Vila Real/ANPAC: Emoção, espetacularidade, adrenalina e lutas musculadas
O derradeiro dia do 52º Circuito Internacional de Vila Real amanheceu com céu azul e temperaturas primaveris, condições perfeitas para as segundas corridas dos campeonatos da ANPAC. E, como sempre sucede em Vila Real, os 4755 metros do traçado vila-realense estavam apinhados de público logo pela manhã, ávido por mais um dia de corridas com emoção, drama e muita competição.
E os pilotos do Campeonato de Portugal de Velocidade 1300, Campeonato de Portugal de Velocidade Clássicos, Campeonato de Portugal de Velocidade Legends e Campeonato de Portugal de Velocidade Super Legends, entregaram-se de corpo e alma às corridas, num ambiente único e num traçado que mexe com os pilotos, salientando quase todos que é “impressionante andar a 200 km/h pelo meio dos rails!”.
Depois do dia de sexta-feira dedicado às sessões de treinos livres e cronometrados, onde ficaram escritas as tendências para a vitória, o dia de sábado confirmou a superioridade de quem fez os melhores tempos nas qualificações. Mas como sempre sucede com as corridas da ANPAC, as lutas pela primeira posição nas diversas categorias, foram o tempero necessário para um fim de semana de grande emotividade. E o último dia de provas não fugiu a essa regra começando bem cedo com as máquinas e pilotos do CPV1300.
E tudo Luís Alegria e o Datsun 1200 levaram nos 1300
O rastilho curto do Citroen AX Sport de Luís Mendes foi o grande “culpado” pela falta de discussão pelo primeiro lugar nas duas corridas do Campeonato de Portugal de Velocidade 1300 (CPV1300). Por outro lado, foi o “culpado” da espetacular recuperação que Luís Mendes fez na segunda corrida. Tudo porque na primeira manga o AX Sport foi caprichoso e deixou o seu piloto apeado, obrigando-o a sair da última fila da grelha de partida forçando o espetáculo dado por Luís Mendes no caminho até ao segundo lugar final após 12 voltas de corrida.
Aliás, Luís Mendes acabou por encontrar em Jorge Marques um parceiro para o espetáculo quando apanhou o Toyota Starlet 1300S no caminho para o segundo lugar. Marques vendeu cara a derrota, mas o mais importante foi ver uma luta feroz e musculada entre dois pilotos sem toques ou manobras perigosas. Foi uma delícia ver o AX de Mendes em duas rodas para evitar o toque no Starlet de Marques ou o Toyota a travar muito tarde para evitar que o Citroen o passasse. Foram duas voltas absolutamente espetaculares e, apesar de batido por Luís Mendes, Jorge Marques tem de estar satisfeito com o terceiro lugar e com o pedaço de espetáculo que ofereceram.
Indiferente a tudo isto, Luís Alegria levou o seu bem preparado Datsun 1200 à vitória na segunda corrida, fazendo “barba, cabelo e unhas” ao vencer as duas corridas, rubricando a “pole position” e as voltas mais rápidas das duas mangas, liderando todas as voltas, exceto a primeira da primeira corrida. Melhor? Quase impossível!
Ao longo do plantel de 28 carros que estiveram em pista nesta segunda corrida do CPV1300, as lutas foram intensas, leais e deixaram o muito público agarrado ao asfalto da pista. Contas feitas às diversas categorias, o veterano (mas ainda muito rápido) Fernando Carneiro levou o seu Mini Cooper S à vitória, na frente de Pedro Botelho (Austin Mini Cooper S) e de José Moreira com o belo Fiat 128 SF.
Luís Alegria juntou a vitória à geral com o primeiro lugar nos H75, seguido de João Braga – que bela luta com Ricardo Ferrão e o seu Opel Corsa! – com Nelson Resende e Pedro Barbosa a abandonarem a corrida, respetivamente a 8 e 9 voltas do final. Esta categoria foi um feudo dos Datsun 1200. Solitário, Miguel Miguel levou até final o Austin Metro e ganhou a categoria H81.
Finalmente, nos Legends 1300, Luís Mendes ficou na frente de Jorge Marques e do Opel Corsa A de Ricardo Ferrão, enquanto no Desafio ANPAC, terminaram sete dos 10 Fiat Punto 85S que se apresentaram à partida, vencendo Estevão Oliveira na frente de Daniel Gouveia e Pedro Teixeira.
“Grand Chelem” para Luís Delgado nos Clássicos
O Porsche 930 Turbo é um automóvel que impõe respeito e permitiu que Luís Delgado – piloto multifacetado com sucesso nos ralis e na velocidade – conquistasse um “Grand Chelem” na segunda corrida do Campeonato de Portugal de Velocidade Clássicos. E não conseguiu o mesmo feito na primeira corrida porque o Porsche 911 RSR de João Macedo Silva, antes de ter problemas, liderou a primeira volta.
Nesta segunda corrida, Luís Delgado saiu da “pole position”, liderou todas as voltas e fez a volta mais rápida da corrida. Melhor era impossível e o piloto da Lob Motorsport saiu com um sorriso de orelha a orelha depois de duas vitórias no Circuito Internacional de Vila Real.
