WRC, Rali da Estónia: A primeira de Tanak com a Hyundai

Por a 7 Setembro 2020 19:20

Ott Tänak venceu o Rali da Estónia, o seu primeiro triunfo na Hyundai, e com este resultado coloca-se bem na luta pelo título. Craig Breen foi segundo, naquela que foi uma das suas melhores prestações de sempre no WRC. Sébastien Ogier manteve a liderança do campeonato e Kalle Rovanpera brilhou bem alto.

O Mundial de Ralis regressou finalmente após um hiato de seis meses, após o Rali do México. Num ano atípico para o WRC, até aqui só o Monte Carlo foi uma prova ‘normal’. A Suécia teve pouca neve e muito troços anulados e no México não se realizou o último dia de prova com receio que a pandemia mantivesse a caravana na América do Norte. Volvidos seis meses, o melhor que possível, foi uma recomeço na Estónia, uma estreia nos 47 anos de história do WRC. Dois dias num rali sprint em que os favorito eram Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 Coupe WRC), que confirmara esse favoritismo ao vencer “nas calmas”, nunca dando grandes hipóteses aos adversários, ficando sempre a sensação que tinham bem mais, se fosse preciso, para dar.

A ‘jogar’ em casa, a dupla Estónia coloca-se agora em melhor posição na luta pelo título depois de chegarem a esta prova a 24 pontos do líder, Sébastien Ogier. Agora já só estão a 13. Tanak ainda apanhou um pequeno susto no último dia de prova, fazendo um ‘facelift traseiro’ ao seu Hyundai i20 WRC. Tirando isso, não cometeu o mais pequeno erro, liderou desde a PE3, controlando sempre a margem para o segundo classificado, nunca permitindo que esta descesse.

Venceu com todo o merecimento, e coloca-se novamente na luta pelo título depois de um mau arranque de campeonato com o acidente de Monte Carlo. Foi segundo na Suécia e no México e o triunfo surge agora em ‘casa’. E é a primeira vitória com a sua nova equipa, a Hyundai.

Grande rali de Craig Breen/Paul Nagle (Hyundai i20 Coupe WRC), que fez uma das suas melhores exibições de sempre no WRC, mostrando-se no final muito contente com o carro “nunca guiei um carro tão bom no WRC”.

Quando se pensou que lhe seria difícil aguentar o ataque de Ogier, a verdade é que sucedeu precisamente o contrário, pois foi o francês que nunca conseguiu, sequer, dar sinais de se conseguir aproximar do segundo lugar. Uma prova fantástica para o duo irlandês. A Hyundai tem a certeza que quer levar Sébastien Loeb à Turquia e não Craig Breen?

Sébastien Ogier e Julien Ingrassia (Toyota Yaris WRC) fizeram os mínimos olímpicos nesta prova. Já se sabia que dificilmente poderiam bater Tanak, pelo que o objetivo passou por deixar atrás de si os concorrentes mais próximos em termos de campeonato, pois com um WRC com apenas sete provas estas têm um valor pontual relativo bem mais importante, pelo que a operação da dupla francesa no campeonato é interessante. Só perderam pontos para Tanak, que estava 24 atrás.

Pensou-se que depois de ser mudada a ordem na estrada lhe fosse possível recuperar parte dos 15s que tinha de atraso ou pelo menos passar Breen, mas um erro com a afinação do Yaris WRC, o resto desse dia foi mau, exceção feita ao rápido primeiro troço da tarde, que venceu. Chegou ao fim do dia bem mais longe do que estava a meio, quando antes tinha sido o primeiro na estrada. No último (mais curto) dia de prova já não havia muito a fazer. Resumidamente, minimizou ‘estragos’, e continua líder do campeonato.

Boa prova de Elfyn Evans/Martin Scott (Toyota Yaris WRC), que terminaram em quarto. Um rali positivo, mas abaixo do que já fez este ano. Começou bem o rali, chegou a andar pelo terceiro lugar, mas teve dificuldades em manter o ritmo, e também com os pneus (PE7), pelo que caiu para quinto, subindo graças ao abandono de Thierry Neuville.

