WEC – Alpine foi mais forte nos ressaltos de Sebring

Por a 21 Março 2022 16:50

A primeira ronda do campeonato do mundo de resistência da FIA trouxe algumas estreias. A Alpine estreou-se a vencer à geral e a Glickenhaus estreou-se no pódio, com um terceiro lugar. Do lado da Toyota, um fim de semana complicado deu “apenas” um segundo lugar para o carro #8.

Desde o arranque das hostilidades em Sebring, solo sagrado para os amantes das corridas de longa duração, que se percebeu que não seria o habitual passeio para a Toyota. O BoP penalizador para as máquinas nipónicas teve um efeito exacerbado com as exigências da pista de Sebring. Os famosos ressaltos não são tidos em conta nas simulações do BoP, usado para equilibrar andamentos entre as diferentes máquinas, e a Toyota desde os primeiros treinos que entendeu que este fim de semana seria duro. Mais ainda, o sistema híbrido do eixo dianteiro do carro só pôde ser usado a partir dos 190km/h após uma alteração das regras para 2022. Anteriormente, o sistema híbrido começava a dar potência às rodas da frente a partir dos 120 km/h, mas essa regra mudou e agora a velocidade a que o sistema pode começar a fornecer energia é determinada pelo BoP. O peso mínimo para o GR010 foi de 1,070kg (30 kg a mais do que na última corrida da época passada) e a energia disponível por stint foi reduzida para 898 MJ (megajoules). O Glickenhaus também foi afectado, uma vez que passou de 965 MJ por stint para 910, para um peso de ainda 1.030 kg. Quanto ao A480 da Alpine, o seu peso mínimo foi de 952 kg, mas a potência do seu motor Gibson foi reduzida, assim como a quantidade de combustível que pode transportar por cada stint. No entanto, o equilíbrio de força mudou em Sebring e os ressaltos provocaram uma cambalhota no resultado final.

Nos treinos vimos a Alpine (A. Negrão / N. Lapierre / M. Vaxiviere) e a Glickenhaus (O. Pla / R. Dumas / R. Briscoe), revezando-se no topo da tabela de tempos e na qualificação o Alpine A480 – Gibson conseguiu a pole (1:47.407) com uma diferença clara de mais de 1.3 seg. para o Glickenhaus 007 LMH, graças a uma excelente volta de Nicolas Lapierre. A Toyota parecia resignada ao seu destino para a corrida e as previsões confirmaram-se, com os japoneses a ficarem a 2 segundos da pole.

A Alpine largou da frente e dominou a corrida sem grandes problemas, mesmo com stints mais curtos. Foi na primeira paragem, que não correu bem à Glickenhaus, que a Toyota se conseguiu aproximar do Alpine, mas o ritmo dos franceses era demasiado forte para que os nipónicos conseguissem dar resposta. Se o fim de semana já estava a ser mau para a Toyota, piorou drasticamente, com o violento acidente de José Maria Lopez no carro #7 (M. Conway / K. Kobayashi / J. Lopez) . Numa dobragem a um GT, Lopez não conseguiu evitar um toque e foi parar às barreiras, danificando a frente do seu GR010. O argentino tentou regressar às boxes, mas os danos na frente eram tais que motivaram uma saída de pista ainda mais violenta, com o argentino a ficar sem direção nem travões. Foi a primeira bandeira vermelha da prova.

Esta interrupção mudou a face da prova, mas a Alpine manteve-se sempre na frente, com o Toyota #8 (S. Buemi / B. Hartley / R. Hirakawa) a colocar-se em segundo lugar, aproveitando o Drive-Through aplicado a Ryan Briscoe da Glickenhaus, por ter ultrapassado indevidamente, durante a bandeira vermelha. O top três estava assim encontrado numa prova que foi terminada mais cedo. As trovoadas que se aproximaram da zona da corrida motivaram o fim antecipado da prova. Tivemos uma primeira interrupção, seguida de uma tentativa de terminar a corrida, sem sucesso. A Alpine ganhou a primeira corrida do ano, seguida da Toyota e a Glickenhaus provou pela primeira vez o sabor do Champanhe.

