Trio luso para a vitória no Dakar

Hélder Rodrigues #7 | Honda | Idade: 34 anos | Resultado em 2013: 7º

Este parece ser o ano do tudo ou nada para Hélder Rodrigues. Com a confiança da Honda para liderar o milionário projeto da marca japonesa no Dakar mas com forte concorrência tanto dentro como fora da equipa, Hélder Rodrigues terá de confirmar que é mesmo um potencial vencedor do Dakar, depois dos terceiros lugares em 2011 e 2012 com uma Yamaha desenvolvida por si e uma equipa de meios limitados. O sétimo lugar em 2013 mostrou os problemas de juventude da CRF450 Rally mas a HRC construiu um modelo totalmente novo e confiou no português para a fase de desenvolvimento, feita sobretudo nos Estados Unidos. A demonstração de força da Honda no Rali de Marrocos provou que a nova moto é bem nascida e uma séria ameaça para a KTM, mas Hélder Rodrigues teve problemas tanto nessa prova como no Rali de Merzouga, ganhos respetivamente por Paulo Gonçalves e Sam Sunderland, o que só aumenta a pressão sobre o antigo campeão do Mundo de TT, que desta vez pretende atacar logo desde o início. “A estratégia será atacar logo na primeira semana”, referiu o piloto português de 34 anos. “Essa não é a minha característica, sou um piloto que normalmente começo um pouco mais lento, mas o meu objectivo é tentar melhorar isso.” Coincidência ou talvez não, Rodrigues aproveitou para participar em algumas provas de motocross quando esteve na Califórnia com a Honda. “A nova moto tem menos 10 quilos do que a anterior e todos os problemas que nos afetaram no último Dakar foram resolvidos. Temos uma equipa forte e eu terei o Javier Pizzolito como aguadeiro, o que poderá ser muito importante para discutir a vitória. È um objetivo difícil de atingir mas com tudo o que a Honda investiu e trabalhou, é a única meta possível”.

Ruben Faria # 8 | KTM | Idade: 39 anos | Resultado em 2013: 2º

Uma queda no brasileiro Rali dos Sertões, no final de julho, e outra no Rali de Marrocos em outubro condicionaram fortemente os planos de Ruben Faria para este Dakar. Sem ter que trabalhar para outro piloto depois da saída de Cyril Despres para a Yamaha, o algarvio tinha finalmente luz verde da poderosa KTM para lutar pela vitória na prova, depois do histórico segundo lugar em 2013, a melhor classificação de um português no Dakar. Contudo, a recuperação no pulso e mão fraturados foi bem mais difícil do que Faria esperava, o que impediu o piloto português de rodar como queria com a nova KTM nos meses que antecederam a prova. Em termos de pilotagem pura, Ruben Faria é visto como um dos melhores do mundo mas resta saber se terá capacidade física, psicológica e de navegação para lutar pela vitória com ‘gigantes’ como Coma ou Despres, ou com os melhores pilotos da Honda, que deverão ser Joan Barreda, Paulo Gonçalves e Hélder Rodrigues. “Tenho trabalhado de forma intensa com um médico francês especialista nestas lesões, porque aquando da queda no Brasil foi-me diagnosticada uma fratura no rádio e só mais tarde foram detetadas duas roturas de ligamentos”, revelou o piloto de Olhão. “Os ossos estão recuperados e os ligamentos melhoraram bastante com a ajuda do médico francês. Fisicamente estou bem. Vou delinear a minha estratégia dia após dia e gerir o meu esforço de acordo com as necessidades e as dificuldades que forem surgindo. A KTM venceu nos últimos doze anos e a nova moto é uma evolução da anterior. Pessoalmente, sinto-me mais à vontade com esta moto que é mais adequada a um piloto da minha estatura e peso. A nova KTM é mais estreia, mais leve e mais fácil de colocar na trajectória e o motor tem agora um sistema de injeção direta de combustível, ao contrário da versão de 2013. Isso pode ser benéfico nas etapas a maior altitude como na Bolívia, que será uma novidade para todos”, concluiu.

