«Digam à Joana para encomendar novas suspensões para a moto»

Livre de perigo mas a inspirar ainda muitos cuidados. Assim é o boletim clínico de Hélder Rodrigues, quase seis dias volvidos sobre a violenta queda que sofreu na oitava e penúltima etapa do Por Las Pampas Rally Patagónia-Atacama, quando era terceiro da geral e liderava a classe Produção.

Transportado de helicóptero para a unidade de saúde mais próxima, o Hospital de Tal Tal, a norte do Chile, o motard português começou por ser estabilizado e sujeito a vários exames radiológicos que, tal como se temia, confirmaram múltiplos traumatismos, torácicos e abdominais, além de uma grave hemorragia interna. Devido à falta de meios deste hospital, o piloto do Team Lagos seria depois transportado de urgência para a mais moderna Clínica de La Portada, na cidade de Antofagasta, onde foi induzido em coma e submetido a uma delicada intervenção cirúrgica para controlar a hemorragia abdominal e extrair o baço, ali devendo permanecer, pelo menos, mais duas semanas.

A sua evolução no período pós-operatório «tem sido necessariamente lenta mas satisfatória», como deu conta Joana Lemos, responsável pelo Team Lagos. «A maior preocupação continua a ser a hemorragia interna que ele sofreu, na medida em que esteve mais de quatro horas a perder sangue. Por essa razão, já recebeu nove transfusões desde que foi operado», revelou. «Além de quatro costelas partidas, os médicos identificaram ainda um pequeno toque nos pulmões, ainda que sem perfuração, pelo que até por uma questão de conforto permanece ligado ao ventilador».

Acompanhando em permanência a evolução do piloto, a ex-piloto recordou que, logo após o despertar do coma induzido, a primeira mensagem de Hélder Rodrigues foi… surpreendente: «Digam à Joana para encomendar novas suspensões para a moto», escreveu. Com tamanha força de vontade, não era admirar que conseguisse recuperar mesmo a tempo de estar à partida do Lisboa-Dakar 2008. Os próximos meses o dirão…

Vitórias esperadas

Desportivamente, a prova sul-americana acabou por consagrar, pelo segundo ano consecutivo, Luc Alphand (Mitsubishi) nos automóveis, líder folgado da primeira à última etapa, e Marc Coma (KTM) nas motos, enquanto o francês David Casteu, que ali defendia a liderança do Campeonato do Mundo FIM, abandonou na oitava etapa com uma fractura na omoplata direita.