WEC: Corrida de campeões

Por a 16 Novembro 2020 11:15

Está encerrada a época do 2020 do Mundial de Endurance. O Bahrein foi o palco da última prova do ano, onde foram entregues os troféus aos campeões. Para as cores portuguesas foi um excelente fim de semana.

As derradeiras oito horas de competição de 2020 tinham uma lista de inscritos modesta, com 24 carros em prova, dos quais dois LMP1 (apenas os Toyota estiveram presentes), seis LMP2, seis LMGTE Pro e dez LMGTE Am. A representação lusa era de luxo com o virtual campeão em LMP 2, Filipe Albuquerque, a viajar até ao Bahrein para confirmar o título, António Félix da Costa que procurava o vice- campeonato e o regresso de Pedro Lamy ao volante do Aston Martin #98.

LMP1 – Título entregue e… pouco mais

A história em LMP1 teve pouco sumo. Se no início do ano já se esperava que o domínio da Toyota fosse evidente, mesmo com o sistema de handicap, a última corrida do TS050 merecia outro quorum, com as equipas privadas a não comparecerem à última do ano. O carro #7 (Mike Conway, Kamui Kobayashi, José Maria Lopez) era o favorito para levar o título devido aos handicaps que iriam prejudicar o #8 (Sébastien Buemi, Kazuki Nakajima, Brendon Hartley), que chegava na liderança da classificação. Se a tendência na qualificação mostrava que o #7 estava bem encaminhado para a conquista do título, a qualificação confirmou os intentos com Conway e Lopez a fazerem a pole (1:40.747 ). Conway, Lopez e Kobayashi aproveitaram ao máximo a vantagem na performance e não cometeram erros no caminho para sua quarta vitória da época, que anulou uma desvantagem de seis pontos para o #8 e deu assim o título à tripulação do #7.

Kobayashi viu a bandeira de xadrez com mais de um minuto de distância de Nakajima no último ato desta regulamentação LMP1, que será substituída pela nova classe Hypercar do WEC na próxima temporada. Um final pouco entusiasmante para uma era que nos deu grandes carros e grandes corridas. No entanto justiça seja feita aos vencedores pelo titulo conquistado.

LMP2 – Dobradinha lusa

Nos LMP2 as contas estavam quase feitas, mas faltava descobrir quem seria o vice-campeão. Nos treinos, o #29 da Racing Team Nederland (Frits Van Eerd, Giedo Van Der Garde, Nyck de Vries) destacaram-se, mas na qualificação foi novamente o #22 a dar cartas. Phil Hanson e Paul di Resta assinaram o melhor tempo (1:47.440 ) ficando à frente do #37 Jackie Chan DC Racing (Ho-Pin Tung, Gabriel Aubry, Will Stevens) e do #36 da Signtec ( Thomas Laurent, André Negrão, Pierre Ragues ). O #38 da JOTA (Roberto Gonzalez, António Félix Da Costa, Anthony Davidson) ficou-se pelo quarto lugar, mas ainda permitia a Félix da Costa sonhar.

A primeira hora da corrida teve o #22 na frente, mas a luta com o #37 e o #38 seria intensa. Phil Hanson fez um pião ainda antes do meio da prova, mas Albuquerque tratou de compensar o erro do companheiro. No entanto a vitória ficaria longe com mais problemas a afetarem o carro do piloto luso. O duelo final em LMP 2 estava reservado para Félix da Costa e Aubry. O português ficou na liderança da prova no final da última sequência de paragens mas teria dificuldades em segurar os intentos do francês, que parou mais tarde. Da Costa fez de tudo para assegurar a vitória mas um ataque final irresistível obrigou o piloto luso a contentar-se com a segunda posição, à frente do #29 da Team Nederland.

LMGTE – Aston Martin fecha ano com título de pilotos, Porsche domina

O título por equipa estava assegurado, faltava apenas assegurar o título de pilotos. O #95 (Marco Sørensen, Nicki Thiim) precisou apenas de terminar em quinto para fazer a festa, Mas tripulação do Porsche #92 (Michael Christensen, Kevin Estre) campeã em título quis despedir-se do ceptro em grande e dominou o fim de semana, conquistando a pole (1:56.236) e assegurando a vitória à classe, seguidos dos seus colegas de equipa do #91. Os Aston Martin inicialmente pareciam poder desafiar os Porsche pela vitória da corrida, mas ambos os carros precisaram de mudanças de travões que os deixaram fora da disputa. Assim o último lugar do pódio foi para o Ferrari #51 (James Calado, Daniel Serra).

