WRC, Rali de Monte Carlo: Surpresa, ‘vingança’ ou recorde

O Rali de Monte Carlo decide-se amanhã. A questão resume-se muito facilmente: Se vencer Elfyn Evans, é uma boa surpresa, se Sébastien Ogier, conseguir, iguala o recorde de sete triunfos de Sébastien Loeb e se vencer Thierry Neuville, será uma pequena ‘vingança’, de quem perdeu por 2.2s o ano passado.

Há um ano, Sébastien Ogier bateu Thierry Neuville por 2.2s naquela que foi a mais equilibrada batalha da história do Rali de Monte Carlo. À entrada do último dia da prova deste ano, temos três pilotos separados por apenas 6.4s. Que grande rali está a ser, e provavelmente, sem o seu acidente, a dupla Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 Coupe WRC) estaria na luta com Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota Yaris WRC), que lidera com 4.9s de avanço para Sébastien Ogier/Julien Ingrassia (Toyota Yaris WRC) com Thierry Neuville/Nicolas Gilsoul (Hyundai i20 Coupe WRC) a 6.4.s do galês.

Do lado da Toyota, dificilmente Tommi Makinen, que tem o Presidente da Toyota, Akio Toyoda como convidado nesta prova, poderia almejar melhor. Contrata dois pilotos que imediatamente entram na luta na frente.

Este tem sido um rali em que todas as principais equipas têm feito grandes provas, pois este rali, como quase sempre em Monte Carlo, tem colocado grandes dificuldades às equipas com imensas armadilhas “ao virar da esquina”.

Veja-se o caso de Sébastien Loeb. Só hoje, depois de ter vencido o Rali de Monte Carlo sete vezes, só hoje, teve dois encontros imediatos com o ‘gelo negro’.

Não está a ser uma prova fácil para ninguém, mas para que se perceba o equilíbrio, Neuville chegou ao final do dia de ontem em terceiro a 6.4s do líder e termina o dia de hoje em terceiro a 6.4s do líder. Mais valia ter ido diretamente para a decisão…

A verdade é que na frente mudou alguma coisa, já que Elfyn Evans começou o dia em segundo a 1.2s de Sébastien Ogier e terminou-o 4.9s na frente do seu novo colega de equipa.

Para Elfyn Evans, que teve sorte com a saída de estrada na PE12, tudo está a correr bastante bem: “Tive sorte com a saída, fui demasiado otimista com o acelerador, ainda bem que não havia nada para bater. Tem sido uma boa luta, mas tenho estado muito focado no trabalho que tenho para fazer. Há muita coisa a acontecer, tenho uma boa luta pela frente, e o que posso fazer é não pensar demasiado nisso, acertar bem o caro, e amanhã dar o meu melhor”, disse Elfyn Evans.

Quando lhe perguntaram se o facto de estar em França, a lutar com um francês, isso pode redundar em ordens de equipa: “Não acredito!”

E tem razão, já que não faz qualquer sentido nesta altura, a época está a começar, seria mau demais dar ordens de equipa agora, até porque com Neuville tão perto aos dois homens da Toyota só resta andar o mais depressa possível. Tommi Makinen quer que fiquem os dois na estrada, mas vai manter a luta aberta.

Quanto a Sébastien Ogier, tem insistido muito na palavra “cauteloso”. E faz bem, mas a verdade é que os seus adversários têm sabido arriscar q.b, e mesmo com alguma sorte, estão na luta: “Tive um bom dia, consistente, mantive a estratégia de não correr demasiados riscos. Mas acho que fui cauteloso demais no último troço do dia, perdi 10s em quatro quilómetros de gelo, é muito, mas a margem é pequena e agora daqui para a frente é fácil. Fazer um reset, e tentar vencer amanhã” começou por dizer Ogier, que explicou melhor as cautelas: “Os troços são muito traiçoeiros, sei que fui um pouco cauteloso demais em alguns locais, mas é uma aposta, porque não sabemos o que os outros estão a fazer. Agora, está tudo por jogar amanhã, vamos esperar e ver. Amanhã, vai depender do feeling, os riscos que vou correr. Quero tentar, mas nada ‘maluco’, qualquer posição do pódio será um bom começo com a Toyota, mas a verdade é que toda a gente quer ganhar este Monte Carlo, é muito especial, portanto se conseguir ganhá-lo mais uma vez, fico contente”. Ganhou seis vezes com três equipas diferentes. Conseguirá a sétima para igualar Loeb?

Por fim, Thierry Neuville, que entrou no rali completamente ao ataque, ao ‘dar’ em dois troços, 19.1s à concorrência mais próxima. Contudo, o dia de sexta-feira não lhe correu bem, revelando que a as notas e a comunicação com a sua equipa de batedores (Dani Sordo) foi um pouco complicada. Hoje, ganhou três dos quatro troços do dia, mas nada mudou para si, pois continua a ter os mesmo 6.4s de atraso que tinha no início do dia: “Ficou tudo na mesma, mas ainda estamos na luta pela vitória. Hoje estivemos muito mais confortáveis com as alterações que fizemos no carro, pude atacar mais sem aumentar os riscos do fazer, fizemos um bom trabalho, estou confiante para amanhã.

As coisas melhoraram com o Sordo, fui com mais confiança depois de falar com ele várias vezes durante as ligações. Agora o plano é ir para a vitória, mas vamos ter que ser cuidadosos ao mesmo tempo”, disse. Não lhe vai ser possível ser muito cuidadoso. Ou ataca, ou não ataca.