Open de Velocidade by Michelin: Um novo fôlego em tempos de crise
O Open de Velocidade by Michelin irá começar a época no Autódromo Internacional do Algarve. A fórmula do ano passado foi aprimorada e tem agora muito mais para dar.
Criado no início de 2019 por iniciativa da FPAK e da ANPAC, o Campeonato Open de Portugal de Velocidade foi pensado para revitalizar a velocidade nacional.
Idealizado para equipas de um ou dois pilotos, o novo Open de Velocidade apresenta-se com um formado muito atrativo. Cada fim-de-semana é composto por três confrontos em pista. Duas corridas de “sprint” e uma corrida de “endurance”.
A competição divide-se em Open de Portugal GT (Classes G1, G2 e G3), Open de Portugal Turismos (Classes T1, T2, T3, T4 e T5), Open de Portugal Super Seven (SS1 e SS2) e Open de Portugal KIA Ceed GT Cup.
A diversidade de viaturas admitidas permite voltar a ver nas pistas automóveis icónicos das categorias Grand Turismo, Turismo e campeonatos monomarca
O formato definido para o Open de Velocidade revelou-se uma fórmula de sucesso. Ao longo dos quatro eventos os pilotos disputarão 12 corridas, duas corridas de Sprint com a duração de 20 minutos, em que cada piloto participa numa das corridas (os pilotos que correm a solo participam nas duas corridas de sprint). Há ainda uma corrida de endurance com a duração de 45 minutos, que obriga a uma paragem para troca de piloto. Os pilotos que correm a solo devem cumprir uma paragem obrigatória, segundo o regulamento em vigor.
A Prime Promotion passou a ser o promotor do Open. Falamos com Pedro Marreiros, o grande impulsionador deste formato, juntamente com o Eng. Paulo Pinheiro, que nos deu mais pormenores:
“ O Open era uma das provas que estava sob a égide da ANPAC, que fez um trabalho muitíssimo meritório, mas que sempre se assumiu como especialista de provas de Clássicos. Quer eu, quer o Eng. Paulo Pinheiro, pela nossa atividade profissional e desportiva, temos uma ligação mais estreita com os carros mais recentes, digamos assim. Numa conversa causal connosco, a ANPAC e o Presidente da Federação, surgiu a hipótese de darmos uma ajuda, ideia que se foi desenvolvendo. Houve uma condição bem explicita nesta ajuda, que era fazer alguma coisa não como promotores, no sentido literal da palavra, com todo o respeito por todos os promotores, mas apenas dar uma ajuda ao desporto de que tanto gostamos. Para não haver nenhuma dúvida, as inscrições continuam a ser pagas à ANPAC mas nós ( eu e Eng. Paulo Pinheiro) passamos a ser promotores a 100%. Não vivemos disto e a única coisa que queremos é ajudar.”
BoP passará a ser aplicado
A questão do equilíbrio das máquinas sempre foi muito falado na primeira edição do Open, questão essa que deixará de ser problema com a aplicação de um Balance of Performance:
“Tentamos com o Kiko Mora e com o Ni Amorim, uma estabilidade ao nível de regulamentos. Temos um formato que considero fantástico, com duas corridas spint e uma de endurance, o que implica quatro fins de semana mas 12 corridas. Outra alteração importante é que passaremos a ter BoP (Balance of Performance). Esse BoP será feito através de lastro colocado nos carros e não por tempo na boxe como chegou a ser proposto. Neste aspeto fomos muito firmes porque achamos que paragens com tempo extra vão contra o espírito das corridas, que se querem com lutas em pista. Assim, faremos um BoP com lastro, para potenciar ainda mais as lutas em pista e que será definido por uma comissão da qual a Federação fará parte, com base no histórico da performance dos carros e dos circuitos onde já competiram. Sabemos, por exemplo que um TCR DSG é um segundo ou um segundo e meio mais lento que um TCR e sabemos quanto se perde, se colocarmos dez quilos no carro. Assim temos um modelo matemático fácil de aplicar.”
Marreiros deixou um aviso sobre o BoP:
“Temos de ter a noção que o objetivo do BoP é tentar equivaler as performances e não as tornar iguais, pois isso é muito complicado de se atingir. Mas queremos ter andamentos muito próximos, com a vantagem que o BoP pode ser alterado corrida a corrida, mediante os andamentos em pista. Não vamos equivaler o andamento de um TCR com um GT, pois não é isso que se pretende, mas queremos sim equivaler o andamento de um TCR DSG com um TCR. Queremos equivaler um Porsche 991 GT3 Cup a um Porsche 997. Isto vai permitir que pilotos com budget mais reduzido possam adquirir carros menos onerosos, mas que possam ter um andamento aproximado dos carros mais recentes, aumentando assim o interesse pela competição.”