LMP2 – Ganhou a United mas não o carro que queríamos

Em LMP2, a pole foi para a AF Corse (F. Perrodo / N. Nielsen / A. Rovera) com o tempo de 1:49.014 (à frente dos Toyota), um bom começo para a equipa italiana nos LMP2, mas foi o #23 da United Autosport de Paul Di Resta, Oliver Jarvis e Joshua Pierson a vencer de forma relativamente confortável. A WRT, a PREMA e o carro #22 de Filipe Albuquerque pareceram estar na luta pela vitória. Com Filipe Albuquerque ao volante, o #22 (P. Hanson / F. Albuquerque / W. Owen) andou sempre na frente e com Phill Hanson tudo parecia bem encaminhado, mas Will Owen sentiu dificuldades na condução (demasiado desgaste nos pneus) e as bandeiras vermelhas complicaram ainda mais a tarefa do português. Também para António Félix da Costa no #38 (R. Gonzalez / A. Da Costa / W. Stevens) da JOTA as coisas não correram como desejava. Largando da oitava posição, a tripulação do #38 lutou muito no meio do pelotão e tentou recuperar na segunda metade da corrida, mas o melhor que conseguiram foi o sexto lugar nos LMP2. Quanto à Algarve Pro Racing, no Oreca #45 (S. Thomas / J. Allen / R. Binder) conseguiu um pódio nos Pro Am. Rui Andrade da Realteam by WRT (R. Andrade / F. Habsburg / N. Nato) conseguiu um excelente terceiro lugar, dando continuidade à boa evolução nas corridas de endurance.

LMGTE Pro – Porsche vs Corvette, com vantagem para os germânicos

Nos LMGTE Pro, a Porsche parecia ter vantagem face à concorrência, olhando ao que foi fazendo nos treinos e na qualificação (pole para o #92 com o tempo de 1:57.233), onde parecia claramente à frente da concorrência. Mas na corrida, o Corvette #64 mostrou-se e a luta aqueceu, especialmente depois dos Porsche terem sido penalizados por infrações no procedimento de largada. O Corvette instalou-se na frente, mas os carros germânicos foram-se aproximando, dando-nos uma excelente luta nas partes finais da corrida. No final, Kevin Estre e Michael Christensen venceram a primeira corrida GTE-Pro da época no Porsche 911 RSR-19 #92, derrotando Nick Tandy e Tommy Milner da Corvette Racing. Gianmaria Bruni e Richard Lietz terminaram em terceiro lugar no Porsche #91.

Em LMGTE Am,foi o Aston Martin da TF Sport a fazer a pole (1:59.204) mas foi o Aston Martin da NorthWest AMR a dominar a classe GTE-Am desde o ponto em que Paul Dalla Lana ultrapassou Ben Keating da TF Sport na Curva 1 logo após os primeiros 10 minutos de corrida. Dalla Lana, David Pittard e Nicki Thiim, campeão mundial de 2019-20, controlaram a corrida na frente até verem a bandeiras de xadrez. Keating, Marco Sorensen e Florian Latorre ficaram em segundo lugar no Aston Martin da TF Sport, enquanto os pilotos da Team Project 1, Brendan Iribe, Ben Barnicoat e Ollie Millroy (Porsche) completaram o pódio.

Josh Pierson é o mais jovem vencedor

Lembram-se do que faziam quando tinham 16 anos? Josh Pierson, com esta idade tratou de vencer a sua primeira corrida no WEC, na categoria LMP2. Com 16 anos, 1 mês e 4 dias de idade na sexta-feira, Pierson subiu ao pódio com Paul di Resta e Oliver Jarvis.

“É muito importante”, disse Pierson à Sportscar365. “Para mim significa muito. A equipa fez um trabalho fantástico. Paul entregou-me o carro e quando ele estava numa boa fase na corrida. Oliver fez o seu trabalho. No geral, penso que fizemos um trabalho fantástico como equipa. Tínhamos um carro fantástico e eu não posso estar mais feliz com a forma como as coisas correram”.

