IMSA ROAD AMERICA: PORTUGUESES ACIMA DO PAR

O regresso de João Barbosa ao volante do Cadillac da Action Express não foi suficiente para permitir que os vencedores das 24 Horas de Daytona conseguissem melhor que um pálido sétimo lugar, a mesma posição de Álvaro Parente na categoria GTD. Se fosse golfe diríamos que os portugueses estão a jogar acima do par e o título começa a ser uma miragem. A vitória ficou para o Oreca LMP2 da Core Autosport.

A vitória na corrida de Road America, um dos mais espetaculares circuitos convencionais norte americanos, acabou no colo de Colin Braun e Jon Bennett, ao volante do Oreca LMP2 da Core Autosport. Depois de duas “pole postion” nas duas corridas anteriores, finalmente chegou a vitória à equipa Core. A vitória sorriu-lhes depois de uma prova onde algumas bandeiras amarelas ajudaram uma estratégia de consumo arriscadíssima que terminou com o Oreca dos vencedores para no primeiro terço da volta de consagração.

A luta pela vitória espelhou aquilo que foi visto na qualificação, com os LMP2 a dominarem os DPI, e com o Oreca da JDC Miller, não o da “pole position” mas o outro carro pilotado por Stephen Simpson e Misha Goikhberg. Isto porque também este Oreca decidiu copiar a estratégia do carro vencedor, ficando no terceiro lugar o Cadillac DPI de Eric Curran e Felipe Nasr. Para a dupla de pilotos americano e brasileiro, mais uma volta e teriam chegado à vitória, pois fecharam a última volta a 2,389s do vencedor que, tal como o segundo classificado, ficou sem gasolina sensivelmente a meio da volta de regresso às boxes depois da bandeira de xadrez.

O Cadillac de Jordan Taylor e Render van der Zande também jogou à roleta russa com o consumo, tal como o Mazda de Harry Tincknell e Jonathan Bomarito, mas a deusa da sorte nada quis com eles e ambos foram forçados a abortar a estratégia desenhada e encaminharam-se para as boxes para um breve reabastecimento. Renúncia que cobrou preço elevado no caso do Mazda da Joest Racing que terminou no oitavo lugar, enquanto o Cadillac DPI conseguiu recuperar até à quarta posição.

No arranque, Robert Alon conseguiu ficar na frente de Ricky Taylor, mas Van Der Zande e Montoya encarnaram personagens de “Destruction Derby” e embateram um par de vezes um no outro, dando a oportunidade para os dois Mazda Joest subirem na classificação.

Uma bandeira amarela em todo o circuito, logo no final da primeira volta quando Gustavo Yacaman (que em 2017 andou no International GT Open com um BMW M6 GT3 da Teo Martin Motorsport) fez um pião com o Ligier LMP2 e plantou o carro na escapatória. No recomeço, Alon conseguiu rechaçar os ataques de Ricky Taylor.

Nova bandeira amarela em todo o circuito, quando um Ferrari da categoria GTD (Francesco Piovanetti) fez um pião e acertou no muro da zona do “kink” uma das zonas mais conhecidas e mais difíceis do circuito de Road America. Como tinha parado antes desta bandeira amarela, Felipe Nasr reclamou o comando da corrida na frente do futuro vencedor, Colin Braun que tinha acabado de receber o Oreca das mãos do “gentleman driver” Jon Bennett. Que, refira-se, fez um excelente trabalho, melhor que em outras ocasiões.

No campo da Action Express, as coisas não correram nada bem à dupla João Barbosa e Filipe Albuquerque que depois do sétimo lugar na qualificação, teimavam em não conseguir entrar nos cinco primeiros, rodando entre o sexto e o sétimo lugar, nem valendo a estratégia que, desta feita, não foi muito ousada.