“Temos que adaptar o automobilismo a nossa realidade. Se há quem tenha condições de comprar um carro de 2019 ou 2020, deve dar o passo e tentar a sua sorte noutros campeonatos. Mas para a nossa realidade, este modelo parece-me o mais adequado, se quisermos ter automobilismo em Portugal.”
Michelin apoia oficialmente a prova
A Michelin passa a ter um papel fulcral nesta competição, sendo fornecedora oficial de pneus, dando apoio direto. Em todos os circuitos haverá o apoio técnico e a presença da Michelin – Sport Pneus, responsável pelo fornecimento dos Michelin S9M (Slick) e dos Michelin P2L (chuva).
“ Este ano seremos o Open de Velocidade by Michelin e optamos pela Michelin por vários motivos. Primeiro é uma marca premium de pneus com provas dadas em todo o mundo. Existem outras marcas, das quais também recebemos propostas, mas escolhemos a Michelin a pensar no futuro. Existe um campeonato aqui ao lado chamado CER (campeonato de Espanha de resistência) que também usa Michelin. Nunca foi possível uma aliança pois o tema dos pneus sempre foi fraturante. Este acordo com a Michelin Ibérica anula esse problema. Poderá haver discordância sobre muita coisa, mas este tema deixará de dificultar possíveis alianças.”
Existe a obrigatoriedade de cada equipa (viatura) adquirir pneus slick Michelin S9M ao fornecedor oficial Sport Pneus. Por meeting, as equipas terão de adquirir ao referido fornecedor as quantidades de pneus novos indicados. A quantidade de pneus de chuva Michelin P2L é livre. Caso a equipa não participe nas corridas de sprint e endurance, por motivo de força maior, os pneus adquiridos poderão ser utilizados mo meeting seguinte, não existindo a obrigatoriedade de adquirir mais pneus novos. Estas normas apenas se aplicam nos treinos oficiais de qualificação e nas corridas de sprint e endurance. Nos treinos livres, a utilização de pneus não está limitada, mas a marca e modelo terão de ser as referidas neste regulamento.
Prémios monetários para aguçar o apetite e embaixadores de renome mundial
Não é habitual vermos prémios monetários nas competições nacionais mas o Open de Velocidade by Michelin traz essa novidade:
“Teremos um prize money de 25 mil euros, em que 10 mil são alocados aos pneus, 5 mil em prémios monetários e 10 mil por via da promoção.” A distribuição destes prémios será divulgada na primeira prova.
“A juntar a estas novidades temos mais uma, e aproveito desde já para agradecer aos meus queridos amigos Tiago Monteiro e Filipe Albuquerque pela sua disponibilidade, pois são embaixadores do nosso campeonato a título gratuito, com a consciência claríssima que eles são profissionais e que a sua imagem vale muito. Eles foram impecáveis e ajudaram-nos muito pelo que tal merece ser realçado. Para terminar o leque de novidades, iremos ter também um Official Leading Car que será a Porsche.”
Ao nível de inscritos, faltando ainda a confirmação oficial, mas podemos já adiantar alguns nomes. Pedro Marreiros (991 GT3 Cup), José Correia (Nissan GT-R GT3), Pedro Marques (991 GT3 Cup), Fábio Mota (997 GT3 Cup), Kiko Mora (Cupra TCR), José Rodrigues (Honda Civic TCR), Joaquim Teixeira e Daniel Teixeira ( Leon TCR DSG). Há ainda mais nomes na calha para participarem na primeira prova e, como tal, espera-se uma grelha bem composta, com bons carros, que proporcionarão boas lutas.
Calendário
O Campeonato Open de Portugal de Velocidade visita os três circuitos permanentes no território Nacional. O calendário das provas apresenta-se da seguinte forma:
18/19 Julho Autódromo Internacional do Algarve/Portimão
12/13 Setembro Circuito Vasco Sameiro/Braga
30 Out/1 Novembro Autódromo Internacional do Algarve/Portimão
5/6 Dezembro Circuito do Estoril
São muitas e muito interessantes as novidades que o Open de Velocidade by Michelin traz. Numa altura de crise, é uma agradável surpresa ver um campeonato dar um salto qualitativo tão grande. São estes pequenos pormenores que poderão permitir um crescimento sustentado e assim dar aos adeptos corridas emocionantes. É também um sinal de trabalho bem feito mesmo em condições muito especificas como estas em que nos encontramos com a Covid-19.