WEC: O impacto da chegada do Ferrari LMH

Por a 31 Março 2021 12:44

O anúncio oficial de que a Ferrari vai construir um Le Mans Hypercar (LMH) para tentar voltar a vencer as 24 Horas de Le Mans, cinquenta anos depois da última ofensiva da casa de Maranello, caiu com estrondo no pequeno mundo das corridas de resistência. Todos os intervenientes sabem que a chegada da Ferrari à categoria rainha das corridas de resistência vai ter um impacto em larga escala, como provavelmente nunca até aqui observado.

Peso da marca

Segundo o Brand Strength Index (BSI), mesmo em tempo de pandemia, a Ferrari foi em 2020 a segunda marca mais valiosa. O peso da marca Ferrari vai muito para além do mundo das corridas e colocará o FIA WEC e as 24 Horas de Le Mans num patamar muito mais elevado. A audiência será expectavelmente maior, aumentando assim o retorno do investimento. Não só para o campeonato e para a clássica francesa, mas também para todos aqueles envolvidos.

Novo propósito

Só pelo nome que a Ferrari traz consigo, o valor da vitória final será ainda mais elevado (ndr: a edição de 2023 será a edição do centenário das 24 Horas de Le Mans). Por isso mesmo, esta decisão do construtor italiano poderá incentivar a que os outros “indecisos”, que constam ser cerca de meia dezena, arrisquem juntar-se a uma festa que começa já a ter muitos protagonistas – Acura, Audi, Ferrari, Peugeot, Porsche e Toyota.

Mais política

A Ferrari não é conhecida por se poupar a esforços dentro… e fora da pista. Uma classe que engloba cinco tipos de viaturas diferentes, que são equilibradas através de um equilíbrio de performance (BoP), é na teoria propícia a influências exteriores. Apesar do BoP do FIA WEC não ter influência humana, a verdade é que haverá, como há em qualquer outra disciplina, uma série de outras possibilidades para jogos de bastidores. Ainda para mais quando a grande rival da Ferrari, a Porsche, vai apostar numa viatura com um conceito totalmente diferente (LMDh).

Desbloquear a IMSA

Se até aqui os organizadores da IMSA Sportscar Championship não viam com grande interesse a aceitação dos outros LMH no seu campeonato, com a chegada da Ferrari a situação deverá mudar esta atitude. Os organizadores norte-americanos, muito mais sensíveis às questões comerciais que os seus homólogos europeus, não quererão deixar uma marca como a Ferrari à porta do seu espectáculo. Não seria de estranhar que o IMSA Sportscar Championship mantivesse a sua classe rainha em 2023 apenas para os LMDh, para depois abri-la aos outros LMH.

Adeus GTE

Com um envolvimento oficial na categoria rainha das provas de resistência, deixa de fazer sentido para a marca italiana continuar oficialmente representada na categoria GTE-Pro. Aliás, toda a categoria GTE, agora com apenas quatro construtores envolvidos, começa a deixar de fazer sentido. Existe cada vez mais pressão para o ACO abraçar a regulamentação FIA GT3 a partir de 2023. Tanto a Ferrari, como a Porsche e a Aston Martin, têm carros da categoria e esta é a categoria dos GT no Asian Le Mans Series e na Le Mans Cup. O IMSA Sportscar Championship irá trocar os GTE pelos GT3 na categoria PRO já em 2022.

Perguntas por responder

No momento que este artigo foi publicado, poucos, ou nenhuns detalhes, são conhecidos sobre como será colocado no terreno todo o projecto. Irá a Ferrari construir um hipercarro apenas para as corridas ou vai aproveitar a base de algum actual ou futuro modelo de estrada? Será um duas ou quatro rodas motrizes? São esperadas algumas caras conhecidas das corridas de endurance envolvidas neste projecto, mas não a Michelotto. A estrutura que será responsável pelo projecto do Hypercar de Maranello será a própria Competizione GT. Matteo Binotto garantiu que não estará envolvido directamente, mas que a estrutura de Fórmula 1 poderá partilhar informação com o programa de Le Mans. Haverá espaço para qualquer componente comercial ou competição-cliente? E os dois pilotos da Scuderia Ferrari? Charles Leclerc e Carlos Sainz, embora este último só tenha contrato até 2022, mostraram interesse em guiar o novo LMH, mas terão eles reais hipóteses de ser chamados ao volante quando for a contar? A estas perguntas só tempo irá responder.

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