CRÓNICA: Os dois lados da ‘força’ em Le Mans
As 24 Horas de Le Mans deste ano produziram ‘lenha’ para alimentar lareiras por muito tempo e se as coisas em pista foram o que toda a gente já sabe, com o drama da Toyota perder quase em cima da meta uma corrida que merecia vencer – se é que no desporto motorizado faz algum sentido dizer que este ou aquele merece vencer – o primeiro ponto em que quero tocar é simples. Fiquei a saber que o Toyota #5 não foi sequer classificado, porque existe uma regra que não permite que a última volta se faça de forma lenta “para evitar que alguns esperem pelo primeiro para não ter que fazer mais alguma volta”. Sabendo o que sabemos, isto é adicionar insulto à injúria relativamente ao que se passou com o Toyota #5. Há muito acho que todos os regulamentos desportivos deviam ter uma cláusula denominada “bom senso”. Resolvia muita coisa e não classificar o Toyota #5, quando toda a gente percebeu o que aconteceu e que esse seria apenas uma pequena “palmadinha nas coisas” perante tamanho drama.
Foi mau, mas em Le Mans passaram-se coisas piores. Foi excelente para as 24 horas de Le Mans que 50 anos depois tenha havido nova luta Ford/Ferrari, de que a Ford saiu vitoriosa, mas o que se passou com os protestos mútuos foi mau. Os norte-americanos da Ford protestaram o carro italiano da Risi por não ter a funcionar corretamente as luzes que mostram a posição do carro na classe. A Ferrari protestou a Ford por excesso de velocidade em zona de bandeiras amarelas. Ficou-lhes muito mal a ambas.
Outra questão que ninguém percebeu muito bem é como é que a Ford chega à qualificação de Le Mans e ‘espeta’ quatro segundos em todos os outros. Andou a fazer tempos aquém das capacidades do carro para chegar a Le Mans com um Balance of Performance (BoP) ‘porreiro’. Mas ninguém olhou para a forma como a Ford venceu na IMSA, onde ‘bateu forte’ na Corvette? Todas as equipas andam aquém das capacidades. Escondem o jogo porque querem brilhar em Le Mans, e como se percebe, chegar à qualificação e dar quatro segundos, significa também dizer que “fomos mais espertos que vocês” e isso não é nada bom para quem gosta destas corridas. Os técnicos do WEC reajustaram o BoP para a corrida, mas a verdade é que a Ford não deixou de ter um ritmo de corrida abaixo da Corvette, Porsche e Aston Martin.
Compreendo porque o Balance of Performance (BoP) nasceu, porque ninguém quer que ganhem sempre os mesmos, mas no passado sempre foi assim, e ninguém se queixava. A história do desporto automóvel mostra que quem trabalha melhor colhe os dividendos disso, mas o mundo mudou muito, e hoje em dia tudo é levado em conta. A marca X investe XX milhões para vencer e a marca Y investe dez vezes menos, mas com o BoP ganha a marca Y. Era tudo tão mais simples no passado…
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