WRC: Kalle Rovanpera vence Rali da Suécia

Por a 28 Fevereiro 2022 08:04

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen, venceram o Rali da Suécia, primeiro triunfo do novo Toyota GR Yaris Rally1. 21 anos do pai, Harri Rovanpera, ter vencido na Suécia, o seu único triunfo no WRC, agora foi a vez do filho.

O Mundial de Ralis prosseguiu na Suécia, pela primeira vez em Umea, 700 Km a norte de Estocolmo, e o objetivo foi alcançado: não faltou neve. A prova fica registada também por um facto histórico. É que pela primeira vez desde 2006, nem Sébastien Loeb ou Sébastien Ogier, vencedores de 17 dos últimos 18 títulos do WRC (o outro foi Ott Tanak) não marcaram presença à partida duma prova do WRC. Uma nova era para a competição.

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) venceram a prova, e alcançaram a sua terceira vitória no WRC. O piloto da Toyota chegou a esta prova com o ónus de abrir a estrada, mas realizou uma fantástica exibição, não cometeu o mais pequeno dos erros, foi capaz de reagir a todos os ataques, triunfando com alguma à vontade na prova sueca.

Com este resultado, assume claramente a dianteira no campeonato, suplantando os dois ‘Sébastien’, ganhando pontos importantes a todos os seus adversários. Com o triunfo na prova e o segundo lugar na PowerStage, Rovanperä tem agora 14 pontos de avanço para Thierry Neuville.

Será que temos aqui o piloto que se está a tornar no mais forte candidato ao título de 2022? Com o abandono de Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1), que ficou a 42 pontos do seu colega de equipa, o jovem piloto da Toyota posiciona-se bem, ainda que seja demasiado cedo para começar a fazer contas.

Apesar de abrir a estrada no primeiro dia de prova, assim que assumiu a liderança no sábado, o que sucedeu logo na primeira especial, foi mantido sob pressão, quer por Elfyn Evans ou Thierry Neuville, mas nunca cedeu, ao contrário dos dois adversários, dando à Toyota e sua primeira vitória na era híbrida do WRC.

No final, manteve-se em alto nível: “Estou feliz, mas não quero celebrar muito, por causa do que está a suceder na Ucrânia. Espero que tenham força nestes tempo difíceis”, disse.

Grande equilíbrio

Na primeira metade do rali, seis pilotos estiveram na luta pela liderança, com as margens sempre muito curtas entre todos. Ott Tänak, Lappi, Rovanperä, Elfyn Evans e Thierry Neuville todos passaram pela liderança, com o comando da prova a mudar de mãos nos quatro primeiros troços. Até Oliver Solberg esteve na luta, que curiosamente, desta feita não envolveu qualquer Ford. três pilotos da Toyota e Hyundai estiveram em luta direta, e quem saiu vitorioso foi a

Toyota, que esteve em alta na Suécia. O triunfo e o terceiro lugar de Esapekka Lappi permite à Toyota passar para o comando do Mundial de Construtores, na frente da M-Sport Ford, e até a Hyundai esteve bem diferente do que no Monte Carlo.

Na verdade, foi boa a reação da Hyundai. É verdade que esteve azarada com o abandono de Ott Tanak, mas Thieery Neuville ficou perto da frente e as provas de Oliver Solberg, e especialmente Ott Tanak, foram boas até aos problemas.

No pólo oposto, má prova da Ford. Esperava-se que Craig Breen lutasse pelo triunfo, mas o irlandês desiludiu desde cedo pois fez um pião na PE1 e saiu de estrada no segundo, depois de ter tido um problema com o limpa para-brisas que se ativou e a água começou a congelar, tirando-lhe visibilidade e concentração: resultado, saiu de estrada.

Recomeçou na sábado, voltou a desistir com um problema técnico, regressou no domingo e obteve um ponto na Power Stage. Na verdade, esta foi uma verdadeira desilusão para a M-Sport/Ford.

Bom segundo lugar de Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), com a Hyundai a reagir bem a um desastroso Rali de Monte Carlo. Os carros coreanos ainda apresentaram algumas dificuldades, mas Neuville já foi capaz de dar outra luta à Toyota, o que é positivo. O belga liderava no final do primeiro dia, mas já não susteve os adversários no segundo. Ao falhar um cruzamento, perdeu o contacto com o líder.

Seja como for, é um grande resultado, olhando em perspetiva para o que foi o Monte Carlo da equipa.

