24 horas de Le Mans: Finalmente, Filipe Albuquerque
Quem já teve a sorte de falar pessoalmente com Filipe Albuquerque sabe que a imagem bem disposta e genuína que passa nas redes sociais corresponde a 100% ao que se vê pessoalmente. Sempre com um sorriso na cara, Albuquerque é daquelas pessoas que dá gosto conhecer, mas que dá ainda mais gosto ver em pista. Às vezes parece até estranho que um tipo tão afável seja tão rápido e tão feroz em pista.
Albuquerque é um dos melhores do mundo no endurance, já não precisava de provar isso a ninguém… mas faltava Le Mans. Faltava o sabor do pódio na mais difícil prova de endurance do mundo, na mais mítica, onde a sorte apenas sorri aos melhores.
Depois de duas passagem pela Audi onde mostrou que podia vencer a prova, desde então teve de se “contentar” em lutar pela vitória à classe LMP2. Nunca teve as armas certas para tal e mesmo com carros menos competitivos foi capaz de fazer corridas perfeitas e conquistar bons resultados. Mas para um piloto com o talento de Albuquerque, isso não chega. Era preciso trazer para casa o tão desejado troféu. Este ano os astros pareciam alinhados para que tal acontecesse e a serie espetacular de vitórias no WEC e no ELMS mostravam uma equipa em forma, um carro bem afinado e uma tripulação no topo das suas capacidades. O favoritismo confirmou-se e Filipe pode finalmente provar o champanhe do alto do pódio mais desejado. Mais que isso, tornou-se virtualmente campeão do mundo de endurance, faltando pouco para ser campeão europeu. Tem sido um ano em cheio para o piloto de Coimbra que não escondeu a felicidade no final.
Depois dos momentos de tensão que quase levaram o piloto ao ataque de nervos, o suspiro de alívio chegou quando o #38 entrou para as boxes para o ultimo reabastecimento. Seguiu-se a alegria imensa:
“Eu estava muito nervoso, porque não estava em controlo da situação, mas fui passando a minha experiência ao Phil e sabia que ele conseguiria a vitória. Tentamos mantê-lo informado do que se estava a passar e se a Jota teria de parar outra vez ou não. Essa foi a parte complicada. No final o Phil fez um trabalho espetacular, a equipa esteve perfeita e estou muito orgulhoso do que eles fizeram. É a minha sétima visita aqui e sei que as coisas podem correr mal.”
Pouco depois, nas suas redes sociais, Albuquerque mostrou um pouco mais do que sentia: “Ganhamos Le Mans! Ganhamos! Meu Deus! É um sonho tornado realidade! Foi suado, com o António sempre em cima de nós… tinha de ser um tuga! Foi até ao fim. Obrigado pelo vosso apoio.”
Até agora Albuquerque foi colecionando triunfos mas não ao ritmo que o seu talento merecia. Os azares e a falta de capacidade das suas máquinas por vezes deixavam o piloto aquela sensação de que “sabia a pouco”. Mas quem acompanha a sua carreira, sabe a forma dedicada como trabalha, sabe como consegue guiar as suas equipas rumo aos objetivos e este ano, com um carro capaz de o fazer lutar por vitórias, está a limpar tudo. Mais que merecido dizemos nós. Le Mans está, o WEC é apenas uma formalidade… falta “apenas” o ELMS. Também queremos essa… ele também merece essa.
Grande Filipe! Bem merecida esta vitoria.