O drama começou a desenhar-se quando Robert Alon parou nas boxes e acertou numa das pistolas de troca de pneus, sendo por isso penalizado com um “drive thru” que o atirou de forma violenta para fora dos dez primeiros. O auge do drama chegou quando Alon foi colocado fora de pista por um Acura NSX da categoria GTD, situação que fez sair nova bandeira amarela, estendida a todo o circuito.

Filipe Albuquerque deu um ar da graça do Cadillac nº5 da Action Express, chegando a segundo no recomeço da corrida passando por Colon Braun. O piloto da Core Autosport acabaria por perder mais algumas posições quando a equipa desenhou na estratégia ganhadora: na última ronda de paragens para reabastecimento, a equipa atestou o depósito até ao limite. Apostava a Core Autosport numa bandeira amarela e ela surgiu a 40 minutos do final da prova, cortesia de Sebastien Saavedra, colega de equipa de Gustavo Yacaman, que não quis ficar atrás do seu compatriota e acertou no muro da entrada das boxes. Era a oportunidade para colocar em prática a estratégia de consumo: Colin Braun, Ricky Taylor, Jonathan Bomarito e Stephen Simpson, ficaram em pista crentes que iria aparecer mais uma bandeira amarela que lhes ofereceria a oportunidade de poupar o combustível suficiente para chegar ao final.

A amarela não surgiu e depois de muitos nervos, Ricky Taylor não arriscou e parou para reabastecer a cinco minutos do fim da corrida, seguindo-se na volta seguinte Bomarito. Quem ficou em pista? Colin Braun e Stephen Simpson! Amboa com seguiram esticar o tanque de combustível para lá do sensato e conseguiram um primeiro e segundo lugares, na frente de um Filipe Nasr que tinha parado antes da bandeira amarela e pode ir de pé no fundo. Faltou-lhe uma volta… uma única volta seria suficiente para ser o brasileiro a reclamar a vitória. Ainda assim, foi uma boa operação para Nasr e Curran, pois aumentaram a sua vantagem na liderança do campeonato. Sem brilho, Filipe Albuquerque e João Barbosa fecharam a corrida de Road America no sétimo lugar final.

GT: vitórias para Ford e Porsche

Na categoria GTLM, a Ford beneficiou da mesma estratégia dos vencedores à geral para bater a BMW, embora neste caso tenha sido outros a arriscarem e a deixar depositada no Ford GT da Chip Ganassi Racing Ford GT a vitória. Richard Westbrook e Ryan Briscoe conseguiram resistir a tudo, desde um toque com um carro da categoria GTD e o Porsche de Nick Tandy (posteriormente penalizado devido a isso), até à estratégia agressiva do BMW M8 GTLM pilotado por Connor de Phillippi e Alexander Sims. Uma paragem mais curta colocou o M8 GTLM na frente do Ford GT. A vantagem do M8 foi-se derretendo como gelo ao solo, por um lado pelo andamento demolidor de Westbrook, por outro pela necessidade de andar devagar para tentar chegar ao final.

O Ford acabou por passar pelo BMW a dois minutos do final da corrida, enquanto o M8 ficou sem gasolina e nunca chegou às boxes. Não resultou a estratégia como sucedeu com os vencedores à geral e os últimos lugares foram reservados para Phillippi e Sims. O segundo lugar ficou para o Corvette de Tommy Miller e Oliver Gavin, seguido do outro Corvette, pilotado por Antonio Garcia e Jan Magnussen. Os líderes do campeonato, Joey Hand e Dirk Muller (Ford GT) eram os grandes favoritos à vitória, mas uma suspensão partida despejou-os para o sétimo lugar da classe GTLM.

Nos GTD, primeira vitória para Christina Nielsen, acompanhada por Patrick Long, ao volante de um Porsche 911 GT3, no campeonato IMSA. A piloto deu uma boa ajuda a Long para bater o Lamborghini Huracan GT3 e do Ferrari de Alessandro Pier Guidi e Cooper MacNeil. Na companhia de Katherine Legge, Álvaro Parente ajudou o Acura NSX GT3 a terminar uma corrida complicada no sétimo lugar da categoria.