WRC/Rali da Europa Central: Rovanperä ao ‘lado’ de Röhrl, Biasion, Sainz e Gronholm

Por a 29 Outubro 2023 17:37

Kalle Rovanperä tornou-se hoje bicampeão do Mundo de Ralis, bastando para isso o segundo lugar no Rali da Europa Central. Thierry Neuville venceu esta penúltima ronda do ano, oferecendo à Hyundai o segundo triunfo da temporada, também o segundo do belga.

FOTOS @World

Depois de se ter sagrado há um ano o mais jovem campeão de sempre do WRC, junta-se com este segundo título a nomes lendários como Carlos Sainz, Walter Röhrl, Miki Biasion e Marcus Gronholm, como duplos vencedores de títulos do WRC. Tornou-se bicampeão, cinco anos antes do seguinte a conseguir o mesmo feito, Juha Kankkunen, com 28 anos…

À entrada do Rali da Europa Central, com uma vantagem de 31 pontos sobre o companheiro de equipa da Toyota Gazoo Racing, Elfyn Evans, Rovanperä só precisava de manter a sua vantagem para conquistar a coroa, pois o máximo que se alcança numa prova são 30 pontos.

Ninguém acreditava que Rovanpera perdesse este título, mas enquanto há vida, há esperança e Evans estava a trabalhar para isso até ao seu dramático acidente na manhã de sábado. A partir daí era mesmo só levar o carro até ao fim sem mais sustos…

O início de época foi pouco produtivo, com três quartos lugares, e um segundo em Monte Carlo.

A primeira vitória só surgiu em Portugal mas desde aí só no Chile ficou fora do pódio: “Penso que este ano foi, para mim pessoalmente, mais importante do que o ano passado. A competição foi mais renhida e fizemos um bom trabalho. O meu maior agradecimento vai para o Jonne – ele é também o melhor copiloto do mundo. Vou desfrutar mais deste campeonato do que do primeiro”.

A conquista da vitória absoluta por parte de Thierry Neuville no rali pode ter sido ofuscada pelas celebrações dos campeões, mas a condução do belga foi digna de grandes elogios.

Ao volante de um Hyundai i20 N, Neuville assumiu o controlo na manhã de sábado e liderou Kalle Rovanperä por 57,6 segundos, conquistando a 19ª vitória da sua carreira nas escorregadias estradas de asfalto da Alemanha, Áustria e República Checa: “De um modo geral, fizemos um bom trabalho”, disse Neuville. “Tivemos uma boa consistência que acabou por compensar. Foi um esforço de equipa este fim de semana e conseguimos, por isso podemos estar orgulhosos disso.”

Ott Tänak superou uma falha hidráulica no penúltimo dia para terminar em terceiro, quase dois minutos atrás do vencedor, num Ford Puma da M-Sport.

Sébastien Ogier recuperou de um furo na sexta-feira para ficar em quarto lugar, à frente do seu colega da Toyota, Takamoto Katsuta. Teemu Suninen, Grégoire Munster e Adrien Fourmaux completaram o top 8, à frente de Nicolas Ciamin e Pierre-Louis Loubet.

Altos e baixos

Esta foi a segunda vitória do ano para Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) e para a Hyundai, depois do triunfo no Rali da Sardenha. O belga começou por liderar após as duas super especiais de quinta-feira, mas caiu para terceiro na manhã de sexta-feira depois de ter tido dificuldades com a afinação do seu carro. Depois, sentiu que o seu i20 N Rally1 teria beneficiado de molas de suspensão mais macias, mas, sem oportunidade de mudar entre troços, teve que se aguentar até ao fim do dia com o que tinha.

Ainda assim, manteve a pressão sobre Evans e, depois de ultrapassar o galês e conquistar o segundo lugar na última especial, terminou o dia com 10,8 segundos de vantagem.

Um pião de Rovanpera na segunda especial sábado permitiu a Thierry Neuville reduzir a vantagem do finlandês para mais de metade, mas a dinâmica mudou completamente no final dessa manhã, quando o companheiro de equipa de Rovanperä na Toyota, Elfyn Evans, que estava em terceiro lugar na classificação geral, saiu de combate. Sacrificando as suas hipóteses de vencer o rali para se concentrar nas suas perspectivas no campeonato, Rovanperä reduziu a sua velocidade. Neuville, como resultado, construiu uma vantagem de 26,2 segundos durante a noite no seu Hyundai i20 N que levou facilmente até final.

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) foram segundos e isso chegou e sobrou para o título. Na 6ª feira nem as condições adversas no Rali da Europa Central o impediram de ganhar uma vantagem de 36,4 segundos sobre Thierry Neuville. Abrindo a estrada, Rovanperä aproveitou ao máximo a superfície menos suja e chegou à zona de montagem de pneus a meio da etapa com 29,2 segundos de vantagem sobre o segundo melhor, depois de ter vencido os três troços.

O seu domínio continuou de tarde quando, em condições mais consistentes para todos, aumentou ainda mais a diferença.