“Do nosso lado, foi uma grande corrida”, disse Pierson. “Paul entregou-me o carro em segundo lugar e a partir daí mantivemo-nos fiéis à estratégia que tínhamos em mente, que era um triplo stint. Foi bastante difícil, especialmente na fase final do último stint com os pneus usados. Senti que estávamos com dificuldades no eixo da frente. Mas no geral o carro estava muito bom e os pneus aguentaram-se durante todo o stint, o que foi ótimo. Do meu lado, penso que é uma ótima maneira de começar o ano e estou realmente ansioso por Spa”.

“A bandeira vermelha teve uma enorme influência na corrida”, disse Jarvis. “Até à primeira bandeira vermelha, construímos uma liderança razoável. Estávamos numa excelente posição. Havia provavelmente apenas dois ou três carros que cabiam em 30 segundos. A bandeira vermelha trouxe os JOTAs e os WRTs de volta ao jogo. Tornou o resto da corrida muito mais difícil. Paul e Josh fizeram um trabalho espantoso durante todo o fim-de-semana. Quanto ao Josh, chegar aqui – com 16 anos de idade – e lidar com a pressão da forma como o fez é espantoso. Não só isso, mas para mostrar a velocidade que ele tem foi realmente impressionante”.

Nicolas Lapierre: “Tivemos Uma corrida forte, sem erros”

Nicolas Lapierre estava satisfeito no final da corrida em Sebring, com a primeira vitória da Alpine à geral, no WEC. Uma corrida que pareceu fácil mas que exigiu muito dos pilotos que tiveram de forçar o andamento durante a corrida toda para conseguir o tempo suficiente para a paragem extra que precisam por ter um tanque de combustível mais pequeno que a concorrência. Lapierre elogiou a equipa afirmando que foi uma corrida sem erros:

“Forçamos a corrida inteira”, disse Lapierre à Sportscar365. “Tivemos de abrir uma diferença de um minuto para fazer esta paragem nas boxes no final. Sabíamos que tínhamos de fazer mais uma paragem, pelo que tínhamos de forçar para termos vantagem para isso. Estávamos a 1 minuto e 15 [segundos] antes da bandeira vermelha e não haveria problema em fazer a paragem extra nas boxes. Mas não foi tão fácil como parece. Tivemos uma corrida muito boa. Foi uma corrida limpa para nós. Não foi fácil, mas fizemos um trabalho muito bom em termos de ritmo, estratégia”.

Lapierre disse que a Alpine esperava que a Toyota estivesse mais próxima em ritmo da corrida, o que acabou por não se materializar.

“Foi um pouco mais próximo do que a qualificação, mas ficamos surpreendidos”, disse ele. “O Glickenhaus também foi lento no início, mas no final colocaram bons tempos por volta. Estavam quase a igualar o nosso ritmo. Para ser honesto, ficámos um pouco surpreendidos porque a diferença para a Toyota foi bastante grande. Fizeram muitos testes este Inverno e mudaram os pneus, pelo que esperávamos que fossem mais rápidos. Esta é uma pista muito especial. Vamos ver onde eles estão quando formos a Spa. É bom para nós estarmos mais perto deles. Obviamente, precisamos desta vantagem na pista se quisermos ganhar. Temos de fazer uma paragem extra nas boxes. Pelo menos foi mais interessante para nós do que no ano passado, porque no ano passado não tínhamos ritmo, não tínhamos o alcance. Pelo menos agora temos um bom ritmo e foi ótimo para nós lutar na frente”.

“Sebring vale muitos pontos”, disse ele. “São 38 [para a vitória], pelo que é bastante. Vamos corrida a corrida. Sabemos que noutras pistas não teremos esta vantagem, por isso vai ser um pouco diferente. Mas é bom conseguir a primeira vitória na primeira corrida. Tivemos uma corrida forte sem erros em termos de estratégia. Portanto, isso é bom para o futuro”.

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