WEC/Spa: Albuquerque brilha e Toyota faz o costume
O mundial de endurance regressou às pistas e o palco foi um dos mais desejados do ano. Spa- Francorchamps, que costuma ser o ensaio geral para as 24h de Le Mans, recebeu as máquinas do WEC e apesar da longa pausa as tendências mantiveram-se… Toyota dominante e portugueses na frente.
Após seis meses de interrupção devido à pandemia da Covid-19, tudo ainda estava ainda em aberto em cada uma das quatro categorias. As adaptações motivadas pela pandemia alteraram profundamente o aspecto do calendário do WEC e a temporada 8, que deveria ter terminado em junho com a 88ª edição das 24 Horas de Le Mans, terminará em novembro no Bahrein. Como resultado, a época 2021 retomará um ritmo de corridas ao longo de um ano civil, como foi o caso entre 2012 e 2017. Para esta prova tivemos 30 carros divididos por quatro categorias: Quatro LMP1, dez LMP2, seis LMGTE Pro e dez LMGTE AM. Para as cores portuguesas o destaque óbvio ia para Filipe Albuquerque, que vinha de uma excelente vitória nas 4h de Spa para o ELMS, assim como para o campeão de Fórmula E António Félix da Costa, sem tempo ainda para festejar convenientemente um dos maiores feitos da sua carreira. Ambos estavam na luta pelo topo da tabela em LMP2.
Rebellion começou a todo o gás
Os treinos livres deram-nos a impressão que os não híbridos poderiam ter uma hipótese de discutir o resultado. O #1 da Rebellion (Bruno Senna, Gustavo Menezes, Norman Nato) liderou as três sessões de treinos, sendo que na primeira teve por perto o #4 da ByKolles (Tom Dillmann, Bruno Spengler, Oliver Webb), que foi até Spa preparar as 24h de Le Mans. Os Toyota estavam ainda longe nesta fase, ainda a encontrarem solução para os pesados handicaps aplicados para esta ronda. Se no primeiro treino a distância do Rebellion para os Toyota era de mais de um segundo, o cenário mudou no treino seguinte com os tempos a baixarem e as diferenças a diminuírem consideravelmente com os Toyota a ficarem a pouco mais de 0,5 seg. do #1, com o Bykolles já numa “liga abaixo”, cenário que se manteve no último apronto antes da qualificação.
Bem mais animada era a classe LMP2, com quatro equipas a evidenciarem-se nos treinos. A Racing Team Nederland, RTN, (Frits Van Eerd, Giedo Van Der Garde, Job Van Uitert) , a JOTA (Roberto Gonzalez, António Félix Da Costa, Anthony Davidson) , a United Autosports (Phil Hanson, Filipe Albuquerque, Paul Di Resta) e a Signatech Alpine (Thomas Laurent, André Negrão, Pierre Ragues) pareciam ser as mais fortes embora a Cool Racing (Nicolas Lapierre, Antonin Borga, Alexandre Coigny) também se pudessem encaixar neste lote.
Nos LMGTE a Aston Martin assumiu o domínio das operações no segundo treino, sendo que no primeiro a Porsche parecia mais forte. No terceiro treino a Porsche voltou a evidenciar-se com a Ferrari a aproximar-se. Já nos LMGTE AM a tendência parecia inclinar-se para os Ferrari da AF Corse que surgiram de forma consistente na frente da tabela, acompanhados pelos Porsche da Team Project 1.
Qualificação com portugueses em destaque
Depois de ter dominado as sessões de treinos livres, o Rebellion #1 conquistou a pole position. O #1 fez a volta mais rápida em 1:59.577s, ficando na frente do #8 da Toyota (Sébastien Buemi, Kazuki Nakajima, Brendon Hartley), que ficou a 0.840s. O Toyota #7 (Mike Conway, Kamui Kobayashi, Jose Maria Lopez) ficou a mais de um segundo e o ByKolles a mais de dois segundos da referência.
Nos LMP2, os portugueses estiveram em destaque. O #22 da United Autosports foi o mais rápido (2:02.148s), ficando na frente do #38 da Jota. Nos LMGTE Pro, o #92 Porsche 911 RSR de Michael Christensen e Kevin Estre foi o mais rápido com um tempo de 2:14.207. Nos LMGTE Am, o #77 Porsche 911 RSR de Christian Reed, Riccardo Pera e Matt Campbell foi o mais rápido, com um tempo de 2:16.519s.
Toyota na frente… como habitualmente
A corrida começou com muita chuva e não foi preciso mais do que uma curva para o Rebellion ser passado pelos dois Toyota, que foram para a frente da corrida e não mais a largaram. A diferença entre os Toyota fez-se quando o carro nº 8 teve um problema com um sistema que se ligava automaticamente e colocava o carro em “modo de segurança”, o que afectou Buemi na primeira hora. Após o primeiro dos três períodos de Safety Car, o #7 surgiu na frente com uma vantagem de cerca de 40 segundos, que nunca mais perdeu até ao fim da corrida. O triunfo à geral foi para o Toyota 050 Hybrid #7, que bateu o carro irmão o TS050 Hybrid #8. O lugar mais baixo do pódio ficou o Rebellion #1, a mais de uma volta dos vencedores. Fizeram a pole, mas na corrida não tiveram a mais pequena hipótese.
