A encruzilhada do Mundial de Endurance e as ‘saudades’ dos Grupos C

Por a 17 Novembro 2017 15:06

Enquanto o novo regulamento do WEC não sai, tendo sido novamente adiada qualquer conclusão, uma vez que a dificuldade em encontrar consensos numa série que reúna inovação tecnológica com custos controlados é grande, ficam apenas os rumores que vão surgindo, sendo o mais recente a tentativa de reavivar os antigos GTP.

Os GTP (lançados em 81) foram uma classe de grande sucesso no IMSA, que tinha grandes semelhanças com os Grupo C. Enquanto o Grupo C focou apenas o consumo de combustível e a eficiência, os GTP usaram um conceito de equilíbrio de performance das várias máquinas. O Grupo C é ainda hoje recordado como uma das grandes fórmulas da história do automobilismo.

Os anos 80 foram concentraram o melhor do desporto motorizado e os fãs apaixonaram-se ainda mais pela competição nessa fase. O mundo estava a recuperar de uma crise que viu o preço dos combustíveis subir em flecha e os fabricantes de automóveis encararam com otimismo a competição colocando projetos sólidos e bem financiados. Além de uma F1 em claro crescimento tecnológico e mediático, tínhamos os Grupo A, os Grupo B que fizeram as delicias dos fãs do rally e o Grupo C que dominou as pistas chegando inclusive a ter uma popularidade semelhante à F1. Era uma época onde a velocidade aumento exponencialmente e os pilotos se tornaram verdadeiros heróis, domando máquinas ferozes, de uma potência imensa.

Em 1982 foi criado o Grupo C que permitia uma grande variedade de soluções uma vez que a única restrição era o combustível, limitando a capacidade do depósito (100kg) e o número de paragens para reabastecimento (5 paragens) nas corridas de 1000Km. A partir daí tudo era possível, com o uso de motores turbinados ou aspirados. A variedade de soluções começou a surgir e o interesse pela competição aumentou. Surgiram carros com linhas fluidas para diminuir o arrasto e com o aproveitamento do “efeito solo” que começava a ganhar cada vez mais preponderância. As velocidades começaram ma subir até que em 1988 foram registados 405km/h em Le Mans.

As marcas começaram a juntar-se e podíamos ver grelhas repletas de carros com igual possibilidade de vencer a corrida. O sucesso foi cada vez maior e LeMans viveu uma época de popularidade tremenda. O tiro no pé foi dado em 1991, quando os regulamentos baniram os turbos e passaram a permitir apenas motores 3.5L de qualquer configuração como existiam na F1.

A solução passou a ser um problema e os motores fizeram disparar os custos da disciplina, levando a saída de cada vez mais competidores. As grelhas começaram a ficar vazias e as grandes marcas começaram a entender que para o custo que tinham, mais valia ir para a F1 que tinha mais exposição. Caiu-se no mesmo erro que se fez nos anos 70, em que se baniram os motores 5L para os 3L (que se usavam na F1) para diminuir as velocidades e assim o risco. Os custos aumentaram e Le Mans passou por uma fase de reduzido interesse.

Diz-se que foram Ecclestone, Mosley e Ballestre que estiveram por detrás da mudança de regulamentos que acabou com uma das fases mais interessantes do endurance e que voltou a dar o destaque total à F1. O Grupo C acabou em 1994, mas deixou grandes recordações, e grandes máquinas que ainda hoje fazem as delicias dos fãs. O grande fascínio daquela época, para além da competição renhida era a grande variedade de soluções. Vimos motores de todos os tamanhos e feitios. V8, V12 ou o rotativo da Mazda. Soluções e perspetivas diferentes que deram resultados ainda hoje recordados com saudade. Fazer reviver esta época será uma tarefa difícil.

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Subscribe
Notify of
2 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
can-am
can-am
7 anos atrás

Os grupos C deixaram saudades, mas como sempre em tudo o que possa fazer sombra à F1, a FIA, Ecclestone e Ca trataram de o deitar abaixo,sob variadíssimos pretextos : que eram muito caros, perigosos e rápidos demais, etc. A mesma conversa de sempre, que se tem vindo a repetir recorrente- mente até hoje,quando se pretende fazer acabar alguma disciplina. A partir daí os protótipos sofreram um downsizing enorme (já não era o primeiro, nem iria ser o último !), com os WSC, os GT1 e estes LMP 1s, que por seu lado já foram “cortados” N vezes actuais –… Ler mais »

so23101706
so23101706
7 anos atrás

O WEC terá sempre uma utilidade, que é a de os oligarcas russos lavarem o dinheiro sujo. Hoje mesmo foi apresentado o protótipo BR-01 pela SMP Racng. Uma breve pesquisa fez-me saber que a SMP é financiada pelo Banco SMP, que pertence a um tal Boris Rotenberg, o 69.º homem mais rico da Rússia e confidente do Vladimir Putin. O homem está queimado em todo o lado: as suas companhias estão na lista negra dos EUA e da União Europeia e a Visa e a MasterCard boicotaram o banco SMP. Boa gente, portanto. É este e o dentista Colin Kolles.… Ler mais »

últimas VELOCIDADE
últimas Autosport
velocidade
últimas Automais
velocidade
Ativar notificações? Sim Não, obrigado