WEC: BoP leva a “lei da rolha”
Que o BoP é um tema sensível e que é falado demasiadas vezes é um facto que todos os amantes de desporto motorizado já tinha enfrentado. Mas com a chegada da nova era do Endurance, chega uma nova postura, aparentemente pouco saudável e que poderá provocar desagrado.
A nova era do endurance é ambiciosa. Em pista estarão dois regulamentos diferentes, e num desses regulamentos podemos ter protótipos híbridos, não híbridos, de duas ou quatro rodas motrizes. Assim, tentar equivaler as performances de máquinas tão diferentes não será tarefa fácil. É, no entanto, imperioso que o BoP seja feito com ponderação, pois é a peça da engrenagem que permitirá que esta era seja um sucesso ou apenas mais uma tentativa fugaz.
Alex Wurz, com quem falamos no ano passado quando o WEC visitou Portimão, referiu nessa entrevista que esse era um ponto fulcral para o sucesso a médio prazo da competição. Recordemos as suas palavras:
“Se falharmos na convergência [entre LMDh e LMH] e começarmos com lutas, levando a que as marcas possam dar um passo atrás, aí falhamos como diretores e como pessoas que trabalham em prol do desporto. Creio que vai ser difícil, muito difícil, mas tem de haver uma forma de o fazer. Há trabalho de casa para fazer, nada surge de forma perfeita instantaneamente, por isso temos tempo para nos ajustar, mas se conseguirmos encontrar a base certa, os Sportscar têm um futuro fantástico pela frente e espero que todos se lembrem disso.
Espero que consigamos ter essa base, porque temos a tecnologia e pessoas inteligentes a tratar dessas regras e podemos calcular a performance de forma razoável, por isso as diferenças devem ser poucas inicialmente e deveremos ter bons campeonatos desde o arranque, mas só se todos estiverem em sintonia. O campeonato vai crescer mediante as decisões dos responsáveis. Na mesa das negociações vamos ter o foco na performance, mas também teremos lutas de egos e é por isso que apelo a todos para colocarem o desporto em primeiro lugar e assim teremos uma boa plataforma. Depois, sim, lutamos em pista. Se conseguirmos atingir isto, os fãs vão adorar e se conseguirmos um bom compromisso logo no início será entusiasmante para todos.”
Ora a regulamentação aprovada surpreendeu, pois é imposta uma espécie de lei da rolha. No regulamento pode ler-se que “os fabricantes, concorrentes, pilotos e todas as pessoas ou entidades associadas às suas empresas [que competem nos Hypercars], não devem procurar influenciar o estabelecimento do BOP ou comentar o seu resultado, incluindo através de declarações públicas, nos meios de comunicação e nas redes sociais.” Qualquer violação destes princípios será sancionada pelos comissários em qualquer altura durante a competição, inclusive após a corrida.
Significa na prática que estão todos proibidos de falar publicamente do BoP. Não parece uma solução saudável. É certo que já vimos campeonatos que sentiram dificuldades com o BoP, com as marcas a fazerem jogos políticos (usando os media) para pressionar, algo que vimos com frequência no WTCR (agora morto). No WEC, a discussão do BoP foi também constante, como deve ser, pois é um elemento diferenciador e que influência os resultados, mas não terá sido tão tóxica como vimos noutros campeonatos. Agora, as equipas ficam proibidas de dizerem o que querem sobre o BoP. Uma solução radical e que não deverá encontrar muito adeptos.
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Sinceramente não me parece nada preocupante desde que os diversos construtores e equipas possam falar com a FIA e organizadores do campeonato. Não deve ser na praça pública que se devem discutir essas questões mas sim nos gabinetes técnicos. Este campeonato promete imenso e poderá dar corridas extraordinárias, principalmente quem gosta de corridas estratégicas