Se para a vitória a discussão foi inexistente, para os lugares do pódio a conversa foi totalmente diferente. Em primeiro lugar a luta entre João Novo e Joaquim Jorge. O veterano piloto do Escort RS 1600 pressionou o piloto do Escort RS amarelo e quando este começou a sentir problemas, Joaquim Jorge não perdeu tempo, intensificou a pressão e conquistou oi segundo lugar onde terminaria a corrida.
O Ford Escort RS de João Novo perdeu andamento e o piloto acabou por passar pelas boxes, perdeu cinco voltas, mas regressou à pista a tempo de ainda ser segundo no Grupo 5, mas longe dos primeiros lugares. Resolvida esta luta, foi a vez de Rui Alves e Rui Costa entreterem o muito público espalhado pelo traçado. Na primeira corrida a sorte virou as costas a Rui Costa e, por isso, o piloto do Ford Escort RS teve de sair da sétima posição (4ª fila da grelha). Eras evidente nos seus olhos o desejo de recuperar, tendo como objetivo o pódio. Algo mais fácil de dizer que fazer em Vila Real.
Mas a verdade é que Rui Costa conseguiu trepar na classificação e se Joaquim Jorge já estava demasiado longe, o terceiro lugar de Rui Alves estava ali ao alcance do Escort. A determinação do piloto levou a um duelo onde os dois Ford Escort ensaiaram um bailado de atravessadelas nas travagens e à saída das curvas até que na descida de Mateus, Rui Alves se inclinou perante Rui Costa. Estava consumada a ultrapassagem e a chegada ao pódio.
Os dois ainda tiveram a companhia de João Macedo Silva durante três voltas. Saindo da última posição da grelha de partida (já que Vasco Nina voltou a não participar) depois da birra do 911 RSR, o piloto do Porsche voltou a não ser feliz com o carro da casa de Weissach, uma vez mais, a não colaborar e a deixá-lo apeado pela terceira vez depois dos problemas conhecidos no Estoril.
Mesmo no final, foi António Soares (Ford Escort RS) que acendeu a fogueira da emoção com um ataque de última hora ao quarto lugar de Rui Alves. Faltaram voltas e pneus ao piloto do Ford branco e vermelho para roubar essa posição ao Escort branco e azul. Enfim, chegava ao final uma corrida que sem discussão pela primeira posição, não deixou ninguém bocejar ao longo dos rápidos 30 minutos de corrida.
Rui Azevedo, bafejado pela sorte na primeira corrida, ao partir o motor do seu Ford Escort RS 2000, mas a beneficiar do despiste de Mário Barbosa e consequente bandeira vermelha, não participou, claro, nesta segunda corrida. Não lutou pela vitória no Grupo 1 que ficou, assim, reduzido a dois participantes. Nuno Breda venceu com relativa facilidade na frente do outro Ford Escort RS 2000 de Nuno Afoito. Com a passagem de João Novo pelas boxes, a vitória no Grupo 5 ficou, imediatamente, resolvida em favor de João Cruz e do belíssimo Ford Escort RS 1600 MKI.
Ausente o Lotus Elan de Vítor Costa, os H71 não estiveram representados nesta segunda corrida, onde Joaquim Jorge levou o seu Ford Escort RS 1600 à vitória nos H75, seguido de Rui Costa e de Rui Alves. Nos H81vitória para Luís Delgado, segundo lugar para o Porsche 924 de Pedro Poças.
“Barba, cabelo e unhas” para o Ford Sierra RS 500 de Luís Barros
Não deixou rigorosamente nada para os seus adversários. O Ford Sierra RS500 correspondeu e Luís Barros sai de Vila Real com dois “Grand Chelem” ao fazer as “pole position”, voltas mais rápidas, vitórias e liderança da luz à bandeira nas duas corridas do Campeonato de Portugal de Velocidade Legends. Um domínio sem contestação do piloto do carro da casa da oval azul.
Igualmente sem cambiantes nos resultados apurados, Paulo Sousa levou o seu BMW M3 até ao segundo lugar nas duas corridas, o que reforçou de forma evidente a sua liderança absoluta do campeonato. Duas corridas tranquilas para o líder do CPVLegends.
A segunda corrida dos Legends começou com o pé esquerdo. Um problema no Honda Civic de Nuno Basílio nos primeiros metros da prova, provocou um acidente típico das pistas citadinas. O Honda ficou sem controlo levou um toque, inevitável pela desaceleração, e tudo se precipitou: o Civic galgou por cima do carro de Rui Meireles, acertou em cheio no BMW M3 de António Barros e deixou, ainda, o Citroen Saxo de Gonçalo Macedo com muitas mazelas. Basílio, Meireles e Barros ficaram fora de prova e Macedo ainda regressou para abandonar após a primeira volta.
Longa paragem para retirar os carros, reparar as barreiras e limpar o óleo na pista e recomeço com menos nove carros em pista. E se no recomeço a hesitação de Luís Barros deu esperança a Paulo Sousa, ela esfumou-se passadas umas centenas de metros. O Sierra foi-se embora e o BMW ficou na segunda posição.
