Um desastre financeiro!
A expressão não é propriamente desconhecida dos portugueses, mas em vez da conjuntura económica, o pretexto passou a ser o cancelamento da 30ª edição do Lisboa-Dakar. Resta a consolação (?) da sentida “solidariedade” de outros milhares de pessoas, de mais de 50 nacionalidades que, em desespero e em uníssono, desabafaram: «Um desastre financeiro!»
Na área do Centro Cultural de Belém, numa boa parte do território situado na margem direita do rio Tejo, mas também pelo continente africano, houve lágrimas de emoção, mas também de desespero. De emoção, pelos que, de uma forma ou de outra, se viram privados de viver a grande aventura e de desespero, pelas consequências financeiras resultantes da anulação da prova.
O desastre financeiro talvez seja maior que a própria grandeza da prova e se ainda é cedo para se avançar com valores minimamente rigorosos, há números que, pela sua expressão, já dão para concluir que eclodiu um verdadeiro “tsunami” financeiro!
NÚMEROS
900 milhões de contactos televisivos teve o Dakar, em 2007, durante os 21 dias de prova, só em quatro países: Alemanha, Espanha, França e Portugal. 10 por cento desse valor este ano?
145 milhões de contactos televisivos, só em Portugal, em 2007, gerou a passagem do Dakar pelo país. Com a prova deste ano a limitar-se às verificações, não há dúvida que o número vai descer substancialmente;
10 milhões de euros, o valor (aproximado) que a A.S.O. vai pagar, aos 570 pilotos inscritos, pela devolução das inscrições;
35 a 40 milhões de euros em perdas para a equipa oficial da Mitsubishi, a vencedora das últimas sete edições consecutivas;
6 milhões de euros – 90% coberto pelos patrocinadores – foi o orçamento da Lagos Sports para a realização do Dakar em território português, desconhecendo-se a percentagem com que pode ser ressarcida;
3 milhões de euros, o investimento feito pelo Governo português para receber o Dakar, desconhecendo-se o valor compensatório previsto nos contratos estabelecidos com a A.S.O.;
3 milhões de euros é o orçamento anual do Lagos Team, o projecto que suporta as participações do piloto Carlos Sousa, bem como dos motards Hélder Rodrigues e Ruben Faria.
1.750 milhões de euros, o patrocínio acordado entre a A.S.O. e os Jogos Santa Casa para o Lisboa-Dakar, mas um valor que vai ser renegociado (face ao cancelamento) até pelas cláusulas existentes no contrato que foi estabelecido;
1.350 milhões de euros, o investimento feito pela autarquia de Portimão para acolher e receber a caravana do Dakar, ainda sem garantia de receber qualquer compensação;
1 milhão de espectadores estima-se que tenham presenciado a edição do ano passado, durante os cinco dias em Portugal. Em 2008, as verificações e o parque fechado não deverão ter suscitado a presença de mais de 200 mil espectadores;
750 mil euros, o retorno que a equipa Lagos Team teve na imprensa, só nos dois meses que antecederam ao Dakar. Se, nos anos anteriores, o projecto (nomedamente Carlos Sousa) se assumiu como o mais mediático a nível nacional, em 2008, com o Dakar anulado, não é linear que assim seja;
400 mil euros, o investimento feito pela Câmara Municipal de Lisboa para que o Dakar partisse de Lisboa, valor que ainda não foi reclamado – pelo menos publicamente – pela autarquia;
320 mil euros foi o valor que se estima que só a comunicação social (nacional e estrangeira) tenha dispendido em Portugal, em 2007. Uma receita que, este ano, se deve ter mantido praticamente inalterada;
250 mil euros, o investimento perdido reivindicado por Pedro Oliveira, o “motard” português que ia alinhar no Dakar com uma moto desenvolvida em Portugal;
145 mil euros, o valor que Hélder Oliveira e Paulo Marques disponibilizaram para o aluguer do Toyota Land Cruiser com que se inscreveram na prova e que correm o risco de perder;
60 mil colecções filatélicas, comemorativas das 30 edições do Dakar, foram criadas pelos CTT. Uma edição já bastante inflacionada, tendo em conta o desfecho da prova, pelo que os CTT são a única instituição a reivindicar lucros – e acrescidos!
30 mil euros, o valor do prejuízo calculado pela Câmara Municipal de Alcochete;
4 mil militares e civis mauritanos que acabaram por ficar em casa, depois de terem estado destacados para garantir a segurança do Dakar no território;
503 os óculos que Hélder Oliveira tinha destinado a famílias carenciadas na Mauritânia, mas que não seguiram viagem com o piloto português;
357 os elementos da GNR que estavam destacados para manter a “ordem” nas duas etapas, mas que acabaram por ficar nos quartéis;
253 o número de efectivos de bombeiros que acabaram por não acompanhar as duas etapas portuguesas;
181 os elementos da Protecção Civil que acabaram por não dar a sua colaboração em Portugal;
68 horas de imagens relativas a Portugal foram transmitidas, em 2007, nos cinco continentes (12% do total), na certeza de que, este ano, o número vai ser bem inferior;
51 os elementos ligados ao corpo médico que não foram acompanhar as duas etapas portuguesas;
15 a 20 por cento do seu PIB anual é quanto a Mauritânia estima perder este ano devido á ausência do rali;
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