Fórmula E: Um artista chamado Félix da Costa
A capacidade humana de se reinventar e de criar é algo que não nos deixa de surpreender a cada dia. A capacidade de adaptação ao que nos rodeia, com aquele pingo de atrevimento ao querer fazer as coisas à nossa maneira. Todos os dias fazemos isso. Mas há artistas que o fazem com um brilho tremendo.
São esses artistas que fazem o mundo girar, que fazem as coisas acontecer, que nos fazem ver o que parece vulgar por um prisma diferente. Felizmente, há muitos e bons artistas em todas as áreas. Mas hoje, vamos falar apenas de um. António Félix da Costa. A sua obra é já vasta com momentos que nos fizeram vibrar muito: as prestações incríveis no primeiro ano de Fórmula Renault 3.5. O segundo ano em que apesar das adversidades conseguiu mostrar que era um predestinado; A primeira vitória no DTM; A primeira vitória na Fórmula E; os stints arrasadores em Le Mans; o título na Fórmula E.
A lista é mais extensa, mas gostaria apenas de destacar dois momentos de brilhantismo. Duas ultrapassagens, que além de estupendas, dizem muito do que é o piloto.
A primeira, a ultrapassagem no Mónaco em 2021, que lhe deu a vitória no principado. Félix da Costa vinha de uma série de maus resultados, com a DS Techeetah a ter um arranque morno. Nas seis primeiras corridas tinha um pódio, uma desistência, uma desclassificação e corridas muito duras. Mas no Mónaco, vestiu o fato de gala e lembrou os mais distraídos que pertence também à realeza do desporto motorizado. Uma corrida implacável, frenética, em que o português selou o triunfo com uma ultrapassagem no limite, no fim da prova, vencendo no palco mais desejado por todos, dizendo bem alto “estou aqui”.
A segunda, foi a que vimos ontem na Cidade do Cabo. O português sentiu a pressão no arranque da época, ainda pouco à vontade com o seu novo monolugar e a sua nova equipa, a Porsche. Enquanto o seu colega colecionava vitórias e pódios, Félix da Costa estava dolorosamente longe do topo. Veio o pódio em Hyderabad e o primeiro raio de sol. Na Cidade do Cabo, a qualificação também não correu bem (foi 13º em Hyderabad e na Cidade do Cabo, ele que é o #13), mas na corrida foi com tudo e selou a vitória também perto do fim, com uma manobra soberba.
Pontos comuns entre as duas manobras: o arrojo de o fazer onde poucos achavam que era possível; o talento de medir precisamente o nível de agressividade; a alma de acreditar no seu talento; a confiança de esquecer os maus momentos e gritar “presente” bem alto àqueles que sempre duvidam.
Félix da Costa terminou em lágrimas. Lágrimas de alívio, de felicidade, de humildade em reconhecer um arranque de época difícil. Mas lágrimas que lavaram qualquer dúvida sobre a sua capacidade e acima de tudo… sobre a sua vontade de triunfar. Félix da Costa fez mais uma vez cantar a portuguesa, como tinha feito no Mónaco em circunstâncias algo semelhantes. Cantou orgulhosamente, de peito cheio e o seu país vibrou com ele. O artista adicionou mais uma obra-prima ao seu vasto repertório. E há mais a caminho.
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Nós elogiarmos o nosso piloto, é normal, mas ouvir estrangeiros elogia-lo, dá um gostinho especial. Ontem, ouvi Pedro Henrique Marum, do site brasileiro Grande Prémio, dizer o seguinte: “as duas melhores ultrapassagens que vi na fórmula E, foram do AFC, esta e a do Mónaco”. Estas palavras enchem de orgulho qualquer fã do AFC.
Daqui do Brasil, torci muito por AFC ontem, em toda a corrida e principalmente naquela incrível parte final. Absolutamente soberba foi a sua atuação! Um verdadeiro campeão!