Fórmula Ford em Portugal: Escola de pilotos
Se houve disciplina que contribuiu inegavelmente para o progresso do desporto automóvel nacional, essa foi, sem dúvida alguma, a Fórmula Ford. Nos múltiplos anos de atividade, esta disciplina orientada para a formação de pilotos, fez brotar nomes como António Simões, Pedro Matos Chaves, Pedro Couceiro, Pedro Lamy ou Manuel Gião, entre outros. Uma grande aposta da marca da oval azul que deu os seus frutos, servindo de patamar intermédio para os recém-chegados do Karting e preparando-os para uma carreira internacional. Apesar de ter nascido em 1970, diversos fatores levaram a que não atingisse o sucesso a que estava destinada, e só em 1985 é que alcançou o seu expoente máximo.
Pensada para servir os jovens valores nacionais, a revitalização da competição ficou a cargo de Udo Kruse e de Miguel Oliveira. O responsável máximo da Ford Lusitana e o patrão da equipa Diabolique criaram em parceria as condições para que o campeonato de Fórmula Ford pudesse ser acessível a qualquer um e levasse os pilotos a retirarem a maior experiência possível.
Para isso, a Diabolique comprou 25 monolugares e a Ford apelou aos seus concessionários para que apoiassem os pilotos. A 3 de janeiro de 1985, o AutoSport escreveu: «A iniciativa das duas empresas nacionais não surgiu isolada, antes apresentou-se enquadrada num programa que a Ford apresentou a nível europeu, mas que no nosso país conheceu uma dimensão ímpar que só foi possível graças ao interesse da Ford e à disponibilidade da Diabolique, e que em conjunto criaram uma iniciativa que devido ao conjunto de pessoas que envolveu, pode considerar-se ímpar, a nível europeu”.
A fórmula para o sucesso estava encontrada. Os anos de ouro Nos 17 anos que perdurou, a Fórmula Ford abriu as portas a muitos valores nacionais. Pedro Matos Chaves e Pedro Lamy foram os exemplos mais evidentes do êxito desta competição. A “classe” de 1986 consagrou Matos Chaves como melhor aluno e lançou-o, posteriormente, no mundo da Fórmula 1, na qual entrou em 1991 através da equipa Coloni.
Três anos depois foi a vez de Lamy. O piloto conquistou o campeonato, após ser mais forte que Gião e Couceiro na contenda pelo título. A sua carreira na Fórmula 1 ficou marcada pelo facto de em 1995 se ter tornado o primeiro português a pontuar num Grande Prémio. Porém, outras personalidades bem conhecidas do meio automóvel inscreveram os seus nomes na placa de ouro: Pedro Leite Faria (1987), Diogo Castro Santos (1988), Frederico Viegas (1992), José Pedro Fontes (1995 e 1997), José Peres (1996), Ricardo Megre (1998) e, já noutro formato, Pedro Salvador (2000) e Gonçalo Gomes (2001 e 2002). Depois de uma ausência em 1999, a Fórmula Ford continuou a existir: os chassis evoluíram, tal como os motores, sendo apelidada de Fórmula Novis by Ford, perdurando até 2003. Nesse ano, o número escasso de inscritos nesta competição de monolugares precipitou o seu fim.