Top 12 dos melhores pilotos dos 40 anos do AutoSport
Os adeptos lusos têm uma forte ligação aos ralis, e apesar do domínio não ter deixado muita latitude para a primeira escolha, Sébastien Loeb, a verdade é que esta é daquelas listas nada fáceis de ordenar…
O super piloto que é Sébastien Loeb não deixava grandes dúvidas quando à preferência dos adeptos lusos, grandes conhecedores de ralis, mas a dificuldade desta votação começou logo no processo de seleção dos pilotos. Em todos os restantes casos foram selecionados 10, mas no caso dos ralis chegou-se ao ponto de que deixar alguém de fora era demasiado injusto. Por isso, fomos a votos com 12. E mesmo assim, de ‘coração apertado’. Tantos e tão bons são! A lista de melhores pilotos da história do Mundial de Ralis é uma das que mais diz aos adeptos. Ao longo da história da disciplina existiram tantos casos de sucesso e nem todos somente alicerçados em números. Se Sébastien Loeb – e os seus nove títulos – torna-se um escolha ‘evidente’, o segundo classificado da lista é Colin McRae, que como todos sabemos, ‘não tem números’, mas teve tudo o resto, e de sobra. É o piloto que mais fez vibrar os adeptos ao longo da história do Mundial de Ralis. Mas houve outros, como Walter Röhrl, terceiro desta votação, que realizou feitos que marcaram as pessoas, como por exemplo no nevoeiro de Arganil.
O quarto classificado, Henri Toivonen, é outro bom exemplo de um piloto que teve uma passagem efémera, mas intensa, pelo Mundial de Ralis, e se não tem perdido a vida na Córsega em 1986, ter-se-ia provavelmente tornado num dos maiores de sempre também em números. Já Markku Alén é um caso atípico, pois a sua qualidade como piloto não se refletiu em números, nem sequer conseguindo ser Campeão do Mundo, mas deixou forte marca nos ralis. Foi quinto nesta votação. Precisamente no pólo oposto está Juha Kankkunen, sexto desta lista. Os seus quatro títulos mundiais são fruto duma grande qualidade, frieza, dum piloto que só não era tímido de volante na mão. Carlos Sainz não tinha uma classe extra, mas sempre foi muito trabalhador e com o passar do tempo cada vez se tornou mais difícil de bater. Reparem que foi votado em sétimo pelos leitores na frente de um tetracampeão do Mundo, Tommi Mäkinen, o que mostra bem que os números não são tudo.
Ari Vatanen é outro exemplo de um piloto de classe-extra, que passou pelos ralis na era em que estes atingiram o seu apogeu e deixou também uma forte marca. Em décimo ficou Sébastien Ogier, agora pentacampeão do Mundo, a quem os adeptos ainda não colocam junto dos grandes e como se percebe muito longe de Loeb, mas a verdade é que foi ele que apressou a ‘reforma’ do compatriota, sendo o primeiro em muito tempo que o confrontou com sucesso.
Marcus Grönholm é outro dos bons pilotos, foi duas vezes Campeão do Mundo mas demorou a lá chegar. Por fim, Miki Biasion, também muito querido dos portugueses e também bicampeão do mundo. Esta é assim uma lista que vamos agora tentar ‘fundamentar’ de forma mais detalhada.
SÉBASTIEN LOEB
Sébastien Loeb é de longe o mais bem sucedido piloto da história do Mundial de Ralis, e sendo verdade que muita gente entende que tanto ele como Sébastien Ogier, se tivessem vivido nos anos 80, não teriam ganhado tantas vezes, nós não temos tanta certa, especialmente com Loeb. Questionámos uma vez Markku Alén quanto a isso, e o finlandês concorda que não teriam os mesmos números, mas acha que alcançariam vários títulos. A verdade é que nunca ninguém vai poder dizer com grande dose de certeza quem teria feito o quê, se tivesse vivido noutra era, tantas são as diferenças, quer nos carros, quer no tipo de ralis. Dantes os ralis eram endurance, muito poucos eram resolvidos ao segundo, hoje em dia são sprint, e vários há que são resolvidos ao décimo de segundo. Não é possível afirmar com certeza, só mesmo a perceção das pessoas funciona e essa coloca Loeb na frente a grande distância. Nove títulos consecutivos dizem muito do piloto, e também dizem alguma coisa da concorrência que teve, na verdade, mas 78 vitórias não são para qualquer um. Muitos acusavam-no da pouca espetacularidade, mas lá está a velha história, são estilos e o estilo do francês valeu-lhe o palmarés que tem. Sete vitórias em dez ralis de Monte-Carlo diz muito do piloto que é, e sendo quase imbatível em asfalto, como bom francês que se preze, não deixou de vencer três vezes na Finlândia bem como em todas as provas do calendário do WRC.
