CPV – Um novo começo

Por a 4 Abril 2022 15:32

2022 é um ano de mudança no panorama da velocidade nacional. Depois de dois anos de crescimento com a Prime Promotion, a Race Ready e a TCR Euro Series tomam agora as rédeas do Campeonato de Portugal de Velocidade.

A velocidade em Portugal anda um pouco ao “sabor da maré”, com altos e baixos e por vezes sem um rumo bem definido. Era um pouco nesse estado que estava a competição em 2020, quando a Prime Promotion de Paulo Pinheiro e Pedro Marreiros resolveu ajudar a ANPAC, cujo trabalho merece ser enaltecido na manutenção da velocidade nacional, e pegou na categoria rainha da velocidade. Dando mais vida e mais cor à competição que em 2021 voltou a ser Campeonato de Portugal de Velocidade, numa conjuntura difícil, vimos o surgimento de projetos interessantes e um renovado entusiasmo em volta da velocidade. Depois de duas épocas de crescimento, a velocidade entra agora num novo capítulo.

A FPAK (Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting), a Race Ready e a TCR Euro Series subscreveram um contrato para a promoção do Campeonato de Portugal de Velocidade (CPV) com a duração de três anos, que se inicia este ano.

Com os Supercars Endurance, competição promovida pela Race Ready e a TCR Euro Series como molde, a mesma regulamentação técnica foi implementada no campeonato de velocidade mais importante de Portugal.

Com esta junção entre o Supercars Endurance e o CPV, Diogo Ferrão (Race Ready) e Paulo Ferreira (TCR Euro Series) unem, também, a sua ampla experiência para assumir agora a responsabilidade de construir, dinamizar e promover o campeonato português . E a chave do sucesso, afirmam os novos promotores do campeonato, está na concessão de um BOP (balance of performance) equilibrado, o que apenas é possível graças às licenças GT4 e TCR detidas pelos dois promotores já referidos.

Para 2022, quase todos os carros Cup que correram no CPV 2021 podem continuar a competir na categoria GTC, onde já militavam os Ginetta G50, o Lotus Exige e o Porsche 991.1 Cup com os respetivos BoP. No entanto,a GTC continuará “a ser a categoria de entrada no CPV, com custos menores, exclusiva para pilotos Bronze e utilizando apenas um jogo de pneus por fim-de-semana, mas também com BoP mais restritivo que limitará uma vitória à geral. Será a categoria perfeita para quem, sem pretensões de ganhar à geral, mas sim a lutar pelo sucesso na sua categoria, queira aproveitar o excelente pacote de comunicação do Campeonato de Portugal de Velocidade”, explicou Diogo Ferrão.

Os novos regulamentos

Já são conhecidas as linhas mestras do regulamento desportivo do Campeonato de Portugal de Velocidade (CPV), que arranca nos próximos dias 9 e 10 de abril, no Autódromo do Estoril. A pedra de toque das regras será proporcionar corridas tão emocionantes quanto imprevisíveis ao longo da época de 2022.

À semelhança do ano transato, quando os promotores adotaram um modelo de grande sucesso no Supercars Endurance, para 2022 a estrutura regulamentar do CPV será similar, assente num BoP estudado e definido para proporcionar igualdade de andamentos entre os veículos GT4, TCR e GTC.

Há que destacar a particularidade de a categoria GTC, projetada para ser a mais económica, admitir que os antigos GT4 com homologação caducada (Ginetta G50 e Aston Martin Vantage) ou mesmo carros de ex-troféu monomarca possam continuar a competir, como são os exemplos dos Lotus Exige Cup, Porsche 991.1 GT3 Cup, Ferrari 430 Challenge ou Skoda Otavia. Mas a abrangência desta categoria admite ainda máquinas como o Ginetta G50, GT4 Nissan 350Z, Porsche 997 GT3 Cup e BMW M2 CS.

Em cada jornada, em vez de duas sessões de treinos livres de 20 minutos passa a haver uma de 40 minutos, sendo que cada uma das duas corridas do fim de semana terá a duração de 45 minutos.

Tal como sucede em qualquer campeonato europeu na categoria GT4, a divisão de pilotos em Bronze e Silver no CPR vai permitir o reconhecimento destes últimos e abrir a oportunidade de poderem ajudar os primeiros. O regulamento admite um piloto Bronze a correr a solo ou ainda uma dupla Bronze. Já no Turismos TCR não existe categorização de pilotos, tal como acontece no seu Campeonato Europeu, e irá ajudar a corridas muito interessantes.

