WRC: Kalle Rovanpera vence Rali Safari, quatro Toyota no top 4
Quarta vitória de Kalle Rovanpera em seis ralis colocam-no ainda mais na rota do seu primeiro título. O finlandês dominou quase por completo o Rali Safari, uma prova duríssima que fez imensas ‘ vítimas’ pelo caminho.
Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen e a Toyota somam, e seguem no WRC 2022. Sexta prova, quatro triunfos do jovem finlandês, com a equipa a fazer um resultado histórico ao colocar quatro carros nos quatro primeiros lugares da classificação.
No Rali da Alemanha de 2019, a Toyota já tinha colocado três carros no pódio, este ano, na Suécia e Portugal, teve três carros nos quatro primeiros lugares, vencendo os ralis, mas quatro em quatro é a primeira vez.
Mais um marco histórico para a equipa que regressou ao WRC em 2017 e tem primado pela excelência, na grande maioria das vezes.
Neste rali, a Hyundai e M-Sport/Ford, voltaram a ter uma série de azares e contratempos mecânicos nos seus carros, o que os impediu de ficar mais à frente.
O Rali Safari foi uma prova muito dura, e não foi nada que não se tenha ficado a saber logo após os reconhecimentos.
Depois de tanto tempo nos ralis, já não deve haver muita coisa que surpreenda Sebastien Loeb, mas pelos vistos este Rali Safari foi uma exceção.
Antes do rali começar, vários pilotos já diziam que as condições eram ainda piores do que no ano passado, mas para Loeb, que não fez a prova em 2021, os problemas começaram cedo já que o seu carro teve que ser rebocado nos reconhecimentos. Loeb dizia que seria sempre difícil ter cautela porque há sempre a tentação de forçar um pouco mais, acrescentando que isso é mais difícil de controlar do que no Dakar. E a razia deu-se… e nem ele próprio escapou.
Ott Tänak foi 3º em 2021, e cedo disse que “este é um Safari à ‘séria’. Há zonas onde se conduz em leitos de rio e em pistas nos campos”. É definitivamente mais um evento de endurance do que no ano passado. Este ano, há muito mais dureza. Não será agradável para os carros”. E assim foi…
Numa prova com três líderes distintos e três mudanças de líder, Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) chegaram ao comando na PE7, para nunca mais o largar, somando vantagem em quase todos os troços, terminando o rali com uma margem muito confortável.
O momento chave foi na PE12, quando dilataram um avanço de 15.8s para 27.1s, acabando aí com as hipóteses dos seus adversários, em condições normais.
Sim, porque no Safari, nada é definitivo até à ‘meta’…
Rovanperä terminou a 6ª Feira 14.6s na frente de Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1) com Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) em terceiro a 22.4s. Num dia muito difícil devido às condições dos troços, problemas foi ‘coisa’ que todos tiveram em maior ou menor grau e isso levou a várias reviravoltas na classificação, mas do lado do jovem finlandês tudo se passou de forma suave.
Curiosamente, subiu ao primeiro lugar no último troço do dia, após ter iniciado esse dia em 11º. Só na PE5 não subiu lugares.
De resto foi sempre a ‘trepar’ até à liderança. No fim do dia de sábado, já tinha 40.3s de avanço para Elfyn Evans, isto depois de iniciar o dia com 14.6s de avanço sobre os segundos classificados.
Só venceu uma especial, mas essa valeu mais que várias outras juntas, já que deixou a concorrência mais próxima na luta pela liderança a 11.2s. E logo num troço super escorregadio, o primeiro do dia afetado pela chuva, e lama.
A partir daí, apenas foi gerindo o avanço, arriscando ainda menos do que até aí.
A diferença é que para si, neste momento, arriscar menos significa, ainda assim, rodar um degrau acima dos adversários e isso está a catapultá-lo para o título. Curiosamente, o único erro que cometeu foi poucos segundos depois de iniciar a sua prova, na super especial em que quase saiu de estrada…
Depois de duas provas complicadas no Monte Carlo e Suécia, Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) começaram a melhorar, foram segundos em Portugal, voltaram a falhar na Sardenha mas se já não está a tempo inteiro a sua ‘besta negra’ Ogier, agora tem ‘outra’, mais nova, Rovanpera.
Até pode ganhar alguns ralis até ao fim do ano, mas depois de ter lutado pelo título nos dois últimos anos, está a ter uma época ‘mazinha’.
Na 6ª Feira, terminou o dia 22.4s atrás do líder, em terceiro, depois de liderar após o final da manhã, até que um furo na PE5 o atirou para o quarto lugar.
No dia seguinte, subiu uma posição, para 2º mas depois de começar o dia a 22.4s da frente, terminou-o a 40.3s, muito mais longe do que queria para poder lutar pelo triunfo. Simplesmente Rovanpera andou mais.
Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1) foram segundos no ano passado no Safari, este ano, terceiros. O japonês dá-se bem com esta prova.
Na 6ª feira terminou o dia em 2º, mas no sábado perdeu a posição para Evans.
