Jonne Halttunen propõe ‘revolução no WRC…

Há muito, pilotos e equipas do WRC falam do que está mal, que devem ser feitas mudanças, mas o que não se viu foram propostas concretas, ideias, possíveis soluções, vindas da boca de dirigentes, chefes de equipa, pilotos, ou navegadores. Até agora!

Num podcast finlandês denominado Yle, Jonne Halttunen, navegador de Kalle Rovanpera, revelou como faria… se fosse ele que mandasse.

E as mudanças seriam radicais! Halttunen concorda que o WRC tem que se desenvolver para aumentar a sua popularidade, e parte do que o preocupa mais são os poucos lugares que há nos Rally1. E qual seria a solução? Algo que já foi feito. Ora veja: “o WRC deveria ser mais acessível às equipas. E como atraí-las? Uma mesma carroçaria tubular desenvolvida pela FIA, que seria utilizada em todos os carros. As equipas construíram o carro em torno do chassis, como hoje, mas além disso, teriam de vender pelos menos cinco carros e respetivo material às equipas satélites. ”, disse.

Tal como se fez no antigo Grupo A, tal como se faz no WRC2 com os atuais RC2/Rally2. Não em termos técnicos, mas de modelo de negócio.

“As equipas satélites poderiam adquirir tudo o resto que precisassem. O principal ponto de propriedade é que qualquer marca poderia constituir uma equipa WRC. Uma marca de bebidas podia ter a sua própria equipa. Tal como nas fórmulas ou na NASCAR. Dessa forma todos poderiam entrar numa série. Assim, o desporto poderia atrair novas equipas, que não precisariam de desenvolver um carro do zero”, disse Jonne Halttunen, que não se esqueceu da estrutura das provas: “acompanhar intensamente o fim de semana de rali exige muito tempo de um fã. Há também aqueles ‘verdadeiros’ adeptos junto da TV ou do telefone que conseguem acompanhar um rali do início ao fim, mas para o torcedor mais casual é demasiado complicado. A competição pelo tempo livre das pessoas é muito acirrada, e o WRC é facilmente trocado por desportos mais intensos.

Penso que os fins de semana de competição deveriam ser alterados, nas manhãs de sexta-feira, Shakedown à tarde super-especial e depois os primeiros troços. No sábado, um dia inteiro e à noite já há vencedor do rali. No domingo, um ‘Super Sunday’, com duas PowerStages a dar pontos, com um parque de assistência pelo meio”.

Analisando as palavras de Jonne Halttunen, a solução para os carros era só ‘imitar’ os Rally2, uma fórmula de sucesso, como se vê, tanto carro a correr, mesmo que muitos considerem caro.

Para muitos sê-lo-á sempre, seja que valor for, mas a ideia só poderia vingar se a FIA conseguisse controlar o valor dos carros. A FIA preconizou valores de meio milhão de euros para os atuais Rally1, pois na verdade são ainda mais caros que os WRC 2017-21.

A FIA falhou redondamente aqui ao não controlar os valores dos carros e os custos é que levam agora que não haja mais carros a correr. Se conseguissem uma categoria mais competitiva em termos de performance que os Rally2, mas com custos controlados, talvez o tal meio milhão, e não o milhão e meio que os carros custam agora (ou pouco menos que isso), talvez fosse possível, o problema é que as muitas equipas que já existem nos Rally2 estão bem estabelecidas com o negócio que têm agora. Se o negócio fosse um pouco melhor para o degrau acima, talvez resultasse.

Que iria haver muitos mais carros nos RC1, sem dúvida.

Quanto à estrutura das provas, a ideia parece-me boa, mas com ajustes. Os ralis precisam de ter histórias todos os dias. A F1 está a experimentar coisas novas com a Sprint o que faz como que no fim de semana tenha uma qualificação à 6ª Feira, uma história, uma qualificação e uma corrida Sprint ao sábado, mais duas histórias, e a corrida principal no domingo, a história principal. Foi uma ideia brilhante.

Nos ralis, o sábado e o domingo ficariam resolvidos com a ideia do Jonne Halttunen, faltaria, talvez olhar melhor para a 6ª feira porque um shakedown, uma super especial e troços, talvez fosse um bom aperitivo, mas não é nada de transcendente. Porque não uma qualificação e uma PowerStage com pontos também à 6ª Feira? não sabemos o quê, mas que é preciso fazer alguma coisa, não duvidem.