Estabilidade e investimentos mais sustentados

Ao dispor, através dos seus promotores, das licenças GT4 e TCR a nível internacional, o Campeonato de Portugal de Velocidade garante às equipas investimentos mais sustentados, quer mediante a facilidade de venda dos respetivos carros no final de cada época quer com a garantia de estabilidade assegurada pelo contrato de três anos.

E Paulo Ferreira faz questão de enumerar outras vantagens: “Este regulamento técnico, para além de corridas mais competitivas para o público, possibilita às equipas e aos pilotos a disputa de provas internacionais já adaptadas a estes carros, de forma a continuarem a sua carreira além-fronteiras ou, por exemplo, a participar nos FIA Motorsport Games, os jogos olímpicos da FIA, competição em que estão representados os melhores pilotos de cada país”.

Comunicação: pacote inovador e tecnológico

Sendo o Campeonato de Portugal de Velocidade a competição rainha das provas de velocidade nacionais, os seus promotores asseguraram já que todas as jornadas terão transmissão em direto nas redes sociais e no Youtube e a prova mais mediática do ano, o Circuito de Vila Real, será transmitida em direto e gratuitamente no Porto Canal. Esta será, sem sombra de dúvida, uma mais-valia para pilotos e respetivos patrocinadores, tratando-se da prova mais mediática da temporada e que movimenta, no traçado urbano transmontano, milhares de pessoas.

O Calendário

Procurando reunir um conjunto de condições que seja do agrado dos pilotos e das equipas, como a possibilidade de poderem disputar em simultâneo o Supercars Endurance (2 provas em Espanha e 2 em Portugal), já que os parâmetros técnicos e desportivos são idênticos aos do CPV, a grelha de provas em 2022 aponta para a introdução de algumas novidades face à época anterior.

O calendário do campeonato de 2022 engloba o regresso ao exigente e mítico traçado de Vila Real, enquanto para Portimão (30/31 julho) está a ser desenhada uma ação inovadora, de forma a conseguir trazer o público que se encontra de férias ao circuito.

CALENDÁRIO PROVISÓRIO 2022

CAMPEONATO DE PORTUGAL DE VELOCIDADE

09/10 abril – Estoril

04/05 junho – Jarama

01/03 julho – Vila Real

30/31 julho – Portimão

24/25 setembro – Braga*

SUPERCARS ENDURANCE

04/05 junho – Jarama

30/31 julho – Portimão

10/11 setembro – Barcelona

18/20 novembro – Estoril

*Caso sejam feitas as obras necessárias para a homologação da pista

O que se sabe para já?

Ainda não há muitos programas oficializados e, como é hábito em Portugal, essas apresentações costumam ser feitas muito perto do arranque das épocas. Claro que a conjuntura atual não ajuda e, mais uma vez, a velocidade nacional poderá sofrer as consequências da instabilidade global que se vive nos vários mercados. Não faltam bons talentos e boas estruturas, mas por vezes o que falta é o mais importante… o dinheiro e os patrocinadores. No entanto, os promotores do novo campeonato apontam para 15 carros em pista como um número adequado à realidade nacional e a este primeiro passo numa nova era. Com o objetivo de dar mais visibilidade ao campeonato, é preciso dar tempo para que essa visibilidade surta efeito e convença novos patrocinadores a juntarem-se aos projetos. A chave, como já referido, é o equilíbrio de prestações dos carros e um bom pacote media de promoção que tentará permitir o retorno desejado. Já estão confirmados dois GT4 da Araújo Competição. Serão dois McLaren 570S GT4, um deles já entregue à dupla Francisco Carvalho e Miguel Cristóvão, sendo que o segundo carro está entregue a Álvaro Ramos e Fred Block. Também Daniel Teixeira confirmou presença para este ano, ele que se tem destacado no Supercars Endurance, na categoria TCR. Esperam-se mais confirmações para breve.

Os desejos para 2022

A velocidade nacional está recheada de grandes talentos e excelentes estruturas que podem dar-nos um bom campeonato. Era preciso estabilidade e com um acordo de três anos com os novos promotores, essa estabilidade pode chegar. É certo que o momento não é o melhor, mas mesmo em 2020 e 2021 em plena crise pandémica vimos bons projetos a surgir. Que seja o começo de uma era próspera, com boas corridas, boas grelhas e que o público se aproxime mais das corridas de velocidade. Há matéria prima para um bom espetáculo. Esperemos que todos os intervenientes façam a sua parte.

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