Há 20 anos: Quando David bateu Golias, na ‘última vez’ de Vila do Conde


Vila do Conde, 14 e 15 de junho 2003: a última vez que a pista do Ave foi palco de corridas de automóveis. Nos Históricos 71, 1ª Série, assistiu-se a uma autêntico duelo de gigantes. Uma espécie de David contra Golias que, tal como na mitologia sagrada, terminou com este a perder estrondosamente.

Intervenientes: Adriano Barbosa, com um Lotus Elan 26R – o David; Miguel Paes do Amaral, com um Ferrari Daytona – o Golias. A primeira derrota do Golias foi logo nos treinos, onde “David” foi mais rápido 0,8s (1m24,7s, contra 1m25,5s). Depois, na corrida, o jogo do gato e do rato (ou, melhor, gatarrão e ratinho faroleiro…) continuou, angustiante, com o ratinho a ser tenazmente perseguido, mas conseguindo sempre fugir à dentada (leia-se passagem…) fatal.

E, ao fim de 12 voltas, David bateu Golias, por 3,025s. Ainda hoje, Adriano barbosa recorda com emoção esse duelo – até porque, para si, essa foi a sua última corrida e, também, a derradeira vitória na Princesa do Ave [por exemplo, tinha lá ganho no ano anterior, com o mesmo carro, então na prova dos H65 e H71, frente ao Ford Escort RS de Rui Costa]: “Foi muito engraçado! Nas retas, eu atrás dele, em 2º.

Chegava às curvas e zim!, passava por ele! Ganhava-lhe nas curvas aquilo que perdia nas retas, porque o Daytona era muito pesado, muito potente mas pouco manejável e o Lotus era uma ‘pena’, levezinho e ágil! Acabei por lhe ganhar a corrida e, depois disso, decidi abandonar.”

E explica a razão: “Fiquei a pensar que, nessa corrida, para ganhar, andei demasiado depressa com um carro que já era de 1966. É certo que estava todo reconstruído e bem preparado mas, dada a idade do carro, havia sempre a possibilidade de se quebrar qualquer coisa. E isso seria terrível, num carro que não tinha a mesma segurança que os carros modernos e mais actuais. Abandonei, pois acho que as corridas são para ser feitas com toda a segurança.”

Mais tarde, o Lotus Elan 26R foi pilotado pelo seu sobrinho, Pedro Barbosa Fins [28/03/1977 – 30/06/2013], com o qual foi campeão Nacional de Clássicos (H71) em 2010 e venceu a Taça de Portugal de Clássicos (H71) em 2010 e 2011.

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