WRC, Rali de Ypres/Bélgica: 3ª vitória da época para Ott Tanak e Hyundai

Por a 21 Agosto 2022 13:18

Ott Tanak e a Hyundai vencem pela segunda vez consecutiva, desta feita no asfalto, deixando claro que os problemas da equipa têm vindo a ser resolvidos. Thierry Neuville esteve bem posicionado para vencer mas um erro ‘tramou-o’. Elfyn Evans bem lutou, mas não ‘chegou’ para vencer. Kalle Rovanpera teve um dos seus raros acidentes.

Este Rali de Ypres/Bélgica deixou bem claro que a Hyundai MotorSport meteu mãos à obra e está a conseguir resolver os seus problemas. Cedo se percebeu que o Hyundai i20 N Rally1 é rápido, mas faltou-lhe muita fiabilidade. Foi nisso que a equipa trabalhou inicialmente, enquanto a Toyota aproveitou para se distanciar nos dois campeonatos.

A Hyundai reforçou peças, recentemente soube-se que o carro estava 30 Kg mais pesado do que devia – mas isso estão todos – embora uns mais do que outros.

A Hyundai foi melhorando na fiabilidade, e esta segunda vitória consecutiva, terceira do ano, é uma consequência disso. E também o facto dos homens de Alzenau já irem conseguindo ajustar melhor os carros aos seus pilotos. Cada vez menos se ouve, Thierry Neuville e Ott Tanak falar dessas questões, embora ainda o façam.

Carros perfeitos nunca ninguém vai ter, há-de haver sempre espaço para melhorar, mas há sempre uns que ‘acertam’ mais do que outros, neste ou naquele rali.

Provavelmente, daqui para a frente vamos perceber melhor que o Hyundai não era um carro tão mau quanto o ‘pintavam’, precisava era de fiabilidade, e trabalho. Como todos.

A Toyota não esteve tão bem nesta prova, e isso notou-se mais devido ao acidente de Kalle Rovanpera, mas a equipa mantém-se a grande nível. Basta olhar para os números dos campeonatos, vitórias, pódios, vitórias em especiais.

Quanto à M-Sport-Ford, a única estranheza é mesmo Craig Breen não estar a produzir muito acima, mas esse é provavelmente mais um caso psicológico do que outra coisa qualquer, porque o valor do piloto está lá. Precisa é de ‘desbloquear’ esse potencial, provavelmente como já escrevemos anteriormente, o problema foi a pressão do desafio de ser o 1º piloto.

Claro que a falta de meios da M-Sport nota-se, não testam, e só aí a este nível a diferença é enorme.

Novamente Tanak

Resumindo muito o rali, Thierry Neuville terminou o primeiro dia 2.5s na frente de Ott Tanak, com Elfyn Evans a 13.7s, fruto de uma penalização a ‘fechar’ o dia. Kalle Rovanpera despistou-se na PE2 quando já liderava o rali. No segundo dia, Neuville estendeu o avanço até aos 17.2s, mas na PE15 saiu de estrada, abandonou e deixou Ott Tänak e Elfyn Evans separados por 8.2s. Evans manteve a pressão, mas Tanak não tremeu e venceu.

Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) fizeram um rali muito forte, só incomodado com um menor acerto dos diferenciais, que não lhe permitiram dar mais luta a Neuville. O primeiro dia do estónio foi ‘limpo’, nunca ficou fora do top 3 nos troços, terminou-o em segundo, herdando no segundo dia a liderança depois do abandono de Neuville, isto depois de ter liderado na PE9, no arranque do 2º dia. Depois, teve alguns problemas ‘intermitentes’ com a transmissão, deixou fugir o belga, mas com o seu acidente, herdou o comando que não mais largou até final, apesar da constante pressão de Elfyn Evans.

Terceira vitória do ano, com as coisas a melhorar constantemente desde a Sardenha´.

Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) terminaram em segundo pela quarta vez este ano. Tiveram um rali sempre em perseguição de alguém, por vezes estiveram perto, mas nunca conseguiram suplantar os pilotos da Hyundai.

