WRC: Sebastien Ogier tramado… pelo revisto Fiesta?
O cinco vezes campeão do mundo de ralis não tem tido vida fácil desde que a Volkswagen desligou a ficha da equipa do Mundial de Ralis e apesar do título ganho com a M-Sport o ano passado, Sebastien Ogier anda no fio da navalha desde que rejeitou o volante do Toyota Yaris e aceitou o Ford Fiesta de Malcolm Wilson.
A quinta coroa mundial conquistada com o Fiesta WRC com apenas duas vitórias (Monte Carlo e Portugal) e ajudado pela inconsistência de Thierry Neuville, ofereceu a Malcolm Wilson e à M-Sport o reconhecimento, oficial, do apoio que era dado à equipa de Cumbria, abrindo as portas do departamento de pesquisa e desenvolvimento da Ford Performance. Sim porque se ainda há quem ainda pense que a Ford passou a pagar muito mais do que pagava anteriormente, basta perceber que a equipa continua a chamar-se M-Sport Ford World Rally Team. Não é por acaso, acreditem. Aumentou, isso sim, foi o envolvimento tecnológico da Ford no desenvolvimento do Fiesta, libertando recursos como o túnel de vento da Ford Performance.
Finalmente, à oitava prova do Mundial de Ralis, eis que surgiram os primeiros efeitos do envolvimento direto da Ford na M-Sport: um pacote aerodinâmico que gerou alguma polémica nas redes sociais, do gozo à acusação de plágio da aerodinâmica do Toyota Yaris WRC.
A verdade é que o novo pacote aerodinâmico foi uma desilusão, para não dizer um fiasco. Deixemos o piloto falar…
“Na verdade, não fiz muito mais que uma mão cheia de quilómetros de testes e por isso tinha algumas dúvidas sobre a valia do pacote. Se é verdade que o ganho em estabilidade é notório, não consigo ir mais depressa. Certo que em algumas zonas é uma mais valia, mas em outros é um problema. Não tenho a certeza que este novo pacote nos ofereça, de momento, uma enorme vantagem e entendo que temos de o fazer funcionar de uma melhor forma.”
E o patrão da M-Sport, Malcolm Wilson, não deixou de referir que “apesar de tudo ter sido feito um bocadinho á pressa, decidimos montar este kit aerodinâmico, resultado do trabalho da Ford Performance nos EUA. Supostamente, deveria oferecer mais apoio na traseira, favorecendo a tração e reduzindo a subviragem nas partes mais rápidas. Enfim, esperávamos que lhe oferecesse mais confiança.”
A verdade é que nada disso aconteceu e ao longo do Rali da Finlândia, foi visível o desconforto de Ogier que passou a prova a tentar afinar o carro, fazendo a frente rimar com a traseira. Aliás, no final do segundo dia, o francês não escondia alguma frustração, comentando que “as modificações da afinação não funcionam! O problema com a aerodinâmica é terrível em cada lomba, pois o carro levanta, muito, de frente e a traseira não descola, o que me obriga a levantar o pé.” Ogier foi mesmo mais longe ao dizer que o equilíbrio do Fiesta “nas curvas desapareceu e o que funcionava anteriormente, deixou de o fazer. Não tenho confiança e num Mundial que é discutido ao centésimo, isso é um problema!”
Ou seja, após meses de trabalho da M-Sport que resultaram em três vitórias de Sebastien Ogier em 2018 (Monte Carlo, México e França), eis que a primeira contribuição da Ford Performance é um verdadeiro fiasco! O equilíbrio do Fiesta foi profundamente afetado e Ogier resume muito bem o trabalho feito nos EUA “o ganho na aerodinâmica é, por agora, um problema que nos atrasa.”
É verdade que Sebastien Ogier ganhou pontos a Thierry Neuville, mas com grande ajuda de Malcolm Wilson que fez atrasar, primeiro Elfyn Evans e, depois, Teemu Sunninen (que não tinham nos seus Fiesta o novo pacote aerodinâmico), para permitir que o campeão do Mundo terminasse no quinto lugar.
Simbolicamente, o pacote aerodinâmico do Ford Fiesta destruiu-se e separou-se do carro no salto final da PowerStage. Um sinal divino para Malcolm Wilson?
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