WRC, Rali de Portugal: Quem desempata?
Sébastien Ogier, Ott Tanak, Thierry Neuville, Citroën, Toyota e Hyundai, têm à partida do Vodafone Rally de Portugal duas vitórias cada, quer os pilotos, ou as respetivas equipas. Por isso a questão para a prova portuguesa do Mundial de Ralis é simples: Quem desempata? Ou a M-Sport Ford surpreende como já esteve perto de fazer na Córsega?
Se há cinco anos o Rali de Portugal regressava ao norte, desta feita, dá-se um novo retorno a uma das suas ‘casas’ mais acolhedoras, as zonas de Arganil, Góis e Lousã. Numa altura em que as provas europeias do WRC precisam de ‘vestir’ os seus fatos de gala e colocar de pé eventos insubstituíveis, o ACP só tem que tornar melhor o que já é excelente, pois se há algo que nunca faltou na nossa prova é muita emoção e espetáculo, dentro e fora dos troços.
Hoje em dia, e apesar da segurança ser sempre uma tecla a bater insistentemente, porque nunca nos vamos poder esquecer dela, o Rali de Portugal que temos pela frente tem inúmeros pontos de interesse, nada faltando para que possa ser uma das provas mais animadas da época.
PRIMEIRO DIA DIFÍCIL
Em primeiro lugar e sabendo do trabalho que está a ser feito pelas Câmaras Municipais, Lousã, Góis e Arganil, os primeiros carros na estrada, precisamente, Sébastien Ogier, Ott Tanak e Tierry Neuville vão sofrer bastante para limpar os troços, pois ao que sabemos, as suas características foram substancialmente modificadas, tantos têm sido os arranjos nas estradas.
No passado, Arganil era sobejamente conhecido por ter um traçado muito duro, e embora essa característica se mantenha, essa dureza foi muito aligeirada. Portanto, mais terra para ‘limpar’.
É neste contexto que as peças do puzzle competitivo desta edição do Vodafone Rally de Portugal se irão encaixar e por isso em nada estranharemos que no final do primeiro dia do rali, a classificação do campeonato seja quase um espelho invertido da classificação atual.
Claro que tudo isto depende da meteorologia, mas não se espera mau tempo, muito menos o que se viveu em 2001 na zona.
QUEM É O FAVORITO?
É uma questão de difícil resposta, mas para quem gosta de estatística, fique a saber que desde que o rali voltou ao norte, nunca se repetiu o vencedor, nem sequer a marca. Em 2015 o triunfo foi para Jari-Matti Latvala (Volkswagen Polo WRC), no ano seguinte, 2016, Kris Meeke (Citroën DS3 WRC), 2017, Sébastien Ogier (Ford Fiesta RS WRC 2017) e no ano passado, Tierry Neuville (Hyundai i20 WRC). Será a vez de Ott Tanak e do seu Toyota Yaris WRC?
Curiosamente, o estónio é um dos grande favoritos a esta prova, não tanto por vir do seu segundo triunfo da época, no Chile, mas essencialmente por ter vindo a mostrar que, quando não tem problemas é o homem a ‘abater’. Mas há aqui uma nuance que achamos importante.
O Yaris é um excelente carro, mas que se sente melhor em ralis mais ‘enrolados’, e nesse aspeto o Hyundai i20 WRC é melhor para o tipo de troços do Rali de Portugal, rápidos e encadeados, com poucas zonas verdadeiramente lentas. Por outro lado o Toyota Yaris WRC é muito refinado em termos aerodinâmicos e isso ajuda muito nas ‘tais’ zonas rápidas e encadeadas. Já o Citroën C3 WRC e Ford Fiesta WRC serão um meio termo.
TRIO PARA O TRIUNFO
Não será fácil que o triunfo no Rali de Portugal caia nas mãos de algum piloto fora do trio da frente no campeonato, Ogier, Tanak e Neuville, sendo que tudo vai depender das dificuldades que os primeiros pilotos encontrem ao abrir a estrada no primeiro dia. Os troços da zona de Arganil não são muito extensos, pelo que a perda de tempo também pode não ser significativa e se assim for, a grande probabilidade é que volte a ser um desses três pilotos a vencer.
Foi assim em todas as seis provas até aqui realizadas.