Lideraram o rali quase toda a 6ª feira, mas quando tiveram que colocar um pneu de chuva, após um furo lento, misturando-o com os de asfalto, caíram de 1º para 3º.

Depois, no segundo dia, um erro de Scott Martin, colocou-os 10s mais atrás e o que já era difícil tornou-se ainda mais. Por vezes ganhava tempo a Tänak, mas este depressa reagia.

Foram sempre cuidadosos nas zonas sujas e ao não arriscarem, também não ‘petiscaram’…

Ainda tentaram no último dia, mas Tanak voltou a retorquir e assim ficou.

Aqui temos de falar de Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), que apesar do acidente na PE15 que os atirou para fora de prova, regressando no domingo para terminar muito atrasados na geral, os belgas foram dos grandes protagonistas desta prova, liderando muito tempo e mais do que isso acumulando um avanço que parecia ser suficiente para voltar a vencer em ‘casa’, mas Neuville foi surpreendido pela sujidade na estrada que não existia quando passaram os batedores. Faz parte da beleza dos ralis, muitas vezes se apanha o que não se espera. E com essa saída a baixíssima velocidade, perdeu-se uma vitória que já era quase certa, pelo menos tanto quanto uma vitória se pode considerar certa nos ralis…

O rali até nem lhes começou bem ao falharem um cruzamento, mas o que fizeram depois foi brilhante, dilataram o avanço de forma consistente e dominadora, mas depois o azar estava atrás da porta. Um pequeno erro que teve grandes consequências, já que ficaram presos num buraco, onde danificaram o radiador.

Esapekka Lappi/Janne Ferm (Toyota GR Yaris Rally1) asseguraram o seu terceiro pódio em seis provas. O piloto disse que queria terminar o rali num estilo diferente ao da Finlândia, e assim o fez.

Terminaram o primeiro dia, como os melhores dos pneus errados. Explicando, foram perdendo tempo para os três da frente na manhã de 6ª feira, de tarde, arriscaram nas afinações, esperavam que o ‘São Pedro’ ajudasse, mas isso não sucedeu, pois choveu apenas durante 20 minutos. Com isso, ficaram longe e chegaram ao pódio somente com os abandonos à sua frente. Só até aí se pode medir a prestação do finlandês corretamente, pois a partir daí foi sobreviver e assegurar a posição. E o que fizeram na 6ª feira foi pouco para lutar na frente.

O mesmo se passou com Craig Breen/Paul Nagle (Ford Puma Rally1) que foram acumulando atraso ao longo do 1º dia. Logo de manhã na PE1 fizeram um pião de 360º e cederam 14.2s para a frente. Na PE2 cederam mais 7.8s, eram sextos a 19.2s. Tal como Lappi esperavam que chovesse muito, mas optaram mal e ficaram ainda mais longe.

Mas as coisas ainda pioraram muito. No sábado, quando se tentavam aproximar Esapekka Lappi na luta pelo quarto lugar, novo acidente, e o abandono. Numa prova em que se pensava poderem dar a volta ao texto, ‘escreveram’ uma história semelhante a várias outras do ano, e as coisas estão a ficar mesmo muito difíceis, pois foram-lhe depositadas muitas esperanças, que não estão a ser minimamente correspondidas. Tem contrato para 2023, por isso tempo para reagir, mas este ano está a ser uma enorme desilusão, como disse no final: “é um pouco de desastre e ninguém está satisfeito. Para todos dentro da equipa e para os adeptos, mas estamos a tentar dar o nosso melhor”. Mas não estão a conseguir…

Oliver Solberg/Elliott Edmondson (Hyundai i20 N Rally1), foram quartos e asseguraram a sua melhor classificação de sempre no WRC.

Depois do que lhes sucedeu na Finlândia, tudo fizeram para manter o carro na estrada, e se inicialmente foram acumulando tempo perdido, também porque tiveram um pequeno problema na caixa de velocidades, no segundo dia mantiveram uma boa luta com Adrien Fourmaux, que teve de tentar recuperar a posição depois de ter sido parado pela polícia numa ligação e chegado tarde a um troço, sendo penalizado em 20s.

