OPINIÃO: A Orgia do Ego: A vergonha do Todo-o-Terreno
TodoOTerrenoSemBatota #DesportoLimpo #RespeitoàsRegras
A lama que se espalha nas pistas do todo-o-terreno não é a única sujidade que mancha o desporto.
Mais profunda e repugnante é a imundície que se instala nas mentes daqueles que, cegos pela ambição e pelo narcisismo, transformam a paixão pela aventura numa grotesca procura por vantagem ilícita.
A SAR Motorismo, organizadora da Baja de Reguengos, próxima prova dos campeonatos de Portugal de Todo-o-Terreno veio a público insurgir-se contra um ‘cancro’ que assola as disciplinas de todo-o-terreno em Portugal e que tem potencial para acabar com a modalidade.
Como se sabe, no TT não há reconhecimentos, porque as provas são secretas, essa é a génese do TT, mas como sempre existiu, há quem pratique autênticos atos de vandalismo que vão desde cortar vedações, destruir cadeados e derrubar porteiras, durante os treinos e reconhecimentos do percurso, que, reforçamos, são ilegais.
Há muito tempo que este tema existe, são inúmeras as histórias de organizadores que sofrem as consequências dos encurtamentos dos percursos, na prova que ainda se vai realizar, ou mesmo, ficam impedidos de usar esses terrenos nos anos seguintes, ‘mirrando’ cada vez mais os percursos.
Para este ano, devido a esses atos, o percurso da prova de Reguengos já foi encurtado em 30 km e há um risco de ser encurtado ainda mais, devido à possível nova retirada de autorizações.
As autoridades podem retirar as autorizações de passagem, o que comprometeria ainda mais a realização da prova, e esta situação pode levar ao fim deste tipo de provas no futuro.
A organização da prova apela ao bom senso dos participantes, mas se mostra impotente para controlar a situação.
O comunicado na íntegra: “A SAR Motorismo vem pelo presente repudiar e condenar as situações ocorridas provocadas pelos treinos e reconhecimentos ilegais que nos últimos dias se têm verificado por parte de participantes na prova.
A situação é tão mais grave quando inclusive são cortadas vedações e destruídos cadeados derrubadas porteiras, num claro crime de invasão e destruição de propriedade alheia.
Já no início da semana por indicação de um proprietário lesado o percurso foi encurtado em 30 km e com o que aconteceu este sábado, há um sério risco de serem retiradas autorizações de passagem o que irá encurtar ainda mais a prova.
É uma situação incontrolável, vergonhosa e censurável a todos os níveis e que vai provocar num futuro muito próximo o fim deste tipo de provas. Sem força e meios para tomar qualquer tipo de atitude, resta apelar ao bom senso…se é que ele existe”.
Só há uma solução para isto: todos conhecem a impotência da federação e dos organizadores para controlar os percursos e evitar este tipo de situações, é impossível, mas há algo que pode ser feito.
Sabendo que existem reiteradamente este tipo de comportamentos, é fazer como faz a PSP ou GNR nas estradas, controla de vez em quando, e sabendo-se da gravidade destes comportamentos, se os castigos forem muito fortes, desde multas pecuniárias a retirada de licenças desportivas por determinados períodos, e eventualmente, processos-crime, esse exemplo iriam desincentivar os próximos.
Isto só resulta se os primeiros castigos foram ‘exemplares’.
É revoltante testemunhar a proliferação de comportamentos abusivos, onde a regra é ignorada e a competição degenera-se numa guerra suja mesmo antes da partida das provas.
A ânsia de treinar em percursos proibidos, a mania de querer ser mais esperto que os outros, a obsessão doentia por vencer a qualquer custo – tudo isso revela uma mentalidade doentia, um ego insuflado que não se contenta com o desafio legítimo.
Ganhar com batota não é desporto, é fraude. É a vitória do ego insuflado sobre o espírito desportivo, que felizmente muitos ainda têm. É muito bonito falar do espírito do todo-o-terreno, e estas ações mostram que alguns, muitos, demais, mostram bem o que é o seu espírito de todo-o-terreno.
É a demonstração clara de que, para esses indivíduos, o fim justifica os meios, não importando o dano causado ao desporto, aos colegas e ao meio ambiente.
Atrás do volante ou do guiador, esses ‘atletas’ revelam a sua verdadeira face: covardes que se escondem atrás de máquinas poderosas, trapaceiros que buscam atalhos para a glória, e egocêntricos que se sentem superiores aos demais, porque fazem batota para o conseguir.
São os parasitas do desporto, que sugam a energia e sujam a credibilidade de todos os que amam verdadeiramente o todo-o-terreno.
Que vergonha para aqueles que se dizem amantes da natureza e da aventura, mas que, na verdade, são apenas predadores ávidos por destruição. Que vergonha para aqueles que se vangloriam das suas conquistas, mas que, no fundo, são apenas fracassados morais. O argumento que os outros também fazem não pode colher, porque a consciência de cada um devia ser a primeira barreira.
É preciso que a comunidade do todo-o-terreno se una e expulse esses elementos nocivos. É preciso que a punição seja exemplar, para que sirva de exemplo e desencoraje novas práticas abusivas. É preciso que a ética e o respeito voltem a ser os pilares deste desporto.
A lama que esses indivíduos deixam nas pistas é fácil de limpar. Mas a mancha que deixam na alma do todo-o-terreno é muito mais difícil de remover. Que a vergonha seja a sua maior punição. Era bom que a história do todo-o-terreno os esquecesse.
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Como amante do TT e da aventura isto é vergonhoso.