A Ogier cabe a tarefa de abrir a estrada ele que tem vindo a fazer um bom campeonato, sendo como quase sempre, muito consistente. Começou logo a vencer no Monte Carlo, depois de bater Neuville por 2.2s, mas como é habitual, teve dificuldades na Suécia, acabando mesmo por sair de estrada e abandonar. Venceu o Rali do México, ainda que isso tenha sucedido com alguma sorte, pois no mesmo troço em que sofreu um furo lento, o seu colega de equipa saiu de estrada e ficou com o carro ‘pendurado’ meio dentro, meio fora da estrada. A especial foi interrompida e o tempo nominal que lhe foi atribuído ‘salvou-o’. Na Argentina foi terceiro, mas só lá chegou na PowerStage, depois de aproveitar um furo de Kris Meeke. No Chile foi segundo depois duma boa luta e passou a líder do campeonato. Em Portugal, vai depender muito do estado dos troços, devido à menor apetência do C3 WRC para pisos mais escorregadios, mas a sua experiência e classe vai permitir-lhe andar na luta.
No ano passado, Ott Tänak não passou de Viana do Castelo, depois de bater numa enorme pedra deixada na estrada por Elfyn Evans, e abandonou, pelo que não há referências quanto ao seu andamento com o Toyota Yaris WRC em Portugal.
Estará forte, certamente, mas quão forte é que não sabemos. Contudo, se sempre um forte candidato a vencer.
No Monte Carlo foi terceiro após grande recuperação, depois de liderar até que um furo o fez perder mais de dois minutos. Venceu na Suécia, liderando desde o primeiro troço de sábado. No México,
apesar do atraso do primeiro dia, ainda recuperou até segundo. Na Córsega, furou quando lutava pelo triunfo com Elfyn Evans. A mecânica do Yaris traiu-o na Argentina, novamente problemas elétricos, terminando apenas em oitavo e no Chile, venceu e convenceu, depois de realizar uma prestação quase perfeita.
Tierry Neuville chega a Portugal depois de um grande acidente no Chile, que não acreditamos que lhe pese na mente, pois está apostado em dar sequência à bela luta que tem vindo a travar na frente do campeonato. Venceu em Portugal o ano passado, tem um carro que se ‘dá’ muito bem nas estradas portuguesas, pelo que virá motivado para recuperar o que perdeu no Chile, a liderança do Mundial.
Começou bem no Monte Carlo, perdeu para Ogier por 2.2s, foi terceiro na Suécia, depois de ter chegado a ser oitavo, depois de bater e perder algum tempo. No México foi quarto, passando o rali todo a recuperar de um furo logo a abrir. Na Córsega, lutou com Elfyn Evans nos últimos troços, depois do atraso de Tanak, e o triunfo caiu-lhe do céu, quando Evans furou na PowerStage. Neuville venceu na Argentina, aproveitando bem os azares de Ogier e Tänak. Como referimos, teve
um grande acidente no Chile.
O QUE PODEM FAZER OS OUTSIDERS
Pelo que tem vindo a fazer este ano, Kris Meeke é um dos pilotos que pode vencer em Portugal, o que para si não seria novidade. Tem tido alguns altos e baixos nas últimas provas, mas o seu andamento tem-se dado a um nível elevado, ainda que não suficiente para o trio da frente.
Só mesmo a espaços. Tem-se adaptado bem ao Yaris, e ninguém ficaria muito admirado se vencesse.
No Monte Carlo, andou bastante bem, foi sexto, uma boa estreia com o Yaris. Repetiu a mesma posição na Suécia, mas no México as coisas melhoraram. Terminou na quinta posição, mas chegou a passar pela liderança. Um furo, danificou-lhe a suspensão do Yaris e em duas especiais, passou de primeiro para quinto. Na Córsega Meeke mostrou um grande andamento, mas um furo logo no troço de abertura atrasou-o muito, e os seus problemas pioraram quando cortou uma berma e danificou a suspensão traseira direita do seu Yaris WRC.
Foi o seu pior rali até aí. Na Argentina, um furo no último troço ‘roubou-lhe’ o pódio a que tinha chegado com muito mérito.
No Chile, um mau fim de semana. Até ao seu acidente na PE7 era quinto e estava a andar logo a seguir ao ritmo dos três primeiros.
Elfyn Evans costuma andar bem em Portugal, foi segundo o ano passado, sexto há dois anos. Pode fazer um brilharete, mas não acreditamos que possa vencer, ainda que tenha tudo para aproveitar bem o primeiro dia de prova para ir para a frente.
No Monte Carlo, despistou-se violentamente, na Suécia foi quinto, fez uma prova de trás para a frente, chegou a ser terceiro, mas foi perdendo gás e caindo na classificação. No México, terminou em terceiro, depois de um ano sem pódios.
Na Córsega merecia ter vencido. Perdeu o rali sem cometer um erro, simplesmente apanhou uma pedra na trajetória. Esteve brilhante. Já na Argentina, um erro numa nota, uma curva em que entrou um pouco mais depressa, bateu fortemente e abandonou.
