WRC e o dilema dos ralis modernos: quando a intensidade se transforma em exaustão

Por a 13 Novembro 2024 13:00

Kalle Rovanpera apela por ralis mais compactos no WRC. Entre resistência e o sprint, esta é a jornada em busca de um novo equilíbrio…

Kalle Rovanpera veio a público voltar a queixar-se da estrutura que entende ser exagerada dos atuais ralis do Mundial, que antes dos três dias de estrada, tem outros três anteriores de reconhecimentos, media e patrocinadores o que para a grande maioria da comunidade do WRC significam noites curtas e dias muito longos, tudo isto a propósito do evento em que participou no fim de semana, na Taça Fiorio em Itália, onde fez quatro troços curtos na propriedade de Cesare Fiorio.

Segundo Rovanpera disse ao Dirtfish: “os organizadores precisam de tornar os ralis mais compactos, não começar tão cedo, não terminar tão tarde para que as pessoas possam interagir com os pilotos quando eles não estão super-ocupados ou quase sempre cansados e zangados. Toda a gente pode ter um pouco de tempo a meio do dia e no final do dia para desfrutar de algo mais do que estar sempre sentado no carro”. O finlandês queixa-se das longas ligações dando exemplos de longas ligações para uma ‘boucle’ longe do parque de assistência, terminando com “quando se fazem os dias assim nem sequer temos tempo para fazer o nosso trabalho corretamente. Se o fizermos, não dormimos”.

Este é um problema que os pilotos e as equipas se queixam há alguns anos, e que pelos vistos tem vindo a piorar, mas que é de muito difícil de ter fácil resolução.

E explicamos porquê.

Porque as organizações querem, não só ir buscar dinheiro que precisam para montar as provas, onde ‘ele’ existe, mas também porque quer dotar a prova dos melhores troços possíveis.

Há alguma organização no Mundial de Ralis que escolha um traçado única e exclusivamente pela qualidade e competitividade dos seus troços?

Provavelmente, não, porque não só está balizado pela quilometragem, como muito provavelmente é quase impossível que esses troços se consigam integrar num percurso ‘lógico’. Há troços que entraram porque “dá jeito” e há troços que ficam de fora, apesar de serem bons ou melhores, porque ficam ‘desfasados’ dos percursos e tudo isto é muito difícil de delinear.

No passado, havia um ponto de partida e chegada, e traçava-se um percurso com os melhores troços que o rali poderia ter. Eram aventuras de quatro, cinco ou seis dias, mas foi (também) dessa forma que os ralis construíram a sua fama.

É verdade que os tempos mudaram, hoje é tudo bem diferente, e se antes os pilotos treinavam 15 dias antes das provas, que eram duríssimas, hoje é tudo muito diferente.

Kalle Rovanpera tem razão, porque olha para a sua perspetiva, e para o que passam os elementos das equipas, mas duma coisa temos a certeza. Transformar os ralis em algo ainda mais compacto do que sucede agora, não só vai dificultar ainda mais que as provas tenham os troços que o WRC merece, como os vai afastar ainda mais do que foi a sua génese, endurance, resistência.

Tornar os ralis em sprints de dois dias será quase matá-los de vez.

Compreendemos que a disciplina passa por problemas graves, mas este é só mais um ponto em que é preciso maturar muito bem, porque o risco de acertarem num lado, a técnica e os custos, e falharem no resto, é igualmente mau para os ralis.

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Subscribe
Notify of
3 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
christopher-shean
christopher-shean
21 horas atrás

Pois: não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”.

Lusoventus
Lusoventus
19 horas atrás

Em Portugal era possível fazer um rali compacto em termos de ligações e com troços de elevada qualidade, bastava recolocar o rali no Algarve. No Norte é impossível 3 ou 4 câmaras pagarem o rali.

alexis
alexis
Reply to  Lusoventus
2 horas atrás

O único problema é que era rali para cegonha, coelho e lebre ver, porque público nem vê-lo, junta mais gente uma classificativa num dia no Norte que o Algarve no tempo todo do rali com reconhecimentos incluídos e os patrocinadores não lhes interessa visibilidade para os animais selvagens, querem publico, querem gente e o pouco publico que o rali do Algarve tinha era pessoal que ia do norte (como eu), mas isso já é um problema muito antigo, já acontecia o mesmo com o Estoril sempre às moscas e Vila do Conde e Vila Real sempre á pinha, é a… Ler mais »

últimas Ralis
últimas Autosport
ralis
últimas Automais
ralis
Ativar notificações? Sim Não, obrigado