Dakar/Prólogo: Aperitivo servido, ‘1º prato’ já pode dar ‘congestão’…
Num dia marcado já por algumas táticas, que resultaram melhor para uns do que para outros, houve também quem tenha apenas desfrutado destes primeiros quilómetros do Dakar, o que resultou numa tabela que dificilmente será parecida daqui a duas semanas.
Ao contrário do habitual, o prólogo que marcou o arranque do Dakar, foi moderadamente extenso, terminou com velocidades médias pouco acima dos 100 Km/h, mas já teve de quase tudo um pouco dos terrenos que podemos encontrar no Dakar. A região de AlUla é ideal para este tipo de amostra, com porções arenosas seguidas de zonas rochosas e mesmo várias dificuldades de navegação que levaram a várias hesitações por parte de alguns. No entanto, foram os especialistas neste exercício inaugural que voltaram a brilhar: O sueco Mattias Ekström saiu vitorioso com o seu Audi na etapa em redor do “Sea Camp”, nas margens do Mar Vermelho.
O passado de Mattias Ekström nos troços dos ralis proporcionou-lhe a habilidade adequada para dominar os seus rivais e começar a corrida de forma positiva para o clã Audi, como fez no ano passado. Bateu Seth Quintero, que iniciava a sua carreira na classe Ultimate, conseguindo o segundo melhor tempo do dia, apesar destes tempos ainda não serem tidos em conta para a classificação geral.
O jovem americano deu tudo por tudo para ter a oportunidade de escolher uma posição de partida vantajosa amanhã de manhã, tal como Sébastien Loeb (3.º).
Já os irmãos brasileiros Marcos e Cristian Baumgart tiveram um início de Dakar notável com o 4º e 5º melhores tempos, aproveitaram para dar nas vistas e fazerem-se notados, mas já o vencedor em título, Nasser Al Attiyah pagou por um pequeno erro de navegação, que ironicamente lhe pode ser favorável para o que se espera ser a difícil etapa de amanhã. Com o 12º melhor tempo, o piloto catari vai começar em 12º lugar, o que é uma situação muito melhor do que se tivesse terminado em 10º lugar, já que após as escolhas dos dez primeiros pilotos, só esses poderiam escolher, muito provavelmente seria obrigado a abrir o caminho na etapa 1 o que não se antevê desejável.
Guerlain Chicherit sofreu um percalço semelhante, com um desfecho igualmente feliz, pois o francês terminou em 11º lugar. O primeiro Challenger não está muito mais abaixo na classificação, porque o 13º melhor tempo do dia foi conseguido por Eryk Goczał, cuja capacidade de começar bem o rali é do conhecimento geral.
O jovem de Cracóvia não perdeu tempo e dominou a sua nova categoria com 20 segundos’ de vantagem sobre o seu tio Michal, ao volante de uma máquina que está a fazer uma estreia brilhante no Dakar: juntamente com os veículos conduzidos por Nicolas Cavigliasso (4º) e Mitch Guthrie (5º), quatro Taurus figuraram no top 5 do dia, rodeando o GRallyTeam OT3 conduzido por Kris Meeke (3º).
Renovação é também a palavra de ordem na categoria SSV, com Xavier de Soultrait, vencedor de uma etapa em motos no Perú em 2019 (e 7º na classificação geral), a prosseguir a sua bem sucedida reconversão e a revelar-se o piloto mais rápido do dia. Foi-lhe confiado pela Sébastien Loeb Racing um RZR Polaris, a marca que lançou a categoria SSV no Dakar, mas que não provava a vitória desde 2018.
De Soultrait bateu um dos pilotos favoritos a vencer nos SSV, o português João Ferreira, mas o desempenho das máquinas Polaris foi sublinhado pelo terceiro lugar alcançado por Florent Vayssade, companheiro de equipa do vencedor do dia. No final, o único detentor do título que ocupa a liderança da classificação do dia é o camionista Janus van Kasteren, que foi mais rápido do que Aleš Loprais por 16 segundos’, para dar início à batalha entre a Holanda e a República Checa, já que os russos da Kamaz estão a pagar pelas aspirações imperialistas do seu líder e tiveram que ficar em casa.
O desafio duro e cheio de ação desafio da etapa 1 dá o mote para a edição de 2024. O seu percurso, desenhado de raiz numa área com características geológicas nunca antes vistas no Dakar, vai atirar os concorrentes para o ‘fundo do poço’. A comitiva serpenteará em torno de vulcões numa paleta de tons minerais repleta de todos os tons de cinzento, do mais escuro ao mais claro. Mesmo nesta fase inicial da corrida, esta etapa é suficientemente difícil para abrir grandes distâncias entre os concorrentes. Vamos ver como será amanhã…