Preocupação e incertezas para o chefe da Veloso Motorsport
Fábio Mendes
O discurso é
semelhante ao de outros chefes de equipas. As dúvidas adensam-se e o
futuro parece muito incerto. Luís Veloso falou ao AutoSport sobre as
suas dúvidas e preocupações para o futuro.
O país vive
suspenso, à espera que o surto de COVID-19 possa ser controlado, uma
espera que parece já longa, embora esteja apenas no inicio. As
equipas e estruturas dedicadas ao desporto motorizado também sofrem
com esta situação e Luís Veloso, chefe da conceituada Veloso
Motorsport, não escondeu a sua preocupação:
“Vamos ter muitas dificuldades. Antes de mais, é um problema de saúde que deve ser resolvido, mas depois teremos um problema de sobrevivência financeira das nossas empresas, principalmente equipas que têm estruturas fixas, que trabalham no desporto automóvel, que fazem ralis, velocidade, TT. Com o inevitável cancelamento das provas, todos os projetos que tínhamos ficaram parados, e tal vai-se refletir no futuro ao nível de patrocínios para os nossos pilotos e clientes. Prevejo tempos muito difíceis no futuro. Estou bastante preocupado e já comuniquei isso ao presidente da FPAK e a voz dele é importante para que os nossos governantes percebam que o desporto não é só futebol. O futebol já reclamou apoios mas nós também precisamos. Também temos empresas, também pagamos impostos e temos postos de trabalho que devem ser garantidos. Temos de nos ajudar uns aos outros para tentar dar a volta a isto.”
Luís Veloso
explicou melhor um pouco que tipo de apoios são fundamentais, quer
do governo e quer da FPAK:
“A nível governamental era bom que tivéssemos o que as outras empresas estão a ter, no apoio no pagamento de impostos, apoios ao nível do vencimento dos funcionários e financiamentos, para tentarmos sobreviver nesta fase. O nosso trabalho já é muito sazonal e estávamos finalmente a entrar na época de trabalho, depois de alguns meses de paragem que nunca são bons para nós (de Dezembro a Março). Agora que íamos começar a faturar, tudo parou. A nossa dificuldade será ainda maior. Mas é preciso que esses apoios cheguem também até nós, algo que ainda não ficou claro na primeira comunicação feita pelo governo sobre este assunto. Há uma necessidade de maior esclarecimento e era importante que a FPAK ajudasse nesse capítulo, que destacassem alguém ou se criasse algum gabinete especifico nesta fase para ajudar as equipas e clubes organizadores a lidarem com esta situação. “
Apesar das muitas
dúvidas, Luís Veloso gostou do discurso do presidente da FPAK nos
últimos dias:
“A única coisa que vi foi uma entrevista do presidente da FPAK que me pareceu sensibilizado para o assunto, não se esqueceu dos pilotos e das equipas e isso é importante. Gostei do que ouvi e percebi que ele está também preocupado e atento. “
O chefe da Veloso
Motorsport deseja o regresso rápido à normalidade, mas sabe que é
impossível fazer previsões:
“Neste momento estamos completamente parados. Se até maio não tivermos novidades e boas notícias sinceramente não sei como vai ser. Era bom que começássemos em maio a trabalhar para em junho estarmos no terreno. Mas isto depende da evolução da situação e por isso estamos de mãos atadas neste momento. “
O futuro será duro
para as equipas, pilotos e organizadores, num desafio (mais um) que
todos terão de enfrentar:
“Era importante as equipas falarem, unirmo-nos todos e e ajudarmo-nos mutuamente, mas também não há soluções milagrosas nesta fase. Temos que nos reinventar. Temos que dar a volta a situação tal como já fizemos no passado. Se me perguntar o que devemos fazer… É muito cedo para sequer pensar nisso. Mas teremos de enfrentar este desafio e tentar continuar com o desporto automóvel em Portugal, que tem muita tradição. “
Por fim, a mensagem
tantas vezes repetida mas que é de crucial importância nesta fase:
“É importante que a pessoas tomem as medidas necessárias para evitar que isto tome proporções ainda maiores e que possamos evitar cenários como os que aconteceram em Itália. Quanto mais depressa respeitarmos isto, mais depressa poderemos voltar às nossas vidas.”