Com 1m22.7s de avanço para Sébastien Ogier/Benjamin Veillas (Toyota GR Yaris Rally1), só se cometesse algum erro ou tivesse algum azar, perdia o lugar no pódio.
Foi cauteloso, apesar de alguns percalços, mas conseguiu o objetivo.
Sébastien Ogier/Benjamin Veillas (Toyota GR Yaris Rally1) terminaram o rali em quarto. O furo sofrido na 6ª Feira quando lideravam, ‘tramou-os’, e nunca mais recuperaram.
Antes, tinham perdido o comando no final da manhã de 6ª para Elfyn Evans, depois de terem ficado sem potência no motor, mas recuperaram a liderança, que perderam no último troço do dia com o furo, caindo para o sexto posto.
Depois, recuperaram posições, mas a margem era grande demais para conseguir algo mais, e para além disso tinham três Toyota. Não fazia sentido atacar.
Ninguém duvida que o Hyundai é um carro rápido, mas muito pouco fiável.
E Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) são das principais vítimas disso mesmo. Só em Portugal a dupla não terminou no pódio até aqui, e desta feita, depois de mais uma mão cheia de problemas, terminaram em quinto.
Na 6ª feira já eram quintos a 57.5s, tiveram problemas ‘drásticos’ com a afinação do carro, caíram para nono, depois alguns ‘gremlins’ com o maneabilidade do motor, e ficaram quase a um minuto da frente, e em ‘terra de ninguém’.
Houve tanta gente com problemas, que mesmo batendo de frente numa árvore, mantiveram o 5º posto, mas a 10m59.3s da frente.
A fiabilidade voltou a trair a Hyundai: um problema com a suspensão do i20 N Rally1 levou-os ao abandono, mas mesmo assim com os 10m de penalização ainda chegou para terminar o dia em quinto. Depois disso, foi levar o carro até ao fim.
Craig Breen/Paul Nagle (Ford Puma Rally1) terminaram em 6º e mais de 20 minutos da frente. Na 6ª feira, eram sextos mas tiveram problemas de direção e caíram para o nono lugar. No dia seguinte, perderam mais de um minuto por causa da poeira do seu colega de equipa, mais tarde, voltaram a furar e a perder mais 1m46.6s. E foi assim durante quase todo o rali.
Jourdan Serdiridis/F. Miclotte (Ford Puma Rally1) terminaram a prova num honroso sétimo lugar. com tantos problemas de quem tem obrigação de andar depressa, quem andou devagar colheu os frutos…
Oliver Solberg/Elliott Edmondson (Hyundai i20 N Rally1) encararam o rali com muito cuidado, mas mesmo assim não se livraram de um rol incrível de problemas. Chegaram a ser sextos a meio da prova, mas depois voltaram a parar.
Entre furos e toques em pedras, parou para reparar danos em plena PE14, mas o azar final surgiu na PE18, desistindo com um problema mecânico.
Sébastien Loeb/Isabelle Galmiche (Ford Puma Rally1) terminaram em oitavo a mais de meia hora da frente. A 6ª feira foi desastrosa para a M-Sport já que tanto Sebastien Loeb, Craig Breen e Adrien Fourmaux, todos eles abandonaram devido a problemas mecânicos. Loeb ficou sem potência elétrica ainda de manhã EV, numa ligação, depois de um pequeno incêndio no motor. Eram quintos classificados.
voltaram no dia seguinte, na PE13 furaram e danificaram a suspensão. rodavam e reta, quando sucedeu…
Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) desistiram no último dia com problemas na direção assistida. Antes, terminaram o 2º dia na quarta posição, a 25.3s da frente, mesmo depois duma manhã muito ‘atrapalhada’ por uma alavanca da caixa de velocidades que se partiu. No dia seguinte, eram quartos quando se partiu um elemento da transmissão. no último dia, o abandono definitivo. Mau demais para ser verdade tantos os problemas que Tanak tem no seu carro.
Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1) abandonaram na 6ª feira com problemas de transmissão quando eram nonos da geral, abandonaram no sábado depois de um furo e uma suspensão quebrada, na mesma roda. Voltaram, mas terminaram muito atrasados.
Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1) caíram para o 12º lugar no dia 2, depois de perderem 13 minutos com um furo na traseira direita. No sábado, capotaram, perdendo mais 23m20.8s, voltando a abandonar após o troço com um problema de arrefecimento no motor. O ponto alto do seu rali foi ‘fazer’ de mecânico! Reparou o próprio carro que ‘estragou’.
Resumindo para a M-Sport o rali Safari foi o mais difícil em muitos anos para a equipa, tantos foram os problemas, infligidos pelos pilotos ou não. Loeb desistiu na 6ª feita devido uma uma anilha que custa 10 cêntimos…
Na Hyundai, mais do mesmo, vários abandonos durante o fim de semana, um pouco de tudo. O carro já mostrou ser rápido, mas o controlo de qualidade em Alzenau continua muito pobre.
Dentro de três semanas, o Rali da Estónia.