Que futuro para o Dakar?

Por a 9 Janeiro 2008 12:32

O precedente está aberto! Pela primeira vez na história, uma suposta ameaça terrorista leva a melhor sobre um grande evento mundial. Impõe-se a pergunta: o Dakar morreu? Ou simplesmente se vê obrigado a mudar de filosofia e, sobretudo, de rumo? A América do Sul e a Ásia podem ser uma alternativa…

Os optimistas defendem que não faltam soluções. Os cépticos não têm dúvidas de que se trata de uma morte até anunciada. E o que pensam os supostos sensatos, aqueles que são os especialistas da prova e os conhecedores dos territórios mundiais mais inóspitos? As dúvidas e as interrogações são mais do que muitas e certezas não as há, apenas hipóteses. Ou talvez até haja uma certeza: o Dakar não vai voltar a ser o mesmo, depois do anúncio do cancelamento daquela que seria a sua 30ª edição.

Quase certo é que, se continuar, o Dakar terá de mudar de rumo, o que equivale a dizer de continente. Depois da Argélia, Níger e Mali, foi a vez da Mauritânia (que apontou já para uma perda de 15 a 20 por cento do seu PIB anual) fechar as portas do Dakar ao coração de África.

Confinar a prova a Marrocos está fora de questão, pelas limitações geográficas do país, pelo que a solução mais consensual para que o continente não deixe de ser visitado passa pela Tunísia, pela já pacífica Líbia de Khadafi e pelo Egipto que, apesar de tudo, ainda não é considerado um país totalmente seguro.

Se com a eventual saída de África, o Dakar corre o risco de perder grande parte do seu misticismo, a verdade é que também são muitos os que preconizam essa solução como a mais viável para que – pelo menos – seja tentada a sua continuação. A Ásia, até pela importância do mercado, perfila-se logo como hipótese, mas a América do Sul parece assumir-se como uma excelente alternativa, não só pelo facto de se tratar de um território menos “virgem” em termos de todo-o-terreno, mas até porque talvez se consigam reunir melhores condições de segurança do que na Ásia.

Mas apresentadas as soluções geográficas que, à data, parecem mais razoáveis para a continuação do Dakar, será que o seu futuro não merece outro tipo de considerações? Há um dado irrefutável e que fica para a história. A edição deste ano do Dakar fica marcada pela sua anulação e pela abertura de um precedente inédito que, por isso mesmo, fica na história: um grande evento caiu, pela primeira vez, perante uma suposta ameaça terrorista! Ou será que se tratou de uma decisão política, algo a que o desporto em geral devia estar imune?

Ameaça vai repetir-se?

Mas vamos circunscrever-nos ao argumento da ameaça terrorista, revoltante, mas ainda assim menos agoniante que uma eventual “politiquice”: se, de facto, foi o terrorismo que venceu, o que leva a crer que a ameaça não se volta a repetir? O terrorismo não é um problema à escala mundial? A Al-Qaeda não actua em qualquer região do globo? E na América do Sul, quantos grupos guerrilheiros não procuram uma oportunidade de protagonismo para darem a conhecer as suas reivindicações?

O Dakar passou de uma arma apetecível, para um alvo vulnerável, sem sequer ter sido atacado no seu terreno, o que não deixa de ser irónico. No terreno que conquistou e no terreno em que conviveu com os mais primitivos povos que habitam o planeta, com todas as suas tradições e culturas ancestrais, indiferentes ao desmesurado desenvolvimento do Ocidente.

Sendo um alvo ferido e vulnerável, terá o Dakar futuro? Este ano, o Dakar sucumbiu perante uma ameaça real que só o é para o Governo francês, pelo menos até dar a conhecer a especificidade da ameaça. O precedente está aberto. A redundância não é inocente e insistimos nela, porque marca um momento de viragem na história.

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