IMSA: Albuquerque tenta o título, Barbosa experimenta novas sensações
Está prestes a começar um dos mais interessantes campeonatos de resistência do mundo. O IMSA WheatherTech SportsCar Championship começa a temporada em Daytona, como habitualmente, uma das provas mais aguardadas do ano.
Nos últimos anos o IMSA tornou-se numa referência no endurance mundial, com um campeonato forte, apelativo. De tal forma que a próxima regulamentação do WEC já conta com uma unificação dos dois campeonatos, algo que era impensável nos tempos gloriosos dos LMP1.
Os efeitos da pandemia fazem-se sentir em todos os setores do automobilismo e o IMSA não é exceção, até por estar também em fase de transição com os regulamentos LMDh à porta. Houve algum desinvestimento e não temos uma grelha tão imponente como já vimos mas temos os ingredientes suficientes para ter um bom campeonato.
A competição tem algumas novidades e a mais notada é a estreia da classe LMP3 nestas provas. As máquinas que eram habitualmente usada nos Michelin Prototype Challenge foram “promovidas” ao campeonato principal, numa tentativa de aumentar o número de carros em pista. Apesar das sete inscrições serem positivas, ficaram aquém do que a organização esperava inicialmente. A nível dos regulamentos desportivos temos também alterações com o sistema de pontos a ser revisto. Os pontos serão 10 vezes mais do que foram nos anos anteriores, com uma vitória agora a valer 350 pontos, 320 para o segundo, 300 para o terceiro, etc. Os pontos continuarão a ser atribuídos até ao 30º lugar em cada classe.
Além disso, o campeonato começará a atribuir pontos na qualificação. Uma pole valerá 35 pontos, com 32 pontos para um segundo classificado, 30 para o terceiro, etc., até ao 30º lugar em cada classe. Os pontos de qualificação serão atribuídos a todos os pilotos de cada carro, para além da respetiva equipa. O carro de cada fabricante que ficar mais acima na tabela também ganhará pontos para o campeonato dos fabricantes.
Também o formato da qualificação será alterado nas classes LMP2, LMP3 e GTD. As sessões serão divididas em dois segmentos e feitas por dois pilotos, sempre com troca de pneus. O primeiro segmento verá os pilotos Am com conjuntos de pneus novos em cada carro para definir a sua posição de partida. O piloto do segundo segmento qualificar-se-á para os pontos de campeonato.
Calendário também com novidades
Falar de datas nos tempos que correm é sempre um risco pois a evolução da pandemia é imprevisível e temos de estar preparados para mudanças de última hora. Mas para já o calendário do IMSA conta com 12 datas, 10 das quais atribuídas aos DPi. Este ano como novidade temos a “Motul Pole Award 100”. O evento de 100 minutos no ROAR, que atribui pontos de qualificação e estabelece a ordem de partida para as 24h de Daytona. Dois pilotos devem competir em cada carro, no entanto, são atribuídos pontos a todos os pilotos da lista de inscrição para cada carro.
- Daytona – 24h Daytona – 31 Janeiro – Todas as classes
- Sebring – 12h Sebring – 20 Março – Todas as classes
- Mid-Ohio – Mid-Ohio – 16 Maio – DPi, LMP3, GTD
- Detroit – Belle Isle – 5 Junho – DPi, LMP2, GTD
- Watkins Glen – Watkins Glen – 27 Junho – Todas as classes
- Mosport – Mosport – 4 Julho – Dpi, LMP3, GTLM, GTD
- Lime Rock – Lime Rock – 17 Julho – GTLM, GTD
- Road America – Road America – 8 Agosto – Todas as classes
- Virgínia – Virgínia – 22 Agosto – GTLM, GTD
- Laguna Seca – Laguna Seca – 12 Setembro – DPI, LMP2, GTLM, GTD
- Long Beach – Long Beach – 26 Setembro – DPI, GTLM, GTD
- Petit Le Mans – Road Atlanta – 9 Outubro – Todas as classes
Grelha com muitas mudanças
Nos DPi temos muitas mudanças com uma redução do número de inscrições a tempo inteiro. Um único Mazda, um único Cadillac da JDC-Miller e um segundo Cadillac Action Express confirmado apenas para Daytona são reduções importantes mas que são compensadas pela entrada Chip Ganassi Racing. A Penske terminou o seu trabalho com a Acura, mas os dois protótipos nipónicos continuarão em pista.