COLIN MCRAE
Colin McRae foi escolhido para o segundo lugar entre as preferências dos nossos leitores. Um piloto de excelência, que foi feito para pilotar. Fosse o que fosse. Depressa e espetacularmente. Bravo como poucos, venceu 25 ralis, mas títulos só em 1995, porque a sua rapidez também o levava a ter muitos acidentes e não foi só uma vez que o vimos pilotar carros que mais pareciam o chapéu de um pobre. O melhor exemplo, o Rali dos 1000 Lagos de 1992, quando capotou o Subaru Legacy quatro vezes e ainda terminou em oitavo. Enquanto andasse…
A sua luta pelo título com Carlos Sainz em 1995 foi fabulosa, e os seus dois triunfos em Portugal, em 1998 e 1999, com carros diferentes, também ajudaram a ganhar o carinho dos portugueses. Não é por acaso que na passagem de asfalto do Confurco está lá desenhada no asfalto a bandeira da Escócia… A espinha atravessada na sua garganta deu-se no ano de 1997, quando venceu cinco ralis mas perdeu o título para Tommi Mäkinen por um ponto. Foi para a Ford em 1999, esteve novamente perto de ser campeão, em 2001, mas no rali da decisão, em Gales, bateu. That’s Colin, provavelmente o piloto que mais saudades deixou, depois da sua morte em 2007 num acidente de helicóptero…
WALTER ROHRL
Walter Röhrl foi o terceiro escolhido pelos leitores do AutoSport. O duplo campeão do Mundo é um dos nomes grandes dos ralis e o único alemão a vencer um título de ralis. 14 triunfos no WRC são poucos para tanta classe, num piloto virtuoso como poucos, o único que venceu o Monte Carlo quatro vezes, com quatro carros diferentes.
É dele o fantástico feito dos 4m40s ‘dados’ a Alén, em carros iguais, no nevoeiro de Arganil. Levou a Fiat à conquista dos títulos de Construtores em 1977, 1978 e 1980, ano em que também foi Campeão de Pilotos. Em 1981 regressou à Opel para ser novamente campeão no ano seguinte, com um Ascona 400 de tração traseira, sobrepondo-se aos Audi Quattro. Esteve na Lancia em 1983, na Audi a partir de 1984 e foi um dos poucos do ano dos Grupo B com o brutal Sport Quattro de 550 cv. Ainda hoje está ligado aos automóveis como ‘tester’ da Porsche.