Redimiu-se no Chile, com um quarto lugar, mas o resultado foi melhor que a exibição.
Sébastien Loeb é a grande surpresa que a Hyundai guardou para a última hora.
De modo a potenciar ao máximo as hipóteses dos seus pilotos assegurarem bons pontos, trocou Andreas Mikkelsen por Loeb, que vem duma excelente prestação no Chile, naquela que foi a sua primeira prova em terra com o i20 WRC.
No Monte Carlo, Loeb foi quarto, apenas com um dia de testes num carro e equipa novos, depois de uma boa luta com Jari-Matti Latvala. O Rali da Suécia nunca foi muito a praia de Loeb, numa prova em que se notou a falta de ritmo e acima de tudo, o conhecimento e adaptação ao carro. Foi sétimo. Na Córsega, terminou em oitavo, depois de perder dois minutos no troço de abertura devido a um toque, mas no Chile regressou o bom ‘velho’ Loeb. Fez uma prova em crescendo, tendo lutado pelo segundo lugar até à derradeira especial.
Em Portugal, não conhece o rali do Centro/Norte, mas depois do que fez no Chile, há que contar com ele para um bom resultado.
Esapekka Lappi está a demorar a fazer na Citroën o que já fazia na Toyota. O problema é que são carros totalmente diferentes e o finlandês anda às ‘aranhas’. Não se espera nada de muito significativo em Portugal, mas sendo uma prova que conhece razoavelmente deve andar melhor do que habitualmente. No Monte Carlo, desistiu com problemas de motor
no seu C3 WRC, na Suécia fez um grande rali, foi segundo, depois duma excelente luta com Neuville e Mikkelsen. No México, não esteve bem, mas ‘ajudou’ a equipa, já que apesar de ter saído de estrada, foi essa interrupção que ‘entregou’ a vitória a Ogier. Na Córsega, muitas queixas com as afinações, foi sétimo e na Argentina capotou violentamente tendo mesmo que ir para o hospital, por precaução. No ano passado fez três pódios, mas este ano está bem longe disso.
A prestação de Jari-Matti Latvala neste WRC é de altos e baixos. Tanto faz coisas extraordinárias, como comete erros infantis. Já venceu em Portugal, mas como as coisas lhe andam a correr, não está nada confiante.
Latvala terminou o Monte Carlo em quinto, na Suécia era segundo a cinco segundos do líder quando fcou preso num banco de neve. No México voltou a ter problemas mecânicos no seu Toyota Yaris WRC e foi apenas oitavo. Na Córsega, mais uma desilusão, e tudo começou a correr mal logo nos reconhecimentos, pois as notas não eram as adequadas num rali 65% novo. Terminou em quinto na Argentina, depois de se atrasar com um furo na fase inicial do rali. No Chile, estava a andar razoavelmente bem, até que a sua boa recuperação terminou quando bateu numa pedra no último troço do segundo dia, e quebrou o eixo de transmissão do seu Yaris WRC.
Teemu Suninen tem vindo a recuperar a sua confança depois de um início de campeonato terrível. Aqui e ali já se têm visto boas prestações, e tendo em conta que costuma andar bem em Portugal, é a prova ideal para se ‘regenerar’ totalmente.
No Monte Carlo, saiu de estrada logo a abrir e só recuperou até 11º. Na Suécia, saiu de estrada, mas enquanto rodou, mostrou um grande andamento. O Rali do México ficou marcado por outro mau momento, com um acidente violento. Foi quinto na Córsega, fugindo dos erros, nada arriscou e foi quinto.
Voltou a fazer um rali pobre na Argentina, moderando o andamento para evitar novo acidente e por fim no Chile foi quinto, mas sempre a um ritmo baixo, longe da frente. De positivo, o facto de ter terminado o terceiro rali consecutivo.
Dani Sordo pode ser o ‘joker’ desta prova, pois gosta e costuma andar bem em Portugal. Tem o carro perfeito para um grande resultado, mas por vezes apaga-se um pouco. Mas pode terminar o rali no pódio. Depois de vencer o Rali Serras de Fafe em ‘treino’ fez um mau resultado no México, foi nono, depois de ter lutado na frente do rali. Um problema mecânico, tramou-o, mas deixou boas indicações.
Na Córsega foi quarto, depois de problemas com os travões do Hyundai não lhe permitirem lutar mais. Na Argentina fez um rali irregular, mas terminou o rali em sexto.
Em suma, tudo está preparado para um grande rali, o WRC vai voltar a Arganil, podem ser bem mais que três os pilotos a lutar pelo triunfo. O que mais pedir? Segurança acima de tudo. Quem for ver a prova tenha cuidado consigo. Nada é mais importante que isso…
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