Paulo Gonçalves #10 | Honda | Idade: 34 anos | Resultado em 2013: 10º

Durante alguns anos, Hélder Rodrigues e Ruben Faria foram vistos como as grandes esperanças portuguesas para uma vitória no Dakar. Agora, Paulo Gonçalves aumentou esse lote para três e o título mundial de TT conquistado em luta direta com Marc Coma só comprova a evolução do pluricampeão nacional de Motocross e Supercross nas provas de Rally Raids. Curiosamente, e à semelhança de Rodrigues e Faria, esta é porventura a grande oportunidade da carreira do piloto de Esposende, que se vê com uma moto muito competitiva nas mãos e integrado numa estrutura com todos os meios para vencer. A alemã Speedbrain foi convidada pela Honda para inscrever mais duas CRF450 Rally oficiais mas só aceitou a proposta levando consigo os seus dois pilotos de 2013, Joan Barreda e Paulo Gonçalves. O espanhol é um piloto rapidíssimo – Gonçalves chegou mesmo a afirmar ao AutoSport que Barreda é o piloto mais rápido de todo o pelotão – mas o português evoluiu imenso no capítulo da navegação, que é o fator que normalmente decide a vitória no Dakar. O grande ponto de interrogação é até que ponto Barreda e Gonçalves terão o auxílio dos outros pilotos da HRC, já que caso estejam ambos em luta pelos primeiros lugares não se poderão ajudar mutuamente. “Os primeiros dois ou três dias serão fundamentais para a Honda decidir a estratégia”, afirmou ‘Speedy’ Gonçalves. “Somos três pilotos com fortes aspirações mas acredito que todos vamos trabalhar para o mesmo objetivo, que é a Honda ganhar o Dakar. Pessoalmente, venho de uma época inesquecível em que me bati com um grande campeão como o Marc Coma. Preparei-me bem, fisica e psicologicamente, e já deu para perceber que temos uma moto pelo menos ao nível das KTM e Yamaha. Vai ser uma luta dura mas pelo menos sei que estou totalmente preparado”, referiu Gonçalves.

Mário Patrão # 36 | Suzuki | Idade: 37 anos | Resultado em 2013: 30º

Já se sabia que Mário Patrão é um dos mais talentosos motards portugueses do Enduro – ou não tivesse mais de 20 títulos nacionais – mas poucos esperavam que o piloto de Seia tivesse uma estreia tão positiva no Dakar em 2013 com uma moto que, na prática, era a sua Suzuki do campeonato nacional com algumas adaptações para o Dakar. Patrão fez uma prova em crescendo e chegou inclusive a terminar a última etapa no quarto lugar, completando a sua estreia na prova com o 30º. Agora, e depois de ter revalidado o título nacional após uma emocionante luta com António Maio na Baja de Portalegre, Patrão espera subir lugares no Dakar, contando para isso com a experiência acumulada na última edição. “Não tenho os meios ou o tempo de preparação dos pilotos da frente. Ainda não consigo navegar bem porque nem sequer tive oportunidade de ir a Marrocos treinar com road boaks. Apesar de todas as condicionantes, eu vou para o Dakar com o objetivo de entrar nos 20 primeiros. A moto tem algumas evoluções preparadas por nós, já que a Suzuki não está presente a nível oficial nos Rally Raids. Talvez não tenha a velocidade de ponta das KTM ou Honda mas eu conheço esta moto ‘de ouvido’ e essa poderá ser a minha grande vantagem. Estou recuperado da minha fratura de um pulso, portanto acredito que isso não será problema”, admitiu Mário Patrão. A assistência ao campeão nacional de TT será dada pela equipa de Bianchi Prata.

Pedro Oliveira # 44 | Speedbrain | Idade: 39 anos | Resultado em 2011: 26º

Depois de dois abandonos em 2007 e 2009, e do 26º lugar em 2011, Pedro Oliveira está de regresso ao Dakar mas desta feita com uma moto comprovada: a Speedbrain inspirada na Husqvarna 450 e construída pela mesma estrutura que assiste Paulo Gonçalves. Aos 39 anos, esta será mais uma aventura para um piloto que chegou a alinhar no Dakar com a portuguesa Dakarteck, que tinha uma base mecânica da Yamaha. Para cuidar da mecânica da Speebrain, Pedro Oliveira contará com a ajuda de Filipe Matos.

Victor Oliveira # 49 | Husqvarna | Idade: 38 anos | Estreante no Dakar

Victor Oliveira representa o entusiasta das duas rodas que cumpre o sonho de participar no Dakar. Natural de Viana do Castelo, descobriu as motos aos 18 anos e começou a participar nos campeonatos nacionais de Enduro, TT e Motocross. Em 2012 decidiu participar no Dakar mas sofreu uma queda a um mês do último Dakar e fraturou os dois pulsos, adiando por um ano a concretização de um sonho mas também de um desafio extremamente exigente para um estreante. Para ultrapassar as dificuldades, conta com a experiência do seu companheiro de equipa Bianchi Prata.

Pedro Bianchi Prata # 53 | Husqvarna | Idade: 39 anos

É um dos pilotos mais profissionais do motociclismo nacional e um dos poucos que consegue manter a sua própria estrutura há já vários anos. Pedro Bianchi Prata parte para o seu sétimo Dakar – é totalista nas edições na América do Sul – determinado a conseguir melhor que o 30º lugar, a posição em terminou nas edições de 2009, 2010 e 2011. Na última edição, um problema no radiador da sua Husqvarna obrigou a perder várias horas e terminou no 58º lugar da geral, apesar de ter conseguido um quarto lugar numa etapa. “Sinto que tenho capacidade para entrar no top-20”, afirma o experiente piloto do Porto. “Fizemos pequenas melhorias na moto ao nível da fiabilidade e espero que desta vez não tenha grandes problemas mecânicos. O Dakar é sempre uma grande incógnita, cada dia é um desafio diferente e enorme mas também é isso que nos motiva para estarmos lá, ano após ano”, refere Bianchi Prata.