Crónica de Zandvoort: Um dia especial…
Não são muitas as vezes que existe a possibilidade de acompanhar uma prova do DTM ao vivo, mas desta feita a escolha acertou na ‘mouche’, já que foi possível testemunhar a melhor corrida de António Félix da Costa, desde que o piloto português rumou ao DTM. O entusiasmo que se viveu entre os portugueses do meu grupo presentes, e que acompanhavam a corrida no circuito foi de grande ansiedade pois percebia-se claramente que Félix da Costa queria vencer e estava mais rápido. Desde que chegámos ao circuito se percebeu que António Félix da Costa estava confiante, as suas palavras não o escondiam, a confiança era grande, também alicerçada no facto de Zandvoort ser um bom circuito para os BMW, e também pelo facto da época não estar a correr tão bem, os BMW eram os carros mais leves em pista.
Tudo junto permitiu alicerçar uma boa dose de confiança, e desde o primeiro treino livre que este podia ser o fim de semana do piloto português. Antes de rumar à pista já o piloto da Schnitzer nos confessava que tinha feito bem o trabalho de casa e os bons tempos seriam desde logo feitos na fase inicial da sessão. Dito e feito. Agarrou-se à segunda posição, hoje de manhã voltou a ficar nos primeiros lugares (3º) e na qualificação só perto do final da sessão perdeu o 2º lugar, apesar de terminar empatado com Witmann. Antes da corrida, Félix da Costa apostava muito no arranque e se bem o pensou, melhor o fez e Augusto Farfus não resistiu nem e Witmann, nem a Félix da Costa. Cedo o duo da frente se destacou um pouco e também cedo se percebeu que sairia daqui o vencedor da corrida. A diferença andou sempre entre meio seguindo e seis décimos, mas perto do fim, Félix da Costa sentia que podia ganhar para a boxe saiu “Quero tentar ganhar”. Mas da boxe não houve resposta. Compreensível! Marco Wittmann é alemão, o Campeão em título, num campeonato alemão. Quem poderia tomar tal decisão? De qualquer forma, e tal como explicou na conferência de imprensa “esta foi uma grande reviravolta na BMW esta época e não podia correr muitos riscos. Precisávamos destes pontos, todos na fábrica em Munique estão a trabalhar muito e a grande recompensa não foi para mim mas sim para a BMW e tenho de aceitar, era o meu primeiro pódio no DTM e tinha de o ‘levar para casa’”.
Basicamente, ficou hoje provado que velocidade a Félix da Costa não falta, lutou com o Campeão do ano passado toda a corrida, pressionou-o, e se por acaso hoje o carro à sua frente não fosse um BMW, não tenho a mais pequena dúvida que o piloto à sua frente iria ter que suar muito mais para vencer. E logo num dia em que a Holanda foi brindada com 30º de temperatura ambiente, com muitos espetadores a dividirem-se entre a praia, que fica logo ali ao lado do circuito, e a corrida do DTM.
Aliás, um dos grandes destaques foi o público. Zandvoort é um circuito à antiga, muito velhinho, com o asfalto muito irregular (lá mais para a frente irei contar como o percebi). Foi impressionante de ver a imensidão de gente que estava no paddock, nas bancadas e nas dunas que circundam o circuito. O Paddock do DTM é o perfeito exemplo de tudo o que é possível fazer para manter as pessoas ligadas à competição. Cada uma das três marcas constrói no Paddock enormes áreas de lazer, com simuladores, insufláveis, exposições. O público no paddock era imenso, pode ir ao terraço das boxes espreitar o trabalho cá em baixo, há uma imensidão de áreas de restauração, e até lojas de merchandising e miniaturas, capacetes, fatos de competição. No paddock há ainda um ecrã gigante para ser ir seguindo o que acontece em pista, e o espetáculo aí não pára. Porsche Carrera Cup, Europeu de F3, SuperCar Challenge (com carros fantásticos em pista), um programa forte, e mesmo com os bilhetes a custar entre 42,00 e 70,00 o número de espetadores rondou os 30.000 e nenhum deles deve ter dado por mal gasto o dinheiro, já que o espetáculo em pista foi muito bom.
E nos tempos mais mortos, há uns sortudos, onde me inclui hoje, que têm a possibilidade de desfrutar de umas ‘coisas’ chamadas Taxi Drives, que permitia optar entre um passeio num BMW M4 DTM ou num BMW M3 DTM Campeão de 1987 e 1989. O M4 DTM tinha uma nuance. Nem todos lá cabem dentro. Entrar até entrei, mas depois faltava espaço para tudo e fazer um co-drive com os joelhos no queixo não é lá muito agradável. Acham que fiquei muito chateado? Nada, logo ali ao lado estava o M3 DTM que vira no Estoril em 1987 dar luta aos Ford RS 500 da Texaco e logo com as cores da mítica Schnitzer. Que passeio! Quem passou pelo desporto motorizado daqueles anos 80 não esquece um carro como o M3, seja nas pistas ou nos ralis, e foi um honra poder desfrutar de uma volta a Zandvoort ao lado de um Patrick Huisman, um piloto Campeão holandês de Turismos, precisamente naquele carro. O som daquele motor, o que o carro ainda anda. Foi curto, e essa foi a única coisa a lamentar. Os M4 DTM já estavam à espera para se alinharem na grelha. Foi um dia especial. E também o foi porque foi possível conversar cinco minutos com um dos homens mais ricos do Mundo, Lawrence Stroll, que me confessou, entre outras coisas, que ver o acidente do filho Lance em Monza foi o “pior momento da minha vida”. Conversar com Hans Werner Aufrecht, responsável máximo do ITR, empresa que gere o DTM e ouvir as boas novidades que vão surgir relativas a esta competição (fique atento ao AutoSport). Amanhã há mais…
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