Ferrari mais longe de Le Mans

Por a 7 Fevereiro 2021 16:02

A Ferrari deverá tomar até ao final de fevereiro uma decisão quanto à sua presença com um protótipo em Le Mans nos próximos anos, mas a decisão poderá contrariar os desejos dos homens do ACO.

Com a implementação do teto orçamental na Fórmula 1 este ano, firmado nos 145 milhões de dólares, Mattia Binotto apontou que a marca de Maranello poderia regressar a curto trecho à luta pela vitória na clássica francesa ou ingressar pela primeira vez oficialmente na IndyCar, com o intuito de vencer as 500 Milhas de Indianápolis.

A competição norte-americana acabou por ser colocada de lado, dado a Ferrari não poder construir o seu próprio chassis, uma situação que para o construtor transalpino é uma condição inegociável, restando o regresso a Le Mans na classe máxima da prova como opção.

Pela mesma ordem de ideias, um LMDh para vencer a prova de La Sarthe será igualmente uma solução que não agradará aos homens de Maranello, sendo a opção real um Hypercar, que terá de ser criado de raiz, uma vez que partir de um carro de estrada não garante a competitividade necessária.

Esta é uma solução mais cara e mais difícil de rentabilizar através de um programa de venda de carros a clientes, dado que estes serão bastante mais caros que os LMDh, opção tomada pela Porsche e pela Audi, tendo em mente a rentabilização da venda de protótipos a equipas privadas.

Para além disso, depois de ter sido equacionada a alocação de recursos a outras actividades da marca, à luz do tecto orçamental da Fórmula 1, Mattia Binotto e os seus pares mudaram de estratégia, colocando os funcionários em excesso em equipas com quem tem ligações próximas e criando departamentos exteriores à equipa.

Um dos casos mais evidentes é Simone Resta, que deixou a “Scuderia” para rumar à Haas, onde assumirá o papel de director técnico da formação americana.

Para além disso, a Ferrari criou em Maranello um departamento para a equipa de Gene Haas, alocando-lhe diversos técnicos, o que engrossará a capacidade técnica da Haas, que nos próximos anos deverá deixar de recorrer à Dallara para conceber e construir os seus chassis.

Jock Clear, por seu turno, depois de fazer parte do grupo de engenheiros de pista da “Scuderia” desde 2015, este ano assume a liderança da Ferrari Academy, o que demonstra como a equipa de transalpina está espalhar os seus homens por diversos departamentos fora da estrutura de Fórmula 1, mas que não lhe são completamente alheios.

Com esta medida, a cúpula da Ferrari pretende manter os seus recrutas sem lugar na equipa oficial em contacto na Fórmula 1, prosseguindo a sua formação para os poder recuperar quando considerar que estes são uma mais-valia para a “Scuderia na categoria máxima do desporto automóvel.

Sendo assim, será difícil que a mítica marca transalpina possa voltar a Le Mans com um protótipo, continuando a focar todos os seus esforços na Fórmula 1 e em regressar às vitórias. A não ser que Antonello Coletta, o responsável máximo do departamento da Corse Clienti, consiga garantir que poderá edificar um projecto para um Hypercar competitivo maioritariamente financiado por equipas privadas…

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