24 Horas de Le Mans: Dia de Portugal em La Sarthe

Por a 13 Junho 2022 11:56

Muito para festejar em Le Mans: António Félix da Costa dominou por completo a classe LMP2 e Henrique Chaves venceu nos GTE-Am na sua estreia em La Sarthe, para além da Algarve Pro Racing ter vencido entre os LMP2 Pro-Am. Pelo meio, o azar bateu à porta de Filipe Albuquerque.  

Nas classes do Campeonato do Mundo de Resistência (WEC) da FIA onde estiveram inscritos pilotos portugueses na edição número 90 das 24 Horas de Le Mans, saíram vencedores. Sem pilotos lusos na classe rainha – ainda – em Le Mans, os Hypercar, foi a Toyota que dominou a seu bel-prazer, secundada pela Glickenhaus que aproveitou os problemas e a falta de ritmo do único carro da Alpine para chegar ao pódio. Entre os LMP2, António Félix da Costa saltou para a liderança do pelotão nos instantes iniciais e juntamente com Roberto Gonzalez e Will Stevens, controlou os rumos dos acontecimentos para chegar ao fim da corrida com o primeiro lugar nas mãos. Curiosamente, foi nos primeiros metros da mítica prova francesa que o destino de Filipe Albuquerque, Will Owen e Phil Hanson, aos comandos do Oreca #22 ficou traçado. Ainda nos LMP2, mas na categoria Pro-Am, a Algarve Pro Racing venceu e levou a bandeira portuguesa ao mais alto lugar do pódio final.

Outro piloto português em destaque foi Henrique Chaves, que juntamente com Marco Sorensen e Ben Keating no Aston Martin #33 da TF Sport, recuperou várias posições no pelotão dos GTE-Am e levou de vencida a corrida, logo na sua primeira participação. 

Na última vez dos GTE-Pro em Le Mans (a classe vai acabar no final da época do WEC e passará a existir apenas os GTE-Am durante o próximo ano), a Corvette foi atingida pela infelicidade e quando eram sérios candidatos à vitória na classe, os seus dois carros tiveram de abandonar. 

Toyota mais forte desde os treinos

O Toyota GR010 Hybrid #8 da Toyota Gazoo Racing (Sébastien Buemi/Brendon Hartley/Ryo Hirakawa) liderou a primeira sessão de treinos livres das 24 Horas de Le Mans, negando à Scuderia Cameron Glickenhaus uma dobradinha, que mantiveram durante muito tempo na sessão.

No quarto lugar da tabela de tempos surgiu o melhor dos LMP2, o Oreca 07 – Gibson #23 (Alexander Lynn/OliverJarvis/Joshua Pierson da United Autosports, que ficou a 0.797s da frente, ainda assim na frente do Hypercar, Toyota #7 (Mike Conway/Kamui Kobayashi/Jose Maria Lopez).

O Oreca 07 – Gibson #38 da Jota (Roberto Gonzalez/António Félix da Costa/Will Stevens) foi segundo entre os LMP2, na frente do Oreca #9 da Prema (Robert de Kubica/Louis Deletraz/Lorenzo Colombo).

Na frente dos LMGTE-Pro ficou o Chevrolet Corvette C8.R #63 (Antonio Garcia/Jordan Taylor/Nicky Catsburg) da Corvette Racing, seguindo-se o Corvette #64 (Tommy Milner/Nick Tandy/Alexander Sims) a 0.110s e no 3º lugar o Porsche 911 RSR- 19 #91 (Gianmaria Bruni/Richard Lietz/Frederic Makowiecki) da Porsche GT Team a 0.721s dos melhores da classe.

Por fim entre os LMGTE-Am, os mais rápidos foram os homens da Weathertech Racing no Porsche 911 RSR- 19 #79 (Cooper Macneil/Julien Andlauer/Thomas Merrill). Segundo posto para o Porsche 911 RSR- 19 #86 (Michael Wainwright/Riccardo Pera/Benjamin Barker) da GR Racing e no terceiro lugar o Aston Martin Vantage AMR #33 (Ben Keating/Henrique Chaves/Marco Sorensen) da TF Sport.

