynk & Co e despachou Michelisz, que ficava à mercê de Ehrlacher. Guerrieri voltou a intrometer-se nesta luta e tentou passar Ehrlacher, numa manobra algo forçada. Os toques eram muitos e apenas o talento dos pilotos evitou saídas de pistas violentas, tal a velocidade a que os toques aconteciam. A uma volta do fim, o Safety Car entrou em pista porque os pneus da chicane se soltaram e isso acrescentou mais uma volta à corrida dando uma última volta frenética.

Vernay recomeçou melhor e Muller ficou longe para tentar um ataque, mas a luta mais acesa era entre Ehrlacher e Michelisz pelo quinto posto. O francês perdeu momentaneamente o controlo do carro e ficou sob pressão de Guerrieri, mas conseguiu aguentar a posição e foi buscar Michelisz, conseguindo ultrapassar o húngaro mesmo em cima da linha de meta.

Vitória para Vernay, com Muller e Urrutia no pódio, Tiago Monteiro conseguiu terminar no 12º lugar e Tom Coronel voltou a vencer no Troféu WTCR.

Nas contas do campeonato, Ehrlacher tem 160 pontos, Vernay 144, Guerrieri 138, Vervisch 131 e Muller 126. Faltam quatro corridas para o fim de semana, com Adria e Sochi a serem os derradeiros palcos da época 2021 do WTCR com as contas do título em aberto

Monteiro Tiago (por), ALL-INKL.DE Munnich Motorsport, Honda Civic Type R TCR (FK8), portrait crash, accident, during the 2021 FIA WTCR Race of France, 6th round of the 2021 FIA World Touring Car Cup, on the Circuit Pau-Arnos, from October 16 to 17, 2021 in Arnos, France – Photo Florent Gooden / DPPI

Tiago Monteiro – “Fim de semana interessante”

Monteiro avisou no arranque do fim de semana que a pista francesa não era a ideal para o seu Honda Civic, pelo que as expectativas eram baixas. Esteve perto de conseguir a pole para corrida 1, com grelha invertida, mas teve de largar de 11º nas duas provas, o que o deixou no meio da confusão, algo que custou caro na primeira corrida. Mas o piloto gostou da experiência nesta nova pista:

“Foi um fim-de-semana interessante e as corridas, como esperado, foram duras. Infelizmente tive um contacto na primeira corrida que me atirou contra as proteções e pensei que o fim de semana tinha acabado, mas a equipa fez um excelente trabalho para colocar o carro de novo em pista em pouco tempo, por isso estou impressionado e quero agradecer-lhes por isso. A segunda corrida não foi má, boa largada de novo, mas fui empurrado para fora de pista numa manobra de um adversário. Não há ultrapassagens fáceis nesta pista e para as conseguir temos que ser agressivos e ele foi, mas isso custou-me três lugares. Depois disso fiquei preso atrás do Luca Engstler, que era mais lento, mas que não cometeu erros que permitissem ultrapassagens.

As sensações no carro foram boas, mas não conseguimos os pontos que queríamos. No geral é uma pena, mas devo dizer que estou bem impressionado com a pista, que acabou por ser melhor do que o esperado e mesmo nas corridas, apesar das dificuldades nas ultrapassagens, creio que tivemos um bom espetáculo. Vamos para Adria, outra pista pequena de estreia e veremos o que podemos fazer. “

Corrida 1
1 22 Frédéric Vervisch Audi RS 3 LMS 20 voltas
2 11 Thed Björk Lynk & Co 03 TCR + 1.069 seg.
3 3 Gabriele Tarquini Hyundai Elantra N TCR + 5.045 seg.
Corrida 2
1 69 Jean-Karl Vernay Hyundai Elantra N TCR 22 voltas
2 100 Yvan Muller Lynk & Co 03 TCR + 1.531 seg.
3 12 Santiago Urrutia Lynk & Co 03 TCR 2.457 seg.
12 18 Tiago Monteiro Honda Civic TCR 11.701 seg.
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