24h Le Mans: Ferrari venceu a edição centenária
“Veni, vidi, vici”. A Ferrari regressou ao endurance 50 anos depois da últimas participação e conseguiu vencer a edição centenária das 24h de Le Mans. Depois de meio século afastada das corridas de longa duração, a Scuderia regressou a La Sarthe e triunfou numa corrida de loucos, carimbando a 10ª vitória da sua história na mítica prova francesa. O Ferrari #51 de Alessandro Pier Guidi, James Calado e Antonio Giovinazzi fica assim na história e o nome Ferrari volta a gravado a ouro na história de Le Mans. O Toyota #8 de Sebastien Buemi, Brendon Hartley e Ryo Hirakawa deu luta até perto do fim, mas um pequeno erro do jovem Hirakawa acabou com as esperanças dos nipónicos que eram vistos como os grandes favoritos para esta corrida. A fechar o pódio, o Cadillac #2 de Earl Bamber, Alex Lynn e Richard Westbrook mostrou que o LMDh americano tem potencial para andar nos lugares da frente. Uma corrida pautada pela regularidade, com um bom ritmo, apesar de um furo abaixo dos Toyota e dos Ferrari, deu o terceiro e quarto lugar, com o “Caddy” #03 de Sebastien Bourdais, Renger van der Zande e Scott Dixon a ficar às portas do pódio. No top 5 ainda coube o segundo Ferrari, o #50 de Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen. Para as cores portuguesas, foi uma edição para esquecer, apesar do talento dos pilotos lusos ter ficado, mais uma vez, realçado.
Hypercar
Os deuses das corridas juntaram-se para nos dar uma edição memorável das 24h de Le Mans. O centenário foi festejado com uma corrida tremenda, com emoção, drama, grandes lutas e incerteza até perto do final. Tivemos chuva torrencial, sol, muitos incidentes, erros de pilotos experientes, muitas interrupções. Tivemos um pouco de tudo nesta espetacular corrida. Mas nisto dos deuses das corridas, a Ferrari parece ter tratamento especial e a mítica marca italiana acabou por vencer a edição que todos queriam ganhar. Uma prestação sem mácula de um carro que se estreou este ano e que mostrou velocidade e fiabilidade ao nível da Toyota, que desde 2012 que anda nisto das corridas de longa duração. A experiência e a qualidade da Toyota não chegou para vencer a prova que, em teoria, era para eles.
A corrida começou de forma atribulada. As primeiras horas ficaram marcadas por muitos incidentes, bandeiras amarelas e Safety Cars, com a chuva a complicar as contas das equipas. No entanto, seguindo a tendência dos treinos e da qualificação com a Toyota e Ferrari a instalarem-se nos lugares da frente. No entanto, a concorrência não estava longe, com a Porsche, a Peugeot e até os Cadillac sempre por perto.
Para Porsche foi uma corrida ingrata. O Porsche #75 (F. Nasr / M. Jaminet / N. Tandy) apresentava-se no início como um dos carros mais fortes, mas foi também o primeiro a desistir com problemas na pressão de combustível, enquanto o #5 (D. Cameron / M. Christensen / F. Makowiecki) perdeu tempo nas boxes com problemas no arrefecimento do carro. O carro #6 perdeu mais de 40 minutos com uma reparação demorada na 16ª hora de prova. A Porsche queria festejar a 20ª vitória na edição centenária, mas não conseguiu, nem com o esforço da Hertz JOTA, equipa privada que levou o 963 para a pista. António Félix da Costa chegou a liderar a corrida, com um ritmo diabólico, mas uma saída de pista de Yifei Ye acabou com o sonho luso. A Porsche ficava assim arredada das contas pela vitória.
A história da Peugeot também foi feita de alegria e tristeza. Apesar do ritmo inicial ser pouco prometedor, a marca do leão começou a aproximar-se do topo da tabela. A noite parecia estar a trazer boas notícias e o carro #94 (L. Duval / G. Menezes / N. Müller) a liderar a corrida durante algum tempo. Infelizmente, Gustavo Menezes não evitou uma saída na Chicane Daytona, o que motivou um atraso de oito voltas, retirando o carro da luta pela vitória. Também o #93 (P. Di Resta / M. Jensen / J. Vergne) perdeu muito tempo com uma saída de pista de Jean-Éric Vegne, que ficou preso na gravilha em Arnage, o que motivou uma perda de tempo considerável. O sonho do regresso aos triunfos da Peugeot esfumou-se assim na sempre difícil noite de Le Mans.