Gonçalo Novo e o seu Peugeot 106 GTI foram os responsáveis pela maior animação da corrida, juntamente com João Novo e o seu Ford Sierra RS 500. Este último saiu da sexta linha da grelha de partida e depois da interrupção, atacou os primeiros lugares. Porém, o Sierra não aguentou o ritmo imprimido e João Novo engrossou a lista de abandonos desta corrida após cinco voltas.
Já o mais jovem dos Novo andou endiabrado: atacou os BMW M3, passou por Paulo Vieira e por Joaquim Soares, instalando-se nos primeiros lugares. Mas o esforço pedido por Gonçalo Novo ao pequeno 106 e aos pneus do Peugeot acabou por passar fatura e o piloto do carro amarelo caiu para a 12ª posição. Mas ficou o registo de uma pilotagem nos limites, quem sabe a dizer à família… venha de lá outro carro mais potente!
Destaque, ainda, para José Meireles. O lindo BMW M3 E30 saiu da 15ª fila da grelha de partida (29º lugar) e o piloto encetou uma recuperação notável. Depois do abandono de sábado, grande corrida de Meireles que terminou no terceiro lugar final.
Assim, Luís Barros ganhou entre os concorrentes aos L90 na frente de José Meireles (BMW M3) e Marco Basílio (Honda Civic), ao passo que Paulo Sousa ganhou nos L99 na frente de Paulo Vieira (BMW M3). José Coimbra (Opel Astra) ganhou a Taça Legends 2000 e ficou tão feliz que, inadvertidamente, quis celebrar e acabou a fazer um pião depois de cruzar a linha de meta. No segundo lugar ficou o Hinda Integra de Tiago Ribeiro e o Honda Integra Type R de José Miguel Almeida. Finalmente, na Taça Legends 1600 o primeiro lugar foi para Marco Basílio (Honda Civic), segundo lugar para Gonçalo Novo (Peugeot 106) e o último lugar do pódio ficou nos braços de Miguel Matias (Citroen Saxo).
Telmo Nunes ganha nos Super Legends após corrida muito conturbada
Francisco Gonçalves não cumpriu a tradição estabelecida nos 1300, Clássicos e Legends e não venceu depois de sair da “pole position”. O piloto do Lotus conheceu dificuldades antes da entrada em pista, pela segunda vez, do “Safety Car” (SC). Salvo pelo SC, o piloto do Lotus Elise acabou por ficar no terceiro posto. A vitória caiu no colo de Temos Nunes (companheiro de equipa de António Duarte) que levou, assim, ao topo do pódio o Clio RS da categoria Super Trophy. No segundo lugar ficou o melhor dos Honda Civic da Cars&Vibes Cup, pilotado por Filipe Ferreira.
Uma corrida muito atribulada com duas intervenções do “Safety Car” a última das quais trouxe o fim da corrida. A primeira entrada em pista do SC deveu-se à necessidade de fazer uma intervenção na pista numa das chicane, perdendo-se bastante tempo. Faltavam apenas sete minutos para o fim da corrida quando o Renault Clio de Eleutério Duarte decidiu parar numa zona sensível do circuito, forçando nova entrada em pista do SC. A corrida acabou atrás do BMW M2 com a vitória de Telmo Nunes.
A corrida dos SuperLegends teve, ainda, um adicional de espetáculo devido à recuperação de Vasco Barros. O piloto do Mercedes 190E 2.3 16V saiu da 22º posição da grelha de partida e com um andamento absolutamente estratosférico – fez a melhor volta em 2.10,548, Francisco Gonçalves não foi além de 2.11,516! – em apenas quatro voltas chegou ao segundo lugar. Infelizmente, o Mercedes voltou a não colaborar a Vasco Barros retirou-se da corrida após a quinta volta.
Como habitualmente, a diferença de andamentos provocou lutas intensas com vários pilotos a tentarem usar o talento para superiorizarem-se à potência. O que provoca, sempre, corridas muito entretidas. As duas intervenções do “Safety Car” impediram que o espetáculo continuasse perfazendo os pilotos apenas 9 voltas em 30 minutos de corrida.
António Duarte e Telmo Nunes ganharam a categoria SuperTrophy, seguidos de Filipe Ferreira (que foi, também, o melhor dos Cars&Vibes Cup) e de Eduardo Leitão e Carlos Rodrigues (segundos da Cars&Vibes Cup). Nos SuperExtra, vitória para Francisco Gonçalves (Lotus Elise) seguido de André Tavares e Miguel Mota (Honda S2000) e de Hugo Lisboa (BMW 323i). Finalmente, nos SuperTurismos, Luís e Valdemar Nóvoa venceram ao volante do Honda Civic Type R, seguidos de Rui Silva e Marco Pinto Moura (Renault Clio) e Marcos Gonçalves (Renault Clio).
Terminou, assim, o fim de semana de corridas da ANPAC inserido no programa do 52º Circuito Internacional de Vila Real. A competição de clássicos regressa no mês de setembro com a realização da quarta jornada dos Campeonatos de Portugal de Velocidade 1300, Clássicos, Legends e SuperLegends no Autódromo do Estoril.
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