Grande regresso de Esapekka Lappi/Janne Ferm (Toyota GR Yaris Rally1), que lutaram pelo segundo lugar até ao final, dando bons sinais a Jari-Matti Latvala, que pode contar com eles para as provas que Ogier não fizer.

É o primeiro pódio de Esapekka Lappi em três anos.

Outro bom resultado para Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1), que fizeram uma prova com poucos erros, andando bem, não dando hipóteses aos homens da Ford, que ficaram todos atrás deles. Pelo meio, uma ‘excursão’ a um banco de neve, onde perdeu 30s, de resto, uma prova muito razoável.

Também Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1) voltaram a fazer um bom resultado, quinto lugar, mas uma prova bem diferente do que fez em Monte Carlo. Mas é boa a visível frustração do inglês, pois significa que sabe que pode fazer mais, tal como sucedeu em Monte Carlo. O mesmo resultado da primeira prova e uma prestação completamente diferente. Teve problemas de caixa de velocidades, e queixava-se do carro inguiável…

Oliver Solberg/Elliott Edmondson (Hyundai i20 N Rally1), foram sextos numa prova em que começou bem, mas foi caindo na classificação, devido a problemas de vária índole. Quando tudo lhe corre bem, mostra que tem velocidade, mas ainda lhe falta experiência para manter a consistência de andamento durante um rali inteiro.

Chegou a estar na luta pela liderança no 1º dia. Depois ‘torrou’ os pneus e atrasou-se. Numa ligação teve problemas com o acelerador e penalizou 2m40s.

Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) regressaram no último dia mas a sua prova, que estava a ser boa, fica marcada pelo primeiro abandono de uma dupla devido a um problema crítico com o sistema híbrido da Compact Dynamics. Na PE5 eram segundos a 1.1s do líder, Evans, mas surgiu o problema na ligação seguinte. Conseguiu os cinco pontos da Power Stage

Craig Breen/Paul Nagle (Ford Puma Rally1) tiveram desta feita uma prova para esquecer, cheia de problemas, e a Ford teve uma prestação global bem abaixo de Monte Carlo. A sua saída de estrada logo no primeiro dia, foi um erro tremendo, ainda que tenha alguma desculpa, pois estava com um problema no limpa para brisas e com o gelo no vidro a congelar, o que lhe retirou visibilidade.

Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) borraram a pintura toda num rali que até lhes estava a correr bem.

Na PE12 estavam a 1.2s de rovanpera, em segundo, no final da PE15 a 18.3s depois de um exagero na super especial que lhes valeu uma penalização, injusta, de 10s. Passaram, literalmente, por cima da meta, depois de sair de ‘pista’, foi pela estrada de acesso, e não cumpriu parte do percurso até ao stop. Falta de bom senso dos comissários, já que nunca conseguiria ‘saltar’ o banco de neve para voltar ao sítio onde saiu.

Na PE16, quando era 2º, bateu num banco de neve e danificou muito a frente do GR Yaris Rally1, e foi forçado a abandonar. Está a 42 pontos de Rovanpera…

Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1) desistiu no segundo dia, numa prova apagada, o que já se esperava, pois nada podia arriscar depois do acidente de Monte Carlo, mas nem sequer conseguiu terminar o rali apesar do fraco andamento. No sábado, perdeu quatro minutos com problemas técnicos. Um rali cruel para Fourmaux.

No campeonato, são 14 os pontos que separam Rovanpera de Neuville, Loeb ainda é terceiro e logo a seguir está Gus Greensmith. Entre os principais candidatos, dois ralis, Craig Breen está 30 pontos atrás de Rovanpera, Tanak 41, Evans, 42. O WRC prossegue dentro de dois meses na Croácia.

MOMENTO

Elfyn Evans entrou para a PE15, a 5.7s de Kalle Rovanpera e saiu de lá a 18.3s, depois de um erro monumental de Evans e duma penalização injusta. A prova ficou aí decidida, pois em condições normais o galês já não recuperaria esse tempo, mas mesmo sem a penalização de 10s a Evans, duvidamos que ‘este’ Rovanpera ainda fosse perder o rali.

FIGURA

Kalle Rovanpera mostrou nesta prova grande maturidade, e se na antevisão do campeonato dissemos que ainda precisa de ganhar experiência para lutar pelo título, assumimos que muito provavelmente estamos enganados, tal foi a forma como o finlandês geriu a sua prova quase sempre sob pressão. É verdade que a Suécia é uma prova em que se sente mais à vontade, mas se chegando a Portugal mostrar o mesmo, então é mesmo candidato a ser campeão já este ano.

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