Quanto aos privados, o Vanwall #4 ( T. Dillmann / E. Guerrieri / T. Vautier) viu a corrida acabar na volta 165 com um problema no motor que levou ao fim da participação da equipa. A Glickenhaus usou da resiliência e teimosia para chegar ao fim e conseguiu, com o sexto e sétimo lugar, em mais uma excelente prestação da pequena equipa que poderá não estar em pista no próximo ano. A equipa enfrentou alguns problemas, mas regressou sempre à pista com o #708 (R. Dumas / R. Briscoe / O. Pla) e #709 (F. Mailleux / N. Berthon / E. Gutierrez) a darem motivos de orgulho para James Cameron, chefe da equipa.
Nas contas da vitória sobraram a Ferrari e a Toyota, com a Cadillac a rondar. Mas apenas um Cadillac. O #311( L. Derani / A. Sims / J. Aitken) ficou fora da luta logo na primeira volta, com um erro de Jack Aitken, que não evitou uma saída de pista, sofrendo com as condições de pista traiçoeiras. Sobrava o #2 e o #3 que se foram acercando do pódio, esperando pelos erros da Toyota e Ferrari, sempre mais fortes.
E foi neste duelo entre japoneses e italianos que todo o mundo se focou. A Toyota e a Ferrari foram trocando posições na frente, com muito pouco a separar as duas equipas. Do lado da Ferrari, havia mais velocidade, mais ritmo, mas do lado da Toyota havia mais experiência e mais conhecimento. No entanto, foi a Toyota a começar a claudicar, com o #7 de (M. Conway / K. Kobayashi / J. Lopez) foi o primeiro a ficar fora de prova, envolvido num incidente que motivou a desistência. Sobrava o Toyota #8 contra os dois Ferrari. Mas os deuses das corridas quiseram igualar as contas e o #50 acabou por ficar muito tempo nas boxes ainda durante a noite de Le Mans, com uma fuga de água que demorou a ser resolvida. Sobrava a luta #8 vs #51. Apesar da Ferrari ter alguma vantagem, a Toyota esteve sempre por perto até que na penúltima volta da prova, Ryo Hirakawa acabou por bloquear o eixo traseiro (um problema que ia dado problemas aos pilotos) e o carro bateu contra as proteções na curva Arnage. A Toyota perdeu aí uma volta e a Ferrari colocava uma mão no troféu. Os corações italianos ainda pararam na última paragem, em que o #51 necessitou de reiniciar os sistemas perdendo perto de um minuto, mas a vantagem para o #8 era suficiente para se manter na frente, até a mais desejada bandeira de xadrez ser mostrada. Uma corrida tremenda da Ferrari, que foi a mais forte, contra um adversário fortíssimo. A era de ouro do endurance começa a agarrar fãs por todo o mundo.
LMP2
No último ano dos LMP2 no WEC (apesar de continuarem a correr em Le Mans), os protótipos secundários voltaram a mostrar que são grandes máquinas e que dão excelentes corridas. O #34 da Inter Europol de Jakub Smiechowski, Albert Costa e Fabio Scherer (que fez metade da corrida com o pé partido depois do Corvette #33 ter passado por cima do pé do piloto suíço) venceu a corrida, depois de uma exibição portentosa da equipa que até nem começou da melhor forma, algo longe dos primeiros lugares. Mas sobreviveu à primeira metade, marcada por muitos incidentes e depois do meio da corrida, agarrou a liderança com a pressão do #41 da WRT de Rui Andrade (R. Andrade / L. Delétraz / R. Kubica). A sorte da corrida começou a sorrir ao #34, com os Safety Car e as Slow Zones a permitirem a consolidação da estratégia. O #41 andou sempre por perto, mas não conseguiu retirar o carro polaco do primeiro lugar. Em terceiro lugar o #30 da Duqueine (N. Jani / R. Binder / N. Pino) que também manteve pressão elevada nos primeiros, sem conseguir chegar ao objetivo desejado. Do lado de Filipe Albuquerque, o sonho da vitória acabou cedo, ainda nas primeiras horas. O #22 (P. Hanson / F. Albuquerque / F. Lubin) não evitou um incidente com um GT com Frederik Lubin a deitar por terra as esperanças do piloto português. Restou continuar para honrar a equipa e a prova.
