Bob Wollek: O ‘outro’ Mister Le Mans
Bob Wollek, o alsaciano, foi sempre um incompreendido a vida toda. Porém, nunca foi homem de baixar os braços. A sua carreira foi longa, começou nos ralis e passou por quase todos os escalões, na promoção, chegando até à F2, nos monolugares. Aqui, venceu mesmo uma prova na equipa de… Ron Dennis (Imola, 1972). A subida à F1, essa, nunca a quis. Optou pelas provas de carros de turismo e de protótipos – onde se tornou um especialista. E onde cristalizou uma obsessão, chamada 24 Horas de Le Mans, prova em que contabilizou 30 participações, quase sempre aos comandos de um Porsche.
Para este natural da cidadezinha de Berstett, nos arredores de Estrasburgo, vencer aquela prova acabou por ser um sonho nunca realizado. Por isso, pela paixão que neste incompleto desiderato colocou, merece ser considerado o verdadeiro Mister Le Mans. Isto, sem ofensa a senhores como Jacky Ickx, Tom Kristensen ou Yannick Dalmas, os mais vitoriosos, ou Henri Pescarolo, o que mais vezes disputou a prova – 33, com quatro triunfos. Até porque o bom do Bob por quatro vezes esteve à beira de conseguir realizar o seu sonho, mas acabando por terminar em 2º lugar! O seu palmarés na prova de La Sarthe inclui, no entanto, três “pole positions”, quatro vitórias na categoria e dois 3º lugares à geral.
Mas Bob Wollek (campeão da Alemanha de Grupo 5 em 1978, 1982 e 1983) era um autêntico homem de resistir. Para lá das 24 Horas de Le Mans, esteve nas 24 horas de Daytona – e aqui, sim, não falhou, vencendo por quatro vezes – 1983, 1985, 1989 e 1991. Foi também a Sebring, ganhando as 12 Horas, em 1985. Aliás, foi na sexta-feira anterior a mais uma edição desta prova na Florida, que a morte marcou encontro com Bob Wollek.
Este pequeno mas compacto homem, que nunca virou as costas ao perigo das elevadas velocidades em pista, acabou por não resistir aos ferimentos provocados por um atropelamento, quando circulava de bicicleta, entre a pista e o hotel onde estava instalado, provocado por um idoso de 82 anos, que seguia ao volante de uma carrinha. Ironias da vida.
Grande piloto. Faz parte daquela categoria de pilotos que por muitas vitórias que tivesse nunca teria o apoio do publico ou da imprensa como outros tiveram vá-se lá saber porquê. As marcas/equipas sabiam bem quem ele era e isso no final era o que importava.
Ironias da vida andar a mais de 380km/h e morrer a andar de bicicleta.
Este artigo é para o Ricardo Grilo.