Claramente as melhores lutas ficaram guardadas para as restantes classes com destaque para os LMP2 onde a luta foi renhida, mas no final sorriu às cores portuguesas com Filipe Albuquerque a vencer com os seus companheiros de equipa. O ritmo talvez não tenha sido o mais forte em pista, com a Racing Team Nederland (em especial Geido Van der Garde) a mostrar grande andamento, tal como a Signatech Alpine, mas a qualidade na gestão da prova e dos artistas do #22 ditaram a quinta vitória consecutiva para a United (juntando WEC e ELMS). A Cool Racing com uma prova discreta mas sempre em crescendo, aproveitando a qualidade de Nicolas Lapierre, lucrou também com o incidente entre o carro da RTN e da Signatech, quando Van Eerd não viu Thomas Laurent nos espelhos e atirou o piloto francês para fora de pista acabando de forma violenta com a sua prova, sem consequências para o piloto. Apesar deste contratempo a RTN acabou em terceiro, à frente da JOTA de Félix da Costa que terminou em quarto lugar.
Kevin Estre e Michael Christensen conquistaram sua primeira vitória da temporada na LMGTE Pro no seu Porsche #92 depois de terminarem em segundo lugar em quatro ocasiões anteriores. Estre ultrapassou o Aston Martin #97 de Maxime Martin na última meia hora de corrida . O Martin, que dividiu o Aston Martin com Alex Lynn, ficou atrás do carro irmão de Marco Sorensen e Nicki Thiim.
Na GTE-Am, o Ferrari da AF Corse de Nicklas Nielsen, François Perrodo e Emmanuel Collard reforçou as suas esperanças na conquista do título, com uma segunda vitória na campanha, depois de baterem por pouco Matt Campbell, no Porsche Dempsey-Proton Racing #77. Charlie Eastwood, Salih Yoluc e Jonny Adam, da TF Sport, completaram o pódio da classe no seu Aston Martin, colocando três marcas diferentes entre os três primeiros classificados.
Albuquerque imparável. Félix da Costa na luta
A sair da ‘pole position’ as primeiras horas de corrida foram bastante difíceis devido à chuva que se fez sentir no traçado belga, no entanto Filipe e os seus companheiros de equipa, Phil Hanson e Paul Di Resta trilharam o melhor caminho para levar o Oreca #22 da United Autosports ao lugar mais alto do pódio: “Muito feliz por esta segunda vitória consecutiva em Spa e por atingirmos o objetivo proposto de aumentar a vantagem na liderança do Campeonato. Fizemos uma corrida perfeita e terminámos exatamente como queríamos. Estamos com uma margem importante para uma corrida tão difícil como Le Mans. Era esse o objetivo.”
Para Félix da Costa, depois de três presenças consecutivas no pódio, desta vez o quarto posto foi o lugar possível (não esquecer que vinha de uma jornada intensa na Fórmula E) mas nada que desanime o nosso campeão que quer continuar a dar luta a Albuquerque. Para já é tempo de festejar o grande feito na Fórmula E e descansar um pouco.
Algarve Pro Racing afetada pela Covid-19
Gabriel Aubry e a equipa da Algarve Pro Racing não participaram na ronda de Spa. O piloto francês testou positivo à COVID-19 e tendo corrido pela Algarve Pro Racing na ronda de Spa do ELMS, o que obrigou à quarentena da equipa, impedindo assim a sua participação.
Classificação LMP1
1 M. Conway / K. Kobayashi / J. Lopez Toyota TS050-Hybrid LMP1 143
2 S. Buemi / K. Nakajima / B. Hartley Toyota TS050-Hybrid LMP1 +34,170 Seg.
3 B. Senna / G. Menezes / N. Nato Rebellion R13-Gibson +1 Volta
4 T. Dillmann / B. Spengler / O. Webb Enso Clm P1/01 LMP1 +16 Voltas
Classificação LMP2
1 P. Hanson / F. Albuquerque / P. Di Resta Oreca 07-Gibson 140 Voltas
2 N. Lapierre / A. Borga / A. Coigny Oreca 07-Gibson +1 Volta
3 F. Van Eerd / G. Van Der Garde / J. Van Uitert Oreca 07-Gibson +1 Volta
4 R. Gonzalez / A. Da Costa / A. Davidson Oreca 07-Gibson +1 Volta
Classificação LMGTE Pro
1 M. Christensen / K. Estre Porsche 911 RSR – 19 135 Voltas
2 M. Sørensen / N. Thiim Aston Martin Vantage AMR + 5.623
3 A. Lynn / M. Martin Aston Martin Vantage Am + 35.117
Classificação LMGTE Am
1 F. Perrodo / E. Collard / N. Nielsen Ferrari 488 GTE Evo 134 Voltas
2 C. Ried / R. Pera / M. Campbell Porsche 911 RSR +56,151 Seg.
3 S. Yoluc / C. Eastwood / J. Adam Aston Martin Vantage Amr +1 Volta