Mas em LMP2, voltamos a ter motivos para sorrir. O #45 da Algarve Pro Racing (G. Kurtz / J. Allen / C. Braun) venceu nos Pro Am, o segundo triunfo consecutivo da equipa portuguesa nesta categoria em Le Mans. Foi claramente a equipa mais regular ao longo da corrida, evitando problemas, enquanto os adversários foram caindo ao longo das 24. Uma verdadeira prova de endurance por parte do carro com bandeira portuguesa, que conseguiu mais um triunfo em Le Mans.
LMGTE
Apenas os mais fortes resistiram, apenas os melhores conseguiram o pódio. Numa prova em que mais de metade dos GT acabaram por desistir foi o Corvette #33 de Nicky Catsburg, Nico Varrone e Ben Keating a vencer. Depois de conquistarem a pole, estiveram na frente da corrida nos primeiros momentos da prova, mas um problema num dos amortecedores do carro motivou um atraso de duas voltas. Mas o #33 recuperou do atraso durante a noite e voltou a colocar-se em posição de tentar a vitória. Entretanto o Porsche #85 da Iron Dames ( S. Bovy / M. Gatting / R. Frey) passou para a frente da prova e parecia ter tudo para vencer, apesar da pressão do Aston Martin #25 da ORT by TF (A. Al Harthy / M. Dinan / C. Eastwood) que se juntou à festa perto do fim. O #85 foi perdendo tempo e uma paragem mais lenta perto do fim acabou com as esperanças da tripulação 100% feminina. A vitória do #33 foi inquestionável, com o #25 em segundo e o Porsche #86 da GR Racing (M. Wainwright / B. Barker / R. Pera) a fechar o top 3
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Prova de excelência. Foi um luxo poder assistir a estas 24 horas.
Mais uma.vez o Eurosport a prestar Serviço Público de Altíssima Qualidade. De referir a equipa de comentadores nacionais e os seus convidados. Aquele que nos parece sempre insubstituível, gerou dignos sucessores.
Parabéns e Obrigado.
Saudades dos tempos do grande Domingos Piedade a partilhar imensas “estórias” e histórias com imensos insights deliciosos. Mas sem dúvida fazem uma cobertura de nível.
Realmente bater a os Alemães e Franceses, estes na sua própria casa foi de loucos. O título mencionado acima é fruto disso mesmo. Ferrari ganha em Le Mans. Título banal como se fossem comprar qualquer coisa a França e voltassem sem ninguém se aperceber. É necessário mais equipas como a Ferrari para acabar com a tentativa de os Alemães ganharem tudo mesmo camuflados de Lamborghini ou outra marca que de original só tem o nome. Gostaria muito que a Alfa Romeo com departamento próprio entrasse novamente no DTM e fizesse aquilo que no passado deixou marca. Uma palavra para Ricardo… Ler mais »
Prefiro Alemão disfarçado de Italiano, do que Chinês camuflado seja lá naquilo que for.
Alemanha é Europa. Segura a União. São um país democrata.
A China o que é?
A Toyota acaba por se derrotar a ela própria ao colocar o mais inexperiente e lento piloto para o final stint em que estava a caçar o Ferrari, que depois teve o problema na box e a Toyota ganharia. Além de que nas paragens no box a Ferrari ganhava sempre vantagem.
Os japoneses terão razão de queixa do BOP alterado em cima do jogo ? Tirou-lhes 1,5 segundos por volta. Sim.
Mas de ses está tudo cheio. A Ferrari após meio século regressou e ganhou. Está de parabêns.
