Fórmula E: Félix da Costa perto da vitória!
Por Fábio Mendes
António Félix da Costa esteve perto de vencer o E-Prix de Santiago, no Chile. O piloto português fez uma recuperação fantástica desde o 10º lugar até à liderança da prova, mas um problema na sua bateria obrigou-o a renunciar ao merecido triunfo. Maximilian Günther, da BMW, foi o vencedor.
Fórmula E regressou às pistas, para a terceira ronda do campeonato 2019/2020, cujo palco foi O’Higgins Park, na cidade de Santiago, no Chile. Foi a terceira visita da competição 100% elétrica a esta pista. Alexander Sims (BMW) era o líder antes do evento do último fim de semana, seguido de Stoffel Vandoorne (Mercedes) e Sam Bird (Envision Virgin). António Félix da Costa era 13º, atrás do seu companheiro de equipa e campeão em título Jean-Èric Vergne (DS Techeetah).
O fim de semana começou da melhor maneira para o piloto português com o segundo tempo na primeira sessão de treinos livres, logo atrás de Sam Bird (1:04.914). Na segunda sessão de treinos foi Oliver Rowland (Nissan) a ficar no topo da tabela (1:04.799), seguido de Felipe Massa (Venturi), com Félix da Costa a ser sexto, numa sessão interrompida prematuramente após acidente de Ma Qing Hua (NIO).
Evans brilha na qualificação
Seguiram-se as qualificações, com Félix da Costa a ficar no Grupo 3, tendo conseguido apenas o quarto melhor tempo do grupo. Sébastien Buemi (Nissan), Oliver Turvey (NIO), Felipe Massa e Pascal Wehrlein (Mahindra) conseguiram vaga para a Super Pole, assim como “Maxi” Günther, que parecia ter a pole garantida (apesar das dúvidas sobre a legalidade da sua saída das boxes, pois falou-se de uma possível saída com o sinal vermelho, o que não aconteceu), mas o esforço de Mitch Evans (Jaguar) roubou a pole ao alemão, com Evans a ficar a quase 0,3s de vantagem (1:04.941), garantindo assim o primeiro lugar da grelha, enquanto Félix da Costa ficava pela 10ª posição, à frente de Jean-Èric Vergne.
Destaque para o acidente de Rowland, no seu grupo de qualificação, o que obrigou a Nissan a trabalhos redobrados para reparar o seu monolugar, complicando a volta a Lucas Di Grassi (Audi), que também acabou no fundo da tabela. Edoardo Mortara (Venturi) ficou perto da Super Pole mesmo depois de ter sido atrapalhado por Robin Frijns (fez um pião, embora tenha recuperado rapidamente) e Turvey merece uma menção honrosa por ter colocado o seu NIO na Super Pole, um feito notável para o carro menos competitivo da grelha.
Grande recuperação de Félix da Costa
Na corrida, Mitch Evans arrancou bem, com Pascal Wehrlein a conseguir subir uma posição, ficando na frente de Günther. Enquanto na frente a luta ficava mais calma, mais atrás esta intensificava-se. Jean-Èric Vergne saiu melhor do que António Félix da Costa e colocou-se em oitavo, numa altura em que o português caiu para 12º, envolvendo-se ainda num incidente que teve Sims como ator principal. A sucessão de toques danificou em demasia o BMW do britânico, que foi obrigado a desistir pouco depois, dando origem ao primeiro Full Course Yellow (FCY).
No recomeço da prova, os dois DS Techetaah defendiam-se dos ataques dos Mercedes de Vandoorne e de Nyck de Vries. A batalha intensificou-se com mais intervenientes e uma manobra demasiado otimista de Rowland danificou a asa do piloto da Nissan e fez Sam Bird perder muitas posições.
A meia hora para o fim da corrida, Evans controlava a liderança perante Wehrlein e atrás do alemão seguia um ‘comboio’ com Günther, Mortara e Massa. Pouco depois, o brasileiro foi obrigado a ir contra o muro num desentendimento com Mortara, seu colega de equipa, e abriu a porta aos dois DS Techeetah, com Vergne a ficar em quinto e Félix da Costa em sexto.
As lutas sucediam e na frente Günther atacou forte Evans, que não teve argumentos para segurar o jovem alemão, o qual assumiu assim a liderança da prova.