O #01 da Chip Ganassi usará o Cadillac Dpi-V.R com Kevin Magnussen e Renger Van Der Zande a tempo inteiro, Scott Dixon (nas provas longas) e Marcus Ericsson em Daytona. Também em Cadillac, o #5 JDC-Miller Motorsports (Tristan Vautier, Loic Duval e Sebastian Bourdais para as provas longas), o #31 da Action Express (Felipe Nasr, Pipo Derani com Mike Conway nas longase Chase Elliot apenas em Daytona). Com os dois Acura teremos o #10 da Wayne Taylor Racing (Ricky Taylor, Filipe Albuquerque, Alexander Rossi nas longas, Hélio Castroneves apenas em Daytona) e o #60 Meyer Shank Racing (Dane Cameron, Olivier Pla com Juan Pablo-Montoya nas longas e A.J. Allmendinger em Daytona). De Mazda teremos o #55 com Oliver Jarvis, Harry Tincknell e Jonathon Bomarito (nas provas longas). Apenas para Daytona teremos o #48 da Action Express Racing/Hendrick Motorsports em Cadillac com Jimmie Johnson, Kamui Kobayashi, Simon Pagenaud, Mike Rockenfeller.
Nos GTLM teremos apenas quatro máquinas a tempo inteiro com dois Corvette, um Porsche da Weathertech Racing Proton Porsche (a marca alemã retirou-se da competição) e um Ferrari da Risi Competizione que para já apenas pensa correr em Daytona. A BMW terá um programa apenas para a Michelin Endurance Cup (apenas provas de longa duração).
Em LMP2 teremos 10carros para a primeira prova do ano, sete LMP3 e em GTD teremos 19 máquinas no arranque da época, sendo que durante a época estes números podem mudar.
Filipe Albuquerque tenta o título na WTR
Depois de um ano memorável em 2020 onde se tornou campeão europeu e mundial de endurance, o piloto português chega à Wayne Taylor Racing com o rótulo de um dos melhores pilotos de endurance ainda mais vincado. Depois de cinco épocas a correr pela Action Express, o piloto de Coimbra irá pilotar o Acura ARX-05 da WTR, equipa que tem dominado em Daytona. No entanto nas contas do título a Action Express tem sido a mais forte com quatro títulos conquistados desde 2014, com a WTR a vencer um e a Penske os últimos dois, com o Acura ARX-05. Portanto o português vai para uma estrutura forte, aos comandos da máquina de referência nos últimos dois anos.
“Estou realmente feliz com este novo projeto”, disse Albuquerque, que somou até aqui seis vitórias e 19 pódios na IMSA: “A Wayne Taylor Racing é uma das melhores equipas da IMSA, estão sempre no topo em todos os eventos. A minha motivação não podia ser maior. Quanto aos meus colegas de equipa, penso que é difícil ter escolhido melhor. Lutei contra eles no ano passado e agora eles são meus companheiros, isso tira-me muita pressão. Entre todos nós, ganhámos tudo: IMSA, Daytona, Le Mans, ELMS, WEC, Indy500”.
As primeiras impressões de Albuquerque foram positivas: “Foi um começar de novo que me agradou bastante. A equipa é altamente profissional, os meus companheiros de equipa estão muito motivados e senti-me ’em casa’. Foi uma primeira abordagem que me deixou bastante agradado. Agora é trabalhar na informação recolhida e preparar os dias que aí vêm”
João Barbosa com um novo desafio
Depois do projeto na JDC-Miller Motorsport ter terminado de forma prematura e algo abrupta, João Barbosa encontrou um novo projeto. O experiente piloto luso estará na classe LMP3 aos comandos de um Ligier JS P320 da Sean Creech Motorsports . Barbosa está de volta a uma das primeiras equipas com quem se associou após a sua mudança para os States.
‘Estou muito entusiasmado por competir com a Sean Creech Motorsport na nova classe LMP3 fazendo equipa com o Lance Willsey para a temporada completa. O ano de 2020 foi desafiador em vários aspetos. Mal posso esperar por voltar à pista em 2021, começando nas 24 Horas de Daytona’.
Cadillac em destaque no ROAR
Tratou-se apenas de um teste, mas a tendência que vimos no fim de semana do ROAR indica que os Cadillac são novamente favoritos. As máquinas americanas lideraram todas as sessões de treino e na qualificação para a Motul Pole Award 100 foi o #31 a fazer o melhor tempo, apesar de ter sido penalizado por irregularidades na pesagem após a prova. Na corrida que defina a grelha para as 24h de Daytona, os Caddilac voltaram a estar em destaque e apesar de ter largado de sexto, o #31 venceu, conquistando assim os primeiros pontos do ano e a pole para a o próximo fim de semana.
O Mazda mostrou algum potencial e do lado dos Acura, foi mesmo o #10 de Albuquerque e ficar mais próximo do topo. O português ainda se está a adaptar à nova máquina mas fez uma boa corrida recuperando do sétimo (após penalização) até ao terceiro posto. No final o #10 ficou em quinto, lugar de onde largará na grande corrida.
Em LMP3, João Barbosa e a sua equipa conseguiram o quarto lugar na corrida de qualificação, em GTLM os Corvette foram destaque e ocupam a primeira linha da classe, em LMP2 foi o #51 da PR1 Mathiasen Motorsports a ficar com a pole e em GTD foi o BMW # 96 da Turner Motorsport a ficar com primeiro lugar da grelha na sua categoria.