Quando Clay Regazzoni correu no Dakar: Mesmo paralisado… há mundo para lá da F1
O acidente de Clay Regazzoni e a sua incapacidade física a partir daí, não o impediram de continuar ligado aos automóveis. Nem, sequer, de participar em corridas. A sua recuperação foi lenta, dolorosa e muito complicada e nunca mais conseguiu utilizar as suas pernas. Na realidade, a sua recuperação foi um motivo de inspiração para muitas pessoas, ligadas ou não às corridas de automóveis e Regazzoni fundou mesmo uma organização de apoio a pessoas com problemas semelhantes ao seu.
Clay Regazzoni conseguiu recuperar a sua licença desportiva, anos mais tarde e tornou-se num dos primeiros pilotos de automóveis a disputarem corridas ao mais alto nível, mesmo sendo aquilo que se chama “deficiente”. Porém, o seu regresso á F1 tornou-se impossível. Mas, em carros preparados e transformados de acordo com as suas necessidades, Regazzoni participou no Rali Dakar em 1986, com um camião Isuzu e em corridas de “Sport”, nomeadamente as 12 Horas de Sebring de 1993. Curiosamente, três anos depois viu-lhe ser recusada pela FIA a superlicença necessária para pilotar carros no Campeonato do Mundo de Sport!
Piloto de testes ocasional em algumas marcas de automóveis, como a Mercedes, bem como comentador de F1 para cadeias de televisão suíças e italianas, Regazzoni regressou em 1994 ao “local do crime”, participando então na Toyota Pro/Celebrity Race, uma corrida de apoio ao programa da IndyCar.
Em 1982, publicou o livro “É questione di cuore”, em que conta de forma íntima a sua experiência e tudo o que sofreu durante a sua recuperação. A derradeira corrida oficial de Regazzoni foi em 2000, quando tomou parte, ao volante de um Mercedes-Benz 6.3 especialmente modificado, na London-Sydney-Marathon. Tinha 61 anos. Nos seus últimos anos, tornou-se um crítico virulento do panorama da F1, garantindo que tudo se estava a tornar “uma questão de dinheiro e não um desporto”. Uma atitude totalmente o oposto do “velho” Clay que, nos seus anos de glória, chegou a dizer a Niki Lauda, seu colega de equipa e dez anos mais novo que “se começas a conduzir como uma mulher, nunca serás grande!”