O ano de Portugal no Dakar?

KTM, Honda e Yamaha vão digladiar-se numa das edições mais aguardas na prova de motos. Cyril Despres, Marc Coma e Joan Barreda são os favoritos juntamente com o trio de portugueses, Rúben Faria, Paulo Gonçalves e Hélder Rodrigues.

Ano após ano desde 2001, a grande questão em relação à prova das motos era qual dos pilotos da KTM iria ganhar. Nas últimas 12 edições, a marca austríaca chegou à vitória por intermédio de Fabrizio Meoni (2), Richard Sainct (1), Nani Roma (1), Cyril Despres (5) e Marc Coma (3), sendo que estes monopolizaram a luta pela vitória durante quase uma década.

Assim, é com grande expectativa que se assiste à chegada da Honda e da Yamaha como sérias rivais da todo-poderosa KTM, sobretudo porque a primeira investiu forte neste seu regresso ao Dakar e porque a segunda conseguiu aliciar Despres para as suas fileiras. Aos 39 anos, o consagrado motard francês precisava de um novo desafio e encontrou-o na Yamaha, a marca onde Stéphane Peterhansel também fez História na prova das motos.

Despres mostrou no Rali dos Sertões que não descurou nada na construção de nova moto – venceu três etapas e chegou a liderar no Brasil, antes de ser ultrapassado por Paulo Gonçalves -, contando agora com o jovem Mickael Metge (além dos mais rápidos Olivier Pain e Frans Verhoeven) num num papel de auxílio semelhante ao que Ruben Faria fez na KTM.

Do lado da KTM, Marc Coma continua como ‘ponta-de-lança’ da equipa embora Ruben Faria tenha agora luz verde para tentar lutar pela vitória, caso esteja em boas condições físicas. Coma é visto como o único piloto capaz de ombrear com Despres no capítulo da navegação, algo que os distanciava de pilotos igualmente rápidos como Faria, Rodrigues, Barreda ou Gonçalves.

Honda com três pilotos de topo

A equipa da Honda Racing Corporation (HRC) é a coqueluche desta edição, já que depois de um ano de dura aprendizagem no regresso ao Dakar, o gigante japonês construiu um novo modelo que não deu hipóteses à concorrência direta no Rali de Marrocos. Com um orçamento milionário, a Honda não só manteve os seus três pilotos oficiais Hélder Rodrigues (primeiro piloto), Javier Pizzolito e Sam Sunderland (vencedor do Rali de Merzouga), como ainda recrutou os serviços da alemã Speedbrain e os seus dois pilotos, Joan Barreda e Paulo Gonçalves.

O espanhol, antigo piloto de motocross, é visto como um dos grandes talentos do pelotão mas terá de provar que consegue navegar consistentemente e evitar quedas, enquanto Paulo Gonçalves (ler em separado) parte muito motivado pela conquista do título mundial. A grande questão é saber que tipo de hierarquia será definida pelos responsáveis da HRC, já que ter três pilotos de topo em luta aberta pela vitória pode ser contraproducente, embora a rivalidade com a KTM e Yamaha possa levar a isso mesmo.

‘Chaleco’ López, com material semelhante ao de Coma e Faria na KTM, será um dos possíveis outsiders na luta pelo triunfo, contando para isso com o seu conhecimento do terreno sul-americano. Ainda assim, a incursão pela Bolívia, com passagens em altitude e uma etapa-maratona que não permitirá a assistência dos mecânicos, será uma novidade absoluta para os motards da prova, sempre autênticos heróis pela dureza física e psicológica que enfrentam na mais exigente prova do desporto motorizado mundial.