Tinha mesmo que o colocar , pois este não tinha cumprido as 6 horas minimas obrigatórias para cada piloto, como tal não foi a Toyota que se derrotou a ela própria, foi o regulamento que derrotou a Toyota..
Como assim, quem é que o inscreveu? Se era assim tanto o elo mais fraco que tivesse ficado em casa a jogar na PS. Tivessem trazido outro japonês melhor para continuar a senda do nacionalismo da Toyota. Já nos ralis o Katsuta é super simpático e boa onda, mas não tem andamento para a frente.
Você responde-me com uma agressividade que até parece que fui eu o culpado de inscreverem o japonês e da incompetência da Toyota, se não conhece o regulamento 1º informe-se antes de vir para aqui destilar ódios, raivas e escrever sobre assuntos do qual não tem o mínimo de conhecimento, até a incompetência tem limites… P.S. Da próxima vez primeiro tome a medicação antes de vir para aqui comentar e obrigado pelo ponto negativo que me deu, você não tem a mínima noção do que está a comentar e mesmo assim ainda “descarrega” a raiva em cima de quem o elucida;… Ler mais »
Eu só fiz uma pergunta porque o seu raciocinio não faz sentido, uma vez que sim o piloto tem que fazer no mínimo 6 horas de turno na prova, mas se ele era menos bom, não o deviam ter posto no carro como integrante da equipa, dai que a culpa sempre foi da Toyota e não dos regulamentos como erradamente disse. E já agora quem partiu para o insulto fácil foi o senhor… aliás do seu texto 80% foi isso mesmo, insultar e insultar. Se não consegue lidar com uma pergunta, não vale a pena vir a um forum.
Agora querem fazer do Ryō Hirakawa um mau piloto? Ele está lá porque é bom. Dos 3 é o menos experiente, mas se não fosse bom não estaria lá. Os pilotos bons não cometem erros? O Filipe Albuquerque não comete? O AFC? Buemi nunca? Lotterer?
Prova memorável! Alternância de marcas no comando, emoção até ao fim, mais de 20h de corrida e os dois primeiros separados por menos de 10s, 3 equipas diferentes nos primeiros lugares, público estimado em 300.000 pessoas a fazer a festa ordeiramente, uma transmissão Eurosport de luxo com comentadores de luxo e ainda por cima grátis… Que mais se pode pedir?… Parabéns à Ferrari pela fantástica prova que fizeram, mas também parabéns à Toyota que teve sempre o primeiro lugar na mira, e aos americanos da Cadillac que se bateram bem melhor do que se poderia esperar, e a tantos outros… Ler mais »
Parabéns Ferrari!
As mais emocionantes 24H de Le Mans dos últimos anos, com o resultado final a poder pender para os dois lados. A grande surpresa, para mim, foi a resistência dos Ferrari pois fui dos que pensava que o andamento mostrado na qualificação daria para liderar as primeiras horas e depois teríamos o assumir do controlo por parte da Toyota. Afinal, a Ferrari mostrou-se sempre muito competitiva e rápida, tanto em pista como nas boxes, com algum drama à mistura ao ter de reiniciar o software do 51 por duas vezes, de maneira a deixar-nos todos bem acordados. Outra surpresa acabou… Ler mais »
+ Excelente prova, e um justo vencedor. A chuva mais uma vez a ser o elemento diferenciador numa prova que já por si é arrasadora tal o numero de imponderáveis que podem acontecer. Parabens á equipa Portuguesa de comentadores que acompanhou as 24h. Excelente prestação dos Americanos com os Cadillac (Hyper) e Corvette (GT´s) – Prestação da Porsche – uma desilusão sobretudo se pensarmos que participava com 4 carros (um deles privado). A transmissão da Eurosport – repetições que a partir de uma certa altura são insuportáveis das suas (?) próprias transmissões (quantas vezes é preciso ver o James Bond… Ler mais »
Eurosport-é publicidade, a alternativa é o passe. Só existiram 3 safety-cars, 2 situações nas barreiras e o Toyota. Quem o ouve parece que tivemos uma dúzia de safety-cars.