24 Horas de Nurburgring: O que fazem os pilotos quando não estão em pista

Por a 27 Maio 2017 07:55

António Félix da Costa vai estrear-se este fim de semana em corridas de 24 Horas, mas como é de esperar, já tem uma

boa ideia do que tem pela frente para enfrentar a corrida. Logicamente, numa estrutura como a da BMW Motorsport tudo está pensado ao pormenor, e para todos os pilotos, a corrida começa uns dias antes, com algumas alterações a nível alimentar. Por exemplo, tal como nos revelou Félix da Costa “ontem e hoje não bebi café, amanhã faço o mesmo e a razão é simples. O organismo habitua-se a isso, e quando for necessário, devido ao cansaço da corrida, a cafeína vai ser necessária e vai atuar bem mais eficazmente no organismo”. Este é apenas um dos detalhes da forma como os pilotos se preparam para umas 24 Horas. Mas há muito mais.

Até aqui chegar, para um piloto no pico da sua forma física, trabalha-se o normal, ciclismo, corrida, tudo em termos de endurance. As corridas de sprint que Félix da Costa disputa são mais intensas, mas o esforço físico, sendo maior, é-o num período bem mais curto. Por exemplo, no endurance, as forças G contínuas vão deitando abaixo o piloto, e esse é só um dos vários detalhes que cansam os pilotos.

O primeiro conselho para os dias antes da corrida é dormir o mais possível. Isso vai deixar algumas energias por gastar e ajuda. De qualquer forma, não há piloto que fique acordado 24 Horas. Nem pode, pois um piloto cansado vai estar sujeito a erros. Normalmente, na fase noturna, um piloto que sai do carro depois do seu turno vai dormir. Não é fácil, porque vem cheio de adrenalina da corrida e a noite é bem mais complicada, pois a atenção tem que ser muito maior. É quando os pilotos começam ficar mais cansados, e ainda mais os amadores, e há muitos neste corrida, o que significa que dobrar concorrentes à noite é uma tarefa que requer o máximo de concentração e ter que andar depressa e ao mesmo tempo todo o cuidado com as dobragens ou incidentes é fundamental: “Por vezes não são só os pilotos que acumulam cansaço, também os comissários, que são na sua grande maioria voluntários e acontece muitas vezes não ter uma bandeira amarela e de repente apanhar um carro lento ou parado na trajetória. Não é uma coisa que aconteça muitas vezes, mas ainda há tempos sucedeu com um colega da BMW, que se teve de mandar para a berma para não bater” disse Félix da Costa.

É quase impossível um piloto adormecer pouco depois de sair do carro, por isso vai fazer o debrifing com o engenheiro, toma um duche e está pronto para dormir. Depois, basta um incidente em pista que leve a equipa a alterar a estratégia para que um piloto possa ser acordado bem mais rapidamente do que o que seria habitual. No caso da BMW o ‘lounge’ para descansar fica no edifício principal, no último piso. Nesse ‘lounge’, os pilotos têm uma zona de convívio, onde podem receber amigos, mas o ‘lounge’ é muito mais do que isso e inclui ainda zona de massagens, necessárias para curar as agruras do ‘Inferno Verde’ e quartos. Os diversos quartos existentes são duplos – António Félix da Costa dorme no mesmo quarto que Augusto Farfus – não é provável que durmam na mesma altura, mas pode acontecer. Na maior parte dos casos nas 24 Horas de Nurburgring, os pilotos dormem nas motorhomes, mas não os oficiais da BMW, Audi e Mercedes, por exemplo.

Sempre, mas ainda mais nos dias anteriores à prova tem que seguir uma dieta que é gerida pelo seu Performance Coach, Emiliano Ventura, que escolhe o que Félix da Costa come, bebe, tudo isto para o ‘fazer’ ao nível físico desejado aquando da corrida, de modo a que os seu dotes de pilotos não sejam afetados por qualquer fator externos ‘incomodativo’.

Tudo isto pretende preparar o piloto para que quando for para a pista esteja preparado para dar o melhor de si, mas está longe de ser o mais importante. A este nível de competição ajuda muito estar completamente bem preparado para o que vão ter que enfrentar em pista, mas aí o mais importante de tudo é a concentração que os pilotos conseguem ter em cada momento da sua pilotagem. Esta já é difícil numa pista como a de Nordschleife, mas com mais de 160 carros em pista, depressa as dobragens se tornam pouco menos que constantes. A juntar a isso há que gerir o andamento, a distância para o piloto que vai à sua frente, se houver, o que vai atrás, as indicações das boxes, etc. Sabia que de vez em quando os pilotos informam as boxes do Km da pista em que estão “por vezes é só para os ‘acordar’, para saberem que estou ali e onde estou” disse Félix da Costa que revelou ainda que os pilotos são ‘obrigados’ a decorar o nome de todas as curvas “porque se houver alguma coisa em pista temos de ter a capacidade de dizer exatamente onde estamos”, disse Félix da Costa que este fim de semana vai enfrentar mais um complicado desafio na sua carreira, e Jens Marquardt, Diretor da BMW MotorSport sabe que a transição/mudança de chip ainda tem que se dar: “Ele é um piloto competitivo também em pistas longas, como temos visto aqui. Com tudo o que tenha quatro rodas e um volante o António é muito bom, e quanto ao endurance, o ritmo é sempre necessário, mas para completar a transição de um piloto rápido como ele para o endurance é preciso pedir-lhe para impedir o instinto de ‘mergulhar’ sempre que tem uma ‘aberta’, e talvez pensar duas vezes, e possivelmente esperar pela curva seguinte. No endurance é muito mais estar lá no fim da corrida, enquanto nas corridas de sprint, se houver a possiblidade há que tentar imediatamente” disse Marquardt.

Agora, resta saber como vai correr esta aventura das primeiras 24 horas da carreira de António Félix da Costa, que como se sabe está muito envolvido no processo de desenvolvimento do no carro da BMW para o endurance, carro esse que começa a testar no verão e deverá estrear-se nas 24 Horas de Daytona de 2018…

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