A vitória da corrida GTE-Am foi para o Porsche #56 (Larry ten Voorde, Joerg Bergmeister, Egidio Perfetti) do Team Project 1, enquanto o segundo lugar foi suficiente Nicklas Nielsen, François Perrodo e Emmanuel Collard ganharem o título, no Ferrari #83 da AF Corse. No regresso à competição, Pedro Lamy teve de se contentar com o nono lugar final, com problemas nos travões do Aston Martin, depois de terem conquistado a pole (1:57.121 ) no começo promissor que não se materializou.

Pedro Lamy – Travado no seu regressou

Pedro Lamy foi chamado à última hora, depois de um dos pilotos da Aston Martin Racing ter testado positivo ao novo coronavirus. Assim, o piloto português integrou de novo a equipa do carro #98 com os companheiros Ross Gunn e Paul Dalla Lana. Um regresso que parecia promissor, mas que acabou por ficar aquém do esperado devido a problemas no carro.

“O carro estava competitivo e conseguimos conquistar a pole position. A primeira parte da prova estava a correr bem e sentíamo-nos confiantes para alcançar um bom resultado. Mas, infelizmente, o carro teve um problema com os travões e fomos impedidos de alcançar uma boa classificação” explicou o piloto português. “Apesar do resultado, senti que estava competitivo e gostei de ter voltado à minha equipa de tantos anos para participar nesta prova do Bahrain.”

António Félix da Costa vice-campeão

Depois do título na Fórmula E, o vice-campeonato no WEC. Um ano de ouro para Félix da Costa que vai de sucesso em sucesso. O piloto luso ao volante do carro da JOTA foi 2º classificado nas 8 horas do Bahrain, garantindo o vice campeonato em LMP2.

“Hoje mostrámos uma vez mais todo o potencial que temos enquanto equipa. Penso que fizemos uma corrida muito perto de ser perfeita, sem erros, sempre com bom ritmo. No meu último turno de condução ataquei ao máximo para chegar à liderança e consegui, fazendo a volta mais rápida da corrida, mas já nas voltas finais senti muitos problemas de desgaste nos pneus e perdi a vitória mesmo nos minutos finais. É um sentimento agridoce porque queríamos terminar a época com uma vitória, mas este 2º lugar não deixa de ser um ótimo resultado, numa dobradinha da JOTA na LMP2. Além do mais com este resultado sagramo-nos vice campeões mundiais por equipas na LMP2, o que pessoalmente para mim significa muito no meu ano de estreia nesta categoria. Agradeço à equipa o excelente trabalho e espero voltar em 2021 para a lutar pelo título. Quero ainda dar os parabéns ao Filipe pelo título, que não sendo nosso, fica muito bem entregue, foram uns justos campeões!”

Filipe Albuquerque: Campeão de excelência

As contas já estavam feitas e só faltava a confirmação. O título mundial de resistência em LMP2 vem para Portugal. Depois de Le Mans e do ELMS, Filipe Albuquerque soma assim mais um fantástico sucesso. O quarto lugar conseguido na corrida de hoje foi suficiente para atingirem todos os objetivos e fazerem história.

“Agora é que posso dizer que sou Campeão do Mundo e é uma sensação tão boa, tão única! Estou muito feliz com este desfecho depois de um ano complicado para o mundo e complicado para mim em termos pessoais. Estou muito grato à equipa pelo trabalho excecional ao longo do ano, aos meus companheiros de equipa pela garra e profissionalismo, à minha família pelo apoio incondicional e a todos aqueles, que nos bastidores, trabalham diariamente para que tudo isto seja possível. Estou muito feliz e espero que os portugueses também sintam este título como deles. Queríamos ganhar e tínhamos andamento para isso, estivemos muito tempo na frente, mas ficámos sem gasolina num dos ‘pit-stops’ e perdemos cerca de 30 segundos. Não vencemos a corrida mas vencemos o Campeonato e isso supera qualquer percalço. Acaba o ano desportivo, talvez o melhor da minha carreira, e já só penso no que aí vem, rematou o piloto português feliz pelo ano ímpar que teve.

Classificação final AQUI

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