Out of Africa

Por a 2 Janeiro 2009 10:26

Dolorosa decisão… Após 30 anos de uma frutuosa e privilegiada relação com África, o Dakar vira às costas ao continente que o viu nascer, crescer e afirmar-se como o maior e mais mediático rali do mundo.

Ideia vanguardista em 1979, o certo é que a inspiração de Thierry Sabine permitiu o encontro de dois mundos quase paradoxais. De um lado, motos, carros e camiões pilotados por homens e mulheres vindos dos quatro quantos do mundo. Do outro, África e o seu imenso deserto, as suas pitorescas aldeias e densas florestas. O seu charme não tardou em produzir efeitos a todos os que estavam dispostos a ouvir este continente. Thierry Sabine chamou-lhe o choque de opostos. Aqueles que o seguiram na primeira rota compreenderam-no de forma privilegiada e única, pois tratava-se ainda de uma aventura essencialmente humana, do gosto por um continente desconhecido.

 

Mesmo passado o efeito de estupefacção dos primeiros anos, criou-se uma ligação afectiva entre as duas partes, às vezes difícil e mal compreendida, mas definitivamente mais madura. Aliás, só assim se compreendia que, ao longo destes 30 anos, o Dakar tivesse sobrevivido a tudo. À morte do seu criador, aos trágicos acidentes envolvendo concorrentes, às pistas do Níger e da Argélia, ao deserto do Ténéré, às minias que explodiam em Marrocos, às guerrilhas armadas e ao banditismo, aos conflitos regionais nos países límitrofes, às pressões ambientalistas, à supressão de etapas, até mesmo a uma gigasntesca ponte aérea que parou o rali durante cinco dias. A tudo o Dakar tinha resistido. Às vezes tremendo, é certo, mas nunca se vergando.

O fim… e o início

Este ano, porém, a um dia apenas de largar de Lisboa, o terrorismo falou mais alto e o Dakar sucimbiu, pela primeira vez, à guerra do medo, deixando a nu todas as fragilidades de uma prova que, por estar altamente mediatizada e exposta ao mundo, se tornou num alvo demasiado fácil de todas as atenções e ameaças. Aberto este perigoso precedente, logo houve quem prognosticasse o fim do Dakar ou, pelo menos, o início de uma nova era, com a passagem da prova para um novo e mais pacífico continente. Da desilusão à… esperança, passaram-se pouco mais de quatro meses, o tempo suficiente para a que a Organização conseguisse colocar de pé um rali que voltasse a seduzir uma caravana maioritariamente desconfiada mas, ainda assim, sedenta de novos desafios.

Após mais de 100 dias de reconhecimentos, o convite podia então ser formalmente feito: “Convidamos os concorrentes a testarem as suas capacidades num Dakar a 100 por cento, com 5.650 km de especiais, incluídas num percurso de 9.578 km”, desafiou Etienne Lavigne na apresentação do Argentina-Chile 2009. “Dunas, ‘fesch-fesch’, pistas a perder de vista, montanhas… Enfim, todos os ingredientes para lembrar aos competidores de como será difícil chegar a Buenos Aires no dia 17 de Janeiro. As planiícies da Patagónia, o deserto de Atacama, a passagem pela Cordilheira dos Andes, em pleno Verão austral, constuirão o enquadramento ideal para pôr à prova a resistência de todos os pilotos inscritos neste Dakar 2009”, pormenorizou na altura.

Novo cenário

Assim, e pela primeira vez em 31 anos, o Dakar muda de cenário, abandonando o instável continente africano para se fixar na América do Sul, percorrendo as pistas da Argentina e do Chile. Director desportivo do Dakar, David Castera (38 anos) explica o que podem esperar os concorrentes a partir do próximo dia 3 de Janeiro: “Desde logo, uma grande variedade de terrenos e paisagens, com pistas que, no global, serão muito menos massacrantes e perigosas do que aquelas que estavam habituados a encontrar em África. Mas isso não signifique um percurso mais fácil ou acessível para os amadores. Na verdade, este será um Dakar tão ou mais exigente do ponto de vista físico do que os anteriores disputados em África, estando garantida a mesma percentagem de dunas que em anos anteriores e, dado novo, a altitude”, avisou o antigo motard espanhol, antevendo já a massacrante passagem pela Cordilheira dos Andes.

De resto, salienta o mesmo responsável, “conseguimos um outro feito marcante, que foi reduzir ao máximo as ligações, de tal forma que dois terços do percurso correspondem a especiais, para uma média de 400 a 500 km diários”.

Ainda de acordo com Castera, “a especial entre Copiado e Fambela (a 14 de Janeiro) será a mais marcante desta edição. Não tanto pela sua distância (215 km) ou dureza, mas por ser incontestavelmente a mais majestosa em termos de paisagens, marcando o regresso da caravana à Argentina, num percurso que inclui uma passagem, já em ligação, a 4.700m de altitude”.

Ementa variada

Maioritariamente disputado na Argentina, o Dakar 2009 terá a sua partida em Buenos Aires, na madrugada de sábado, 3 de Janeiro, sendo os competidores brindados logo com uma especial de 371 km, maioritariamente em planície. Os primeiros trechos de areia surgirão a caminho do resort de Puerto Madryn, junto ao Atlântico Sul. A partir daí, a rota seguirá para Oeste através das rápidas e técnicas pistas da Patagónia, já com a Cordilheira dos Andes no horizonte.

Logo após cruzarem a fronteira com o Chile, os concorrentes terão direito ao seu dia de descanso (10 de Janeiro), no histórico porto chileno de Valparaiso, mas já com toda a atenção focada no que irá acontecer a partir do dia seguinte, com a entrada no deserto de Atacama, considerado o mais árido de todo o planeta, e depois o regresso aos Andes e à Argentina. Após uma paragem em Cordoba, segunda maior cidade do país das Pampas, o percurso terminará tal como começou, aa capital Buenos Aires, no domingo, dia 18 de Janeiro.

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