Foram precisas algumas voltas para Vergne passar Wehrlein e assumir a terceira posição e da Costa passar Mortara para chegar ao quarto posto. Mas a corrida de Vergne terminou pouco depois, com os danos sofridos nas lutas do início da prova a impedirem o francês de continuar. Félix da Costa protestou pela demora de Vergne em o deixar passar, e, assim que ficou livre do francês, tratou de despachar Evans pouco depois, subindo ao segundo posto, indo de faca nos dentes atrás de Günther.
A dois minutos do fim, o português arriscou tudo e tentou a ultrapassagem ao piloto da BMW e, apesar de alguns toques, conseguiu alcançar a liderança da prova. Mas foi sol de pouca dura, pois a bateria do seu monolugar não aguentou o esforço e estava a sobreaquecer, o que obrigou o piloto luso a levantar o pé e a ceder a posição a Günther a três curvas do final. Günther foi assim o vencedor do E-prix, tornando-se no piloto mais jovem a vencer na Fórmula E. Félix da Costa teve de se contentar com o segundo posto e Evans completou o pódio.
Pelo Paulo Gonçalves
António Félix da Costa fez uma excelente corrida e foi um dos homens do dia. O português conquistou o seu primeiro pódio pela sua nova equipa, logo na terceira corrida, e, mais que isso, conseguiu assim prestar a desejada homenagem a Paulo Gonçalves. Félix da Costa estava determinado em levar a bandeira portuguesa ao pódio e fazer o devido tributo ao “Speedy”, que faleceu tragicamente no Dakar 2020.
A prestação de Félix da Costa foi brilhante, tendo chegado à liderança da prova perto do fim, mas um problema de sobreaquecimento das baterias do seu monolugar obrigaram-no a ceder na luta com Günther. Ainda assim foi um excelente resultado para o português.
“É muito bom obter um primeiro pódio e lutar pela vitória com a minha nova equipa, logo ao cabo de três corridas. Ainda temos algum trabalho a fazer, porque, nesta jornada, a nossa primeira vitória esteve totalmente ao alcance. Somos uma equipa nova e temos algumas coisas para melhorar. Em termos da gestão de energia, cometemos um erro e pensei que estávamos bem para ir até ao fim da corrida. Foi por isso que fiz a ultrapassagem para a liderança da corrida, mas, logo de seguida, tive de abrandar subitamente para acautelar a temperatura do sistema. No final, é bem melhor terminar em segundo e pontuar do que não conseguir terminar a corrida.”
Félix da Costa descontente com postura de Vergne
O piloto português não escondeu a frustração durante a parte final da corrida, quando estava atrás de Jean-Èric Vergne. Os danos no carro do francês já estavam a atrapalhar o seu ritmo, mas nem por isso o piloto facilitou a vida a Félix da Costa, que perdeu tempo atrás do colega de equipa. Na conferência de imprensa, da Costa admitiu que ficou feliz com o trabalho de equipa na primeira parte da corrida, em que ambos subiram na classificação, mas mostrou algumas dúvidas quanto ao comportamento do seu colega na parte final e afirmou que o assunto seria discutido internamente.
Segunda vitória consecutiva para a BMW
O ano está a começar da melhor forma para a BMW. A equipa lidera o seu campeonato e leva já duas vitórias, superando o registo de triunfos conseguido no ano passado. Alexander Sims perdeu a liderança do campeonato para Vandoorne, mas agora os dois pilotos da BMW estão no top 5. Um começo muito positivo para a equipa bávara. Desde que Félix da Costa saiu da equipa que a BMW tem estado em boa forma, algo que o português admitiu, reiterando ainda assim plena confiança na decisão de ter mudado.
Resultados:
1 – Maximilian Günther Andretti Autosport 40 voltas
2 – António Felix da Costa Techeetah +2.067
3 – Mitch Evans Jaguar Racing +5.119
4 – Pascal Wehrlein Mahindra Racing +7.050
5 – Nyck de Vries, Mercedes + 9.883
6 – Stoffel Vandoorne Mercedes + 11.237
7 – Lucas di Grassi Team Abt +14.437
8 – James Calado Jaguar Racing + 18.255
9 – Felipe Massa Venturi +20.430
10 – Sam Bird Virgin Racing + 21.780
Classificação Campeonato:
1 – Stoffel Vandoorne 38
2 – Alexander Sims 35
3 – Sam Bird 28
4 – Maximilian Günther 25
5 – Lucas di Grassi 24
6 – Oliver Rowland 22
7 – António Félix da Costa 21
8 – Mitch Evans 21
9 – Andre Lotterer 18
10 – Edoardo Mortara 18