No sábado, quando Evans ‘tropeçou’ e bateu de traseira num celeiro, foi só levar o carro até ao fim sem problemas. Antes disso, uma ligeira saída de estrada com alguma sorte à mistura por não ter batido em nada permitiu a Thierry Neuville reduzir a vantagem do finlandês em mais de metade, mas a dinâmica mudou depois do abandono de Evans.

Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) foram terceiros. Cedo o homem da M-Sport não se sentiu à vontade com o comportamento do seu carro e terminou o 1º dia num solitário quarto lugar da geral, a 43,2 segundos de Evans, mas com 56,4 segundos de vantagem sobre o quinto classificado, Takamoto Katsuta. no sábado, levou o seu Ford Puma até ao final num solitário terceiro lugar da geral. Um travão de mão que não funcionou causou algumas frustrações ao homem da M-Sport na PE14, mas já nada que fizesse grande diferença para a sua classificação, terminando um rali que foi sempre muito apagado para o estónio. Não é só o carro que não esteve bom, nunca quis fazer mais do que os ‘mínimos olímpicos’ até porque provavelmente não ganharia muito com isso…

Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) foram outra dupla que podia ter andado bem melhor do que o fizeram e a razão sucedeu logo na 6ª Feira. As esperanças do francês vencer o seu rali ‘caseiro’ desintegraram-se logo no início do dia, quando furou e teve danos causados por uma jante partida. A partir daí, o seu habitual desagrado para com o atual fornecedor de pneus do WRC.

A juntar a isso, alegou falta de motivação para se esforçar mais do que estava a fazer.

Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally) teve uma boa luta com Teemu Suninen, piloto da Hyundai, mas a prova foi muito mediana para o japonês pois sentiu sempre pouca confiança nas estradas de asfalto escorregadio. Por vezes ainda aumentou o ritmo, mas pouco podia fazer mais em termos de classificação.

Depois do seu compatriota Esapekka Lappi ter saído de estrada na PE5, Temmu Suninen/Mikko Markkula (Hyundai i20 N Rally1) eram, para além de Neuville, o único piloto da Hyundai que restava para dar pontos à equipa e ao fazer o seu primeiro rali em asfalto com o carro, não arriscou nada para garantir que acumulava a experiência e não ficava fora de prova. Claro que isso se refletiu no andamento, pois sabemos que é capaz de fazer muito melhor, mas preferiu, e bem, ser inteligente. Ficou na frente de Grégoire Munster/Louis Louka (Ford Puma Rally1) que fizeram uma boa prova, terminando à frente de Pierre-Louis Loubet. Alguns bons tempo, perto de Tanak, que valha a verdade andou muito abaixo do que pode.

Pierre-Louis Loubet/Benjamin Veillas (Ford Puma Rally1) fez mais um mau rali e terminou a época em curva descendente. Perdeu mais de cinco minutos na PE8, quando saiu de estrada e ficou com danos nas rodas. Sendo a primeira prova com um novo navegador, Benjamin Veillas, isso também não deve ter ajudado. Ainda foram penalizados com um minuto e multados em 1500 euros por não usar corretamente os seus equipamentos de segurança na PE4.

Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) não teve andamento para Kalle Rovanpera na 6ª feira, dito pelo próprio e comprovado pelos números, fez o que pode. Ninguém esperava que pudesse bater Ogier, como esteve perto de conseguir em dois anos seguidos, e agora também ninguém esperava face a Rovanpera. Desta feita, o galês tudo tentou, de novo, até sair de estrada numa curva escorregadia, deslizando para um celeiro. Game Over quanto ao título, a não ser que Rovanpera desistisse, o que não sucedeu. Bastou bloquear uma roda dianteira, saiu um pouco da trajetória e só parou no celeiro.

Esapekka Lappi/Janne Ferm (Hyundai i20 N Rally1) tiveram outro forte acidente. O fim de semana de Lappi começou de forma frustrante com uma penalização de 10 segundos no arranque da PE1, mas o finlandês andou bem nos primeiros troços de sexta-feira, subindo para o terceiro lugar da geral, mas tudo correu mal na PE5, quando numa zona muito estreita, mas rápida, deixou fugir a traseira do Hyundai que ‘descobriu’ uma árvores o que resultou num forte acidente depois de voltar a bater no outro lado da estrada e acabar bem fora dela com muitos danos no carro.

Com mais este acidente, Lappi já se despistou em três das últimas quatro rondas do Campeonato do Mundo de Ralis. Nas quatro anteriores, conseguiu três pódios. Capaz do melhor e do pior é uma enorme frustração, para si e para a equipa. O que é pena. Se conseguisse reunir a velocidade que tem à consistência seria um caso sério. Mas os anos passam e não é isso que sucede.

O Mundial de Ralis termina na Ásia no próximo mês, com o FORUM8 Rally Japan. A prova de asfalto tem lugar em Aichi e realiza-se de 16 a 19 de novembro.

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