Sem concorrência nos Hypercar

Se no primeiro treino livre liderou o Toyota #8, na qualificação foi a vez do Toyota #7 liderar, com um registo de 3:27.247s, enquanto os seus colegas de equipa do #8 tiveram problemas e quedaram-se pela 29ª posição. Os dois Glickenhaus 007 LMh estiveram novamente em bom plano com o #708 em segundo, a 0.108s da frente, com os colegas de equipas do #709 em terceiro a 0.731s.

Nos LMP2, na frente ficou o Oreca #31 (Sean Gelael/Robin Frijns/René Rast) da WRT, que bateu o Oreca #38 por 0,226s e o #41 (Rui Andrade/Ferdinand Habsburg/Norman Nato) da Realteam By WRT 0,316s mais atrás. Seguiram-se na quarta posição o Oreca #23 da United Autosports e o Oreca #22 da mesma equipa de Phil Hanson/Filipe Albuquerque/Will Owen. 

Na classe GTE Pro liderou o Porsche 911 RSR – 19 #92 da Porsche GT Team de Laurens Vanthoor, um décimo de segundo na frente do Chevrolet Corvette C8.R #63, com o Porsche #91 de Frédéric Makowiecki em terceiro.

Na LMGTE -Am, liderança para o Aston Martin Vantage AMR #98 da Northwest de David Pittard, na frente de três Ferrari 488 GTE Evo,  o#57 da Kessel Racing, o #54 da AF Corse e o #85 da Iron Dames. O carro do português Henrique Chaves, o Aston Martin Vantage AMR #33 da TF Sport foi apenas 19º da sua classe. 

Os seis melhores de cada classe, menos nos Hypercars onde só competiram cinco máquinas, disputaram mais 30 minutos da sessão de Hyperpole, onde ficaram definidos os primeiros lugares de cada classe.

Brendon Hartley estava ao volante do Toyota #8 e foi o mais rápido entre os Hypercar e nos LMP2, o Oreca #31 de Robin Frijns foi o mais rápido de todos, deixando o #22 de Filipe Albuquerque e o #38 de António Félix da Costa no segundo e terceiro lugar da grelha, respetivamente. 

O Corvette #64 e o #63 foram os mais rápidos entre os GTE-Pro e Ferrari #61(Vincent Abril/Conrad Grunewald/Louis Prette) os mais rápidos nos Am. 

Acidente nos primeiros metros de corrida

Will Owen, companheiro da equipa de Filipe Albuquerque aos comandos do Oreca #22 da United Autosports, começou da pior forma a corrida da edição 90 das 24 Horas de Le Mans. Owen seguiu em frente para a caixa de gravilha nos primeiros metros da prova francesa, tendo sido tocado pelo #31 com René Rast ao volante, e sofreu alguns danos no LMP2. O carro foi recuperado, mas perdeu pelo menos 3 voltas para o líder.

Também o carro #47 da Algarve Pro Racing, com Sophia Flörsch ao volante, sentiu dificuldades na primeira volta e dirigiu-se muito devagar para a box. O #41 da Realteam by WRT de Rui Andrade também parou no final da primeira volta com um furo num dos pneus do carro.

Por seu turno, António Félix da Costa manteve o terceiro lugar com que arrancou, ficando atrás do #9 da Prema e do #31 da WRT.

Após a primeira hora de corrida era o Toyota #7 que liderava a classificação geral, seguido do Toyota #8 e os dois Glickenhaus, com o #708 à frente do #709, e o Alpine #36 no quinto posto.

O Toyota #7, quando era segundo classificado, foi o primeiro carro a parar da dupla nipónica, seguido do Glickenhaus #709 e o Alpine #36, mas após todos os Hypercar terem parado, Mike Conway no #7 conseguiu passar para a liderança do pelotão, tendo Sebastien Buemi (#8) perdido algum tempo no primeiro turno de condução após algumas distrações.