Com isso, Solberg foi para o último dia com 14.3s de avanço, mas a luta durou pouco, pois Fourmaux saiu de estrada e abandonou. O Rali da Croácia não lhe tinha corrido bem, a confiança não estava boa depois da Finlândia, mas este 4º posto chegou em boa hora.

Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1) recuperam quatro dos 14.3s que precisavam recuperar a Solberg no primeiro troço do último dia, mas depois, novo despiste.

São capazes do melhor e do pior quase num abrir e fechar de olhos.

Começaram bem o rali, no top 4, onde a chuva os atrasou e caíram quatro posições de uma assentada, de quarto para oitavo. De tarde, desmotivaram e não conseguiram sequer passar Solberg. Recompuseram-se, foram à luta passaram Solberg, ainda que somente por 0.1s.

Na PE15, entraram dois minutos atrasados, depois de terem sido mandados parar pela polícia (ler em separado). A diferença ficou em 17.3s a favor do sueco, e no domingo saíram de estrada.

Em nove provas, desistiram cinco vezes e isso significa não estar na classificação final. Pontuaram duas vezes, o melhor que fizeram foi um 7º lugar na Estónia e 9º em Portugal. Mau demais para ser verdade…

Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1), terminaram em quinto, dando sequência à sua consistência de resultados. O piloto japonês tem evoluído todos os anos e o seu segredo está em “não sabe, não inventa”.

No 1º dia atrasaram-se devido a problemas com a caixa de velocidades do Yaris, perderam muito tempo com a caixa ‘encravada’ em terceira velocidade, o que a equipa resolveu na assistência. Depois, foram-se reaproximando do top 10, fizeram-se e subiram até 6º com os abandonos. Depois, vários problemas com o ‘boost’ híbrido, que ‘ia e vinha’ e em determinada altura a margem para a frente e para trás era tão grande, que se limitaram a levar o carro até ao fim.

Na M-Sport, quase nada corre bem. Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1) terminaram muito atrasados depois de mais uma prova cheia de problemas. Terminaram o 1º dia em sexto a 1m34.5s da frente, no segundo, um toque danificou-lhes a suspensão traseira esquerda, acumulando atraso ao rodar lentamente até à assistência A partir daí o resultado estava comprometido, como ficou no final.

Depois de cinco vitórias em oito provas, Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) tiveram na Bélgica o seu ‘momento mau’. Foram os primeiros líderes do rali, mas na PE2 capotaram várias vezes a meio do troço e ficaram fora de prova, O piloto alargou um pouco a trajetória, o carro foi à berma e não mais o ‘apanhou’. Mantiveram-se em prova para vencer a PowerStage e somar 5 pontos. O melhor que podiam conseguir depois do acidente.

Craig Breen/Paul Nagle (Ford Puma Rally1) tiveram um único resultado positivo este ano com o 2º lugar na Sardenha. Esperava-se que na Estónia, Finlândia e Bélgica pudesse dar a volta ao texto, mas tudo correu ainda pior do que anteriormente

Cedo se percebeu que não conseguiria acompanhar o trio da frente, arriscou na tarde do 1º dia com os pneus de modo a tentar recuperar, mas terminou o dia ainda bem pior do que já estava, porque não choveu.

O que estava mau pior se tornou quando na PE10 capotaram violentamente acabando aí a sua prova. Voltaram no domingo, ficaram a 9.8s de Rovanpera na PowerStage, em sétimo. Pior, era difícil. A sua confiança deve estar no grau mais baixo da sua carreira nos ralis…

Os campeonatos estão resolvidos, mas este ‘regresso’ da Hyundai é muito positivo para o WRC, vai haver bem mais luta pelos triunfos daqui até ao fim do ano. Fica também a curiosidade de como reage e M-Sport nas quatro restantes provas. Segue-se o Rali da Grécia dentro de três semanas.

Tempos Online – CLIQUE AQUI

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Destaque Homepage
últimas Autosport
destaque-homepage
últimas Automais
destaque-homepage
Ativar notificações? Sim Não, obrigado