Enorme prova de Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota Yaris WRC), que terminaram em quinto apesar de um furo em que perderam 28.9s, e duma penalização de um minuto devido a um esquecimento e posterior engano do navegador, que se esqueceu de retirar uma placa do radiador do carro e só o fez dentro do controlo, o que é proibido. Tendo em conta que ficaram a 1m18.7s de Tanak, se somarmos o que perdeu com a penalização e o furo, 1m28.9s, veja-se onde poderia ter lutado o jovem finlandês. Já o dissemos que Tanak tinha ritmo na ‘manga’, mas em termos de andamento este jovem já nada deve aos seus adversários. Qualquer um deles. Lembram-se de alguém que com 19 anos estivesse a fazer algo semelhante na história do WRC? Ganhou ainda a PowerStage, ‘dando’ 5.6s ao segundo.

Seguiu-se a armada Ford. Uma desilusão! Estiveram irreconhecíveis, sendo que o facto da equipa não ter testado recentemente notou-se imenso. Teemu Suninen/Jarmo Lehtinen (Ford Fiesta WRC) e Esapekka Lappi e Janne Ferm (Ford Fiesta WRC) foram sexto e sétimo, respetivamente, uma classificação lisonjeira para o que (não) fizeram. Suninen terminou a 2m39.6s e Lappi a 2m52.0s da frente enquanto Gus Greensmith/Elliott Edmondson (Ford Fiesta WRC) fez um rali ainda pior, e nem sequer conseguiu andar na frente do ‘rookie’ Pierre-Louis Loubet/Vincent Landais (Hyundai i20 Coupe WRC), que se estreou com um WRC nesta prova. O Fiesta WRC está absolutamente estagnado, sendo essa a única justificação. Lappi a ficar a quase três minutos do vencedor numa prova com pouco mais de 200 Km e mesmo muito mau.

Thierry Neuville e Nicolas Gilsoul (Hyundai i20 Coupe WRC) tiveram uma prova azarada. Eram terceiro a 11.1s da frente e contribuíam para 1-2-3 Hyundai na altura, mas uma trajetória mais larga, estragou tudo. Destruíram a suspensão e arrancaram um roda. Game Over! Regressaram no domingo, apontando a pontos na PowerStage, mas um problema elétrico levou ao abandono. Fim de semana para esquecer.

Quem estava a fazer uma boa prova e a caminho da sua melhor classificação de sempre no WRC eram Takamoto Katsuta/Daniel Barritt (Toyota Yaris WRC). Capotaram na PE13 e abandonaram. Na verdade, destruíram por completo o Toyota Yaris WRC…

No campeonato, Ogier tem agora 79 pontos mais nove que Elfyn Evans. Ott Tanak ‘salta’ para o terceiro lugar com 66 pontos com Kalle Rovanpera a somar agora 55. Quem deu um enorme trambolhão foi Thierry Neuville, que se ficou com os mesmos 42 pontos que tinha no arranque desta prova.

MOMENTO

Pensamos que Ott Tanak não teria adversários nesta prova, mas o facto de Kalle Rovanpera ter visto o pneu ter saído da jante na PE3 quando liderava a prova, talvez tenha tirado ao estónio algum ‘incómodo’ neste rali. Ogier não foi capaz de, sequer, incomodar Breen, pelo que os Hyundai estavam imparáveis. Mas nunca vamos saber como seria…

FIGURA

Kalle Rovanpera perdeu 28.9s com um problema com um pneu, quando liderava, e no final do primeiro dia foi penalziado em 60 segundos devido a um erro do co-piloto. Ficaram a 1m18.7s de Tanak, pelo que isto mostra o andamento que tiveram na Estónia. É verdade que esta é uma prova muito semelhante à ‘sua’ Finlândia, mas o que o jovem tem vindo a fazer apenas com quatro provas num World Rally Car é notável. Será que ainda vence este ano?

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