Meia hora depois do início da corrida, os primeiros protótipos LMP2 pararam, incluindo Félix da Costa, ficando Fabio Scherer ao volante do #43 da Inter Europol Competition na liderança provisória do pelotão da classe. António Félix da Costa e a JOTA conseguiram ganhar tempo na paragem da box, saindo na frente do carro da Prema. Quando o #43 parou, o piloto português passou a liderar a corrida na classe LMP2. Estando Robert Kubica ao volante do #9 da Prema, Félix da Costa aumentou o ritmo e aumentou a vantagem sobre o adversário polaco.

Nos GTE-Pro, os dois Corvette mantinham a liderança do pelotão, com o #64 na frente do #63, seguido do Porsche #92 com Kevin Estre ao volante.

Entre os Am, no final da primeira hora, 4 Porsche lideravam o pelotão.

Depois de mais de 3 horas de corrida com o Toyota #7 a liderar o pelotão, o #8 com Brendon Hartley ao volante, assumiu o primeiro posto. Não existiam ordens de equipa, garantiram os responsáveis da equipa nipónica, e por isso os dois carros lutaram entre si pelo primeiro posto. Eram secundados pelo Glickenhaus #708, enquanto o #709 da equipa norte-americana teve problemas e passou algum tempo na garagem, assim como o Alpine #36 com problemas de embraiagem.

Se nos Hipercarros a Toyota continuava a comandar as operações, também entre os LMP2 o #38 da JOTA liderava. O Oreca #38, com Will Steven no lugar que pertenceu a António Félix da Costa durante a fase inicial da prova, tinha mais de 2 minutos para o carro-irmão o #28 e o Oreca #32 da WRT ocupava o terceiro posto da classe. 

Filipe Albuquerque ao volante do #22 da United Autosports tentava recuperar algum terreno, mas ainda estava muito afastado do top 10 da classe, depois do acidente na volta inicial da corrida. 

Entre os LMGTE-Pro, a luta pelas posições cimeiras davam-se entre os Corvette #63 e o Porsche #91, com vantagem para o carro norte-americano. O Porsche #92 era o terceiro classificado, seguido do Corvette #64.

Nos Am, Henrique Chaves no Aston Martin #33 da TF Sport tentava chegar aos três primeiros classificados da classe, depois de uma excelente recuperação de Marco Sorensen e continuidade do bom desempenho do piloto português. O Porsche #79 da Weathertech Racing liderava os GTE-Am.

Drama para a Corvette alterou figurino nos GTE-Pro

Com 6 horas para o final da corrida era o Toyota #8 que liderava a classificação à geral, à frente do Toyota #7. No topo da décima sexta hora de corrida, a distância entre os dois Toyotas estabilizou para 15-20 segundos, mas o #8 sofreu um furo e teve de parar mais cedo do que o previsto. Depois desse episódio, o intervalo entre o #7 e o #8 voltou a crescer para 20-25s até que o drama atingiu o #7. José Maria Lopez parou na pista para reiniciar o sistema do Toyota. Alguns minutos mais tarde, o carro parou novamente nas boxes durante um longo período e assim, o #7 perdeu quatro minutos para o #8.

Mais atrás, ainda nos Hipercarros, Mathieu Vaxivière no Alpine #36 bateu nas proteções de pneus e danificou o carro. O Alpine regressou à pista na 29ª posição da geral.

Entretanto, nos LMP2, o Oreca #38 permanecia na liderança, uma volta completa à frente do #9 da Prema.

O Oreca #31 com Robin Frijns aos comandos, bateu em Indianapolis e obrigou à entrada do Safety Car, o único período de toda a corrida.

Os GTE-Pro tiveram uma sessão noturna dramática. No início da 16ª hora, o líder Michael Christensen no Porsche #92 ficou preso na caixa da gravilha em Mulsanne, reentrando em pista e rebentando o pneu, que danificou bastante o carro, ficando sem hipóteses de poder vencer a corrida. Isso colocou de novo o Corvette #64 de Alex Sims na liderança da classe com uma vantagem de dezasseis segundos, quando foi tocado por um LMP2. O contacto foi suficiente para enviar o Corvette contra a barreira, o que obrigou à desistência do carro. Um golpe cruel para a equipa Corvette, que tinha acabado de confirmar a desistência do #63 devido a problemas mecânicos.  Ficou o Ferrari #51 na liderança da classe, seguido pelo Porsche #91 e o Ferrari #52.

