Em 1991 fui Campeão Nacional de Fórmula Ford, no ano em que fui assistido pela Bastos Sport, do senhor Artur Bastos – que foi o meu primeiro grande professor em tudo o que se relaciona com automóveis. Nessa altura, era acompanhado pela esposa, a Dona Inês, uma mulher com um coração enorme. Também nesse ano, a minha mãe conseguiu o patrocínio de uma amiga, que estava no Grupo Jerónimo Martins. E o meu carro passou a ostentar o nome Don Algodon, um sponsor todo chique e que era uma marca de perfume.
Um dia, a minha mãe convidou essa sua amiga para assistir a uma prova minha. Tinha-lhe dito que o mundo dos automóveis era muito fino, muito elitista… E, logo no sábado, depois dos treinos, regressei às boxes e, quando quis entrar com o meu carro, não pude.
Muito simplesmente, lá estava a Dona Inês, estendida no chão em cima de uns jornalecos, a bater uma boa sesta. O Fórmula Ford não tinha buzina, está claro e ela nem com o barulho do motor acordou! Mas o melhor da festa estava para vir.
No dia seguinte, ganhei a prova. E, estava eu no pódio, a festejar e a abrir o champanhe, com a minha mãe e a sua amiga na primeira fila, quando ouvi, no meio daquele barulho todo, a voz da Dona Inês: «Oh Giãoeeee!» Ela falava com um forte sotaque do Norte, é preciso acrescentar, para que se perceba melhor: “Oh Giãoeeee! Guarda o champanhe para o franguinhoeee!” É que ela comprava sempre frango assado no final das provas para os mecânicos… e era regado com o champanhe.