Pedro Lamy sobre as 24 Horas de Le Mans

Por a 15 Junho 2017 18:12

Pedro Lamy já não vence a categoria GTE Am em Le Mans desde 2012. Nos últimos anos a prova não tem tido o desfecho que o piloto pretendia, por isso levar o Aston Martin Vantage nº 98 ao triunfo em La Sarthe no dia 18 seria “o ideal”. “Numa prova de 24 horas tudo pode acontecer. No ano passado estávamos bem mas depois tivemos problemas. Há dois anos estivemos mais próximos. Quando vencemos não tivemos problemas. Tivemos várias situações mais ou menos difíceis mas, de facto, não tivemos grandes problemas”, afirma o piloto português. Para a prova de 2017 Lamy não sabe ainda qual a estratégia a adotar e nem sequer de quem esperar maior oposição: “Numa prova de 24 horas é difícil saber o que esperar. Ainda não combinámos uma estratégia de corrida. Não sabemos exatamente qual o nosso andamento em relação aos adversários. No teste estivemos um bocado ‘às escuras’. A prioridade vai ser prepararmos-nos para a corrida. É longa e tudo pode acontecer.”

O piloto da Aston Martin Racing refere que o ritmo de prova é algo que não se pode antecipar, embora espere que as primeiras voltas sejam “as mais intensas”, porque é o que normalmente sucede, “mas muitas vezes há equipas que vão numa atitude mais defensiva”. “Não decidimos o que vamos fazer. Também não sabemos qual vai ser o nosso andamento. Não há uma regra para isto. Em termos de objetivos o principal é terminar. Logicamente que é importante tentar evitar todos os problemas. Se os evitarmos podemos pensar numa boa situação onde podemos pontuar bastante e isso é muito importante para o nosso campeonato”, refere Pedro Lamy.

“Nos últimos anos perdemos campeonatos por causa de Le Mans, porque não terminámos a corrida, por isso é importante terminar e pontuar. Normalmente os que acabam sem grandes problemas terminam bem classificados desde que o carro esteja minimamente competitivo”, remata o piloto português.

Estas declarações foram recolhidas antes da sua partida para Le Mans, mas há algum tempo, fizemos-lhe uma entrevista em que falou muito mais sobre Le Mans. Vamos recordar as partes mais interessantes…

AS: No passado, preocupavas-te em fazer dobragens a carros que parecem estar parados, mas agora tens de olhar pelo retrovisor para dar passagem aos mais rápidos. Foi uma mudança de chip complicada?

PL: Acho que a melhor forma de encarar essa mudança é estar concentrados na nossa corrida e fazer as trajetórias certinhas, porque às vezes quando tentamos ajudar os carros mais rápidos, só atrapalhamos.

AS: O que mudou nas 24 Horas de Le Mans. Há menos gestão do esforço e o ritmo é mais sprint?

PL: As primeiras horas são sempre a fundo e isso não mudou. Os pilotos têm que andar sempre perto do limite da capacidade dos carros, agora se os carros aguentam, essa é que é a questão. Em 1999, quando a Toyota estava em força e tinha o carro mais rápido, foi obrigada a andar no limite porque tinha a BMW, a Mercedes e a Porsche à perna. E essa pressão acabou por ser fatal para a Toyota.

AS: Como foi estar sentado num carro que se sabia ter tendência a levantar voo, como foi com o Mercedes CLR em 1999?

PL: Foi um bocado assustador, sempre que chegava ao final da reta e me aproximava de outro carro, pensava, será desta? Dizia-se que a causa das descolagens era na aproximação aos outros carros, perdia-se apoio aerodinâmico. Lembro-me de pensar – O que é que estou aqui a fazer, eu estava bem era em casa.

AS: Começaste a correr em Le Mans com 25 anos e agora tens 45 anos. Achas que com 25 anos eras melhor piloto para Le Mans?

PL: Na carreira de um piloto há altos e baixos. Quem diria que eu aos 35 anos ia correr para a Peugeot? E estive lá cinco anos. Penso que o principal é a motivação é isso que é determinante para um piloto nas várias fases da sua carreira, tenha 25 anos ou 45. Mesmo conhecendo uma pista como Le Mans, cada volta é diferente e vamos sendo obrigados a tomar decisões com que nunca nos deparamos na nossa carreira. Por isso, é sempre melhor ter experiência do que não ter.

AS: Mas há uma notória tendência de rejuvenescimento das formações…

PL: Se olharmos para a Audi há alguns anos, os miúdos depressa passaram a ser melhores que os veteranos. A idade nunca foi um fardo em Le Mans, mas a verdade é que neste momento os pilotos mais novos são globalmente mais rápidos. Apesar disso, é sempre bom temperar uma formação com experiência. há uns anos, se fosse de noite e estivesse a chover – metiam logo o Tom Kristensen – e depois chamem lá velho ao gajo.

AS: Estiveste tão perto de vencer Le Mans e não conseguiste. Guardas alguma frustração por causa disso?

PL: Também fiquei lixado quando não ganhei o GP de Macau, fiquei em 2º. Era piloto para ganhar e fui enganado pelos portugueses, quando fui ultrapassado com bandeiras amarelas e o outro tipo não foi desclassificado. Lógico que gostava de ter ganho, como gostaria de ter ganho Le Mans e estive muito próximo de o conseguir. Sei que agora dificilmente voltarei a estar em posição de lutar pela vitória à geral, mas isso não é um fantasma que me assombre.

AS: O que te apetece fazer nos próximos anos?

PL: Nunca fui piloto de fazer grandes planos. Sou um piloto profissional e procuro apenas as melhores oportunidades para continuar a correr. Espero estar em equipas competitivas. Quando não tiver este tipo de projetos, então poderei pendurar o capacete. Mas já estive em campeonatos pequenos – como os V8 Star – que me deram muito gozo. Logicamente não tenho 20 anos e sei que as oportunidades são diferentes, mas espero correr enquanto isso me der gozo.

E nós também, queremos que continues a correr, e já agora, que repitas a vitória de 2012 em Le Mans!

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Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
7 anos atrás

Pedro Lamy sobre as 24 horas de Le Mans: “É uma corrida de 24 horas numa pista em Le Mans”.

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