Nos Am, a TF Sport passou para a liderança com o Aston Martin Vantage AMR #33, um minuto à frente do Porsche #99. 

O azar voltou a bater à porta da United Autosports e à tripulação do Oreca #22. Depois de terem perdido algumas voltas nos primeiros instantes das 24 Horas de Le Mans, o carro ocupava o nono lugar entre os LMP2, mas a cerca de 4 horas e 25 minutos do final da prova, Phil Hanson teve de parar na berma da pista e reiniciar os sistemas do Oreca.

O carro regressou à pista e parou logo a seguir na box. Passaram a ocupar o 13º posto da classificação da classe, depois de terem realizado uma recuperação notável durante as 18 horas de corrida anteriores.

Quinta vitória consecutiva para a Toyota

O Toyota #8 acabou por vencer a edição 90 das 24 Horas de Le Mans, batendo o carro-irmão, o Toyota #7. O Glickenhaus #709 subiu ao pódio, depois do #708 da estrutura norte-americana e o Alpine #36 terem tido alguns problemas que os retiraram da luta pelo terceiro lugar.

Entre os LMP2 a vitória tem sabor português. António Félix da Costa, Will Stevens e Roberto Gonzalez venceram na classe aos comandos do Oreca #38 da JOTA. A liderança nunca esteve em causa após um brilhante início de corrida por parte do piloto luso.

O Oreca #9 da Prema terminou a mais de 2 minutos do líder, tendo atrás de si o segundo carro da JOTA, o Oreca #28.

A classe GTE-Pro foi a mais dramática de todas em La Sarthe e o Porsche #91 venceu com 45s de vantagem sobre o Ferrari #51 (James Calado/Alessandro Pier Guidi/Daniel Serra) e o #52 (Antonio Fuoco/Miguel Molina/Davide Rigon) dos carros italianos fechou o pódio.

Nos GTE-Am, o Aston Martin Vantage #33 da TF Sport venceu, com o Porsche #79 da Weathertech Racing a mais de 44s e o Aston Martin #98 da Northwest AMR (Paul Dalla Lana/David Pittard/Nicki Thiim) fechou o pódio nesta classe.

Pódios:

Hypercar

1 S. BUEMI / B. HARTLEY / R. HIRAKAWA Toyota GR010 HYBRID 24:02:07.996
2 M. CONWAY / K. KOBAYASHI / J. LOPEZ Toyota GR010 HYBRID 2:01.222
3 R. BRISCOE / R. WESTBROOK / F. MAILLEUX Glickenhaus 007 LMH 5 voltas

LMP2

1 R. GONZALEZ / A. DA COSTA / W. STEVENS Oreca 07 – Gibson 24:02:12.363
2 R. KUBICA / L. DELETRAZ / L. COLOMBO Oreca 07 – Gibson 2:21.920
3 O. RASMUSSEN / E. JONES / J. ABERDEIN Oreca 07 – Gibson 1 volta

GTE-Pro

1 G. BRUNI / R. LIETZ / F. MAKOWIECKI Porsche 911 RSR – 19 24:04:52.10
2 A. PIER GUIDI / J. CALADO / D. SERRA Ferrari 488 GTE Evo 42.684
3 O. RASMUSSEN / E. JONES / J. ABERDEIN Ferrari 488 GTE Evo 1 volta

GTE-Am 

1 B. KEATING / H. CHAVES / M. SØRENSEN Aston Martin VANTAGE AMR 24:03:37.664
2 C. MACNEIL / J. ANDLAUER / T. MERRILL Porsche 911 RSR – 19 44.446
3 O. RASMUSSEN / E. JONES / J. ABERDEIN Aston Martin VANTAGE AMR 1 volta

Classificação completa

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