Rampa de Murça: A opinião de Pedro Salvador

Por a 24 Março 2020 15:15

O ano começou da pior forma no nacional de montanha, com um acidente de vitimou 11 pessoas, em que duas acabaram, infelizmente, por falecer. Pedro Salvador falou do que viu e do que sentiu por altura do acidente, mostrando algum desagrado pela forma como a situação foi tratada por algumas pessoas:

“Estava no fundo da rampa quando soube do acidente, sem ter na altura noção do que tinha acontecido. Quando se soube que tinha havido o acidente, chegaram imagens de um telemóvel de alguém. E quando chegou essa mensagem, vinha a notícia que tinham morrido seis ou sete pessoas. E houve uma coisa que me deixou profundamente triste, desiludido e revoltado, que foi reparar que vários dos pilotos presentes na linha de partida começaram a pegar nos telemóveis e a espalhar a mensagem que tinha havido um acidente com mortos. É uma situação que me ultrapassa mas que infelizmente é muito comum hoje em dia.“

“A sede de sangue das pessoas é mais forte do que a consciência de como se deveriam comportar. Não quero dizer que se deva ocultar o que quer que seja, mas deve-se manter a calma e ter a certeza do que se vai espalhar. Eu não sou jornalista, não tenho de ser o primeiro a dar a notícia. E essa postura por parte de algumas pessoas deixou-me muito desconfortável. Não disse nada porque não iria ser bem interpretado. Tomei a liberdade de ligar para a direção de prova, dizendo que achava uma ótima ideia de que, se o acidente tinha sido grave, que se desse por terminada a prova e que mandassem todos para parque fechado. O Luís Silva chegou ao pé de nós e ainda não estava bem consciente do que se tinha passado, naturalmente em choque. Demos-lhe um abraço e acompanhamo-lo por alguns momentos.”

Salvador deixou elogios à organização da prova: “A direção de prova, além da boa e rápida resposta que deu, também esteve bem em colocar os carros em parque fechado com rapidez, porque não fazia sentido continuar, pois o importante era tratar das vitimas do acidente. Creio que a organização (CAMI) esteve bem, apesar do desafio que tinha pela frente.”

Pedro Salvador fez um apelo importante a todos os que vão ver as provas de estrada, para que tal não volte a acontecer: “As pessoas não devem deixar te ter consciência dos perigos quando vão ver uma prova de desporto motorizado. O piloto não tem culpa do problema mecânico. Só quem anda nisto e passou por uma situação como o Luís passou, sabe o que se sente e o tempo que temos para reagir. No entanto o local onde as pessoas foram colhidas não era indicado para estarem. Estar de frente para os carros nunca é aconselhável em situação alguma. Vi situações semelhantes no rali de Fafe, para as quais chamei à atenção, que deram origem a respostas nada simpáticas pelos interpelados. As pessoas têm de entender que, não é por um local não estar interditado que deixa de ser perigoso. Os carros de corrida são máquinas de mais de 1000kg de peso que viajam a mais de 150km/h que não param instantaneamente. E nós pilotos, quando vamos no limite, graças a Deus, na maior parte das vezes vamos a controlar, mas pode acontecer perdermos o controlo e quando isso acontece…”

“As pessoas têm que ter noção do que é arriscado. Não podem gritar pelos seus direitos e esquecer as suas obrigações. Não podemos colocar nas organizações a responsabilidade toda da segurança. Não é concebível que as pessoas, que já fazem um trabalho tremendo na delimitação de zona perigosas, consigam evitar que numa rampa ou num troço de rali, haja uma pessoa mal colocada. Têm de ser as pessoas a terem essa consciência. “

No final Salvador fez questão de realçar a segurança das nossas rampas: “As nossas rampas são super seguras. As nossas provas de montanha têm um nível de segurança inacreditavelmente bom, quando comparado com o que se faz no resto da Europa. Mas mesmo isso não é suficiente para garantir segurança completa das pessoas. Não podemos esquecer, nunca menosprezado as perdas humanas, que neste tipo de casos se abrem processos que implicam pessoas que trabalham afincadamente para as provas decorram da melhor forma possível, tenham de ir a julgamento, algo que podia ser evitado se todos cumprissem com a sua parte. “

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