HENRI TOIVONEN
Henri Toivonen foi a quarta escolha dos leitores, e um dos pilotos que muito prometia, mas que o destino não quis que fosse ainda maior. Ainda assim, mais de trinta anos depois da sua morte são ainda muitos os que o recordam pela rapidez e espetacularidade. Começou nas pistas, mas a família convenceu-o a ir para os ralis, porque os circuitos eram perigosos. Ironias do destino. Batia muito, mas também andava muito depressa para a idade que tinha, em 1980, na equipa Talbot, tornou-se no mais jovem vencedor de sempre nos ralis, ao triunfar no RAC. Tinha apenas 24 anos, sendo apenas batido por Jari-Matti Latvala, que com 22 anos venceu o Rali da Suécia em 2008. Em 1984, depois da passagem pela Porsche, pilotou para a Lancia no Rali de Portugal, batendo todos os recordes dos troços de Sintra, até destruir o Lancia 037
na descida da Pena. O ano de 1985 foi de desenvolvimento do Delta S4, tendo vencido o RAC, última prova do ano, deixando Markku Alén bem longe, e a primeira de 1986, o Monte Carlo, depois de bater numa ligação. Depois veio o Rali da Córsega, onde perdeu a vida junto com o seu navegador, Sergio Cresto. Nunca se sabe o que poderia ter feito nos ralis, mas desconfia-se…
MARKKU ALÉN
Markku Alén é dos pilotos mais queridos em Portugal, e como vários pilotos do seu tempo marcou uma geração não tanto pelo que ganhou, mas pelo que significou. Em Portugal, Alén tem um aura diferente, pois venceu cinco vezes no nosso país. A sua ligação à Fiat/Lancia tornou-o no finlandês mais latino da história dos ralis. Obteve 19 triunfos no Mundial e curiosamente o único título que tem alcançou-o em 1978, quando era ainda Taça FIA para Pilotos, precisamente um ano antes de arrancar o Mundial de Pilotos. Esteve perto em 1986, mas com a confusão de Sanremo, o Campeão foi Kankkunen. A sua terceira vitória em Portugal, em 1978, foi o rali do mítico ‘Grande Prémio de Sintra’ e da fabulosa luta com Hannu Mikkola, uma prova que marcou os portugueses e de que se continua a falar passados quase 40 anos. Três anos depois, voltou a fazer uso do seu grande espírito de guerreiro para vencer o rali depois de quase ter destruído o Fiat 131 Abarth na Peninha, acidente que o obrigou a terminar o troço em marcha-atrás. Quem se lembra de Alén em 1984, na primeira passagem pelos 56km de Arganil com o 037 não esquece e foram momentos como estes que fizeram dele o ídolo que ainda é hoje, especialmente entre os portugueses.
JUHA KANKKUNEN
Juha Kankkunen chegou a ser, no seu tempo, um dos mais bem sucedidos pilotos da história dos ralis, mas a sua timidez e reserva nunca lhe permitiram ser tão querido do público quanto outros pilotos. A sua timidez esfumava-se ao volante e os quatro títulos mundiais – em 1986, 1987, 1991 e 1993 – são bem prova disso. Iniciou-se no Mundial em 1979 até que a Toyota reparou nele. De 1983 a 1985 correu pelo gigante japonês, com triunfos em África, único sítio onde a marca japonesa vencia na altura. As suas prestações valeram- lhe a ida para a Peugeot e aí atingiu o estrelato sendo Campeão no último ano dos Grupo B, em 1986. “Se não podes com ele, leva-o o para a tua equipa”, deverá ter sido o que pensaram os responsáveis da Lancia quando juntaram um perfeito ‘Dream Team’ formado por Kankkunen, Alén e Biasion, em 1987. Para que se perceba a sua qualidade, mesmo com os reputados homens da casa – Alén e Biasion – ao lado, o título de Campeão continuou nas suas mãos, numa temporada que diz muito de quem é Juha Kankkunen e da sua qualidade. Mas claro, na Lancia não teve vida fácil e por isso não foi de estranhar que saísse, regressando à Toyota depois de um ano quase sabático. Mas as coisas aí também não correram muito bem, regressando, curiosamente, novamente à Lancia para mais três anos, conseguindo mais um título, voltando a vencer o último com a Toyota em 1993, tornando-se no primeiro piloto da história do WRC a vencer quatro títulos, que o coloca ainda hoje como o terceiro piloto com mais campeonatos de sempre, ex-aequo com Mäkinen. Mais só mesmo Ogier e Loeb…
CARLOS SAINZ
Carlos Sainz começou a cair no goto dos portugueses quando venceu o seu primeiro troço no Mundial de Ralis na super-especial do Rali de Portugal, no Autódromo do Estoril, em 1987. Com o seu Ford Sierra Cosworth com as cores da Marlboro, deu o primeiro sinal que estava ali um piloto de nível mundial, algo que foi provando com cada vez mais ênfase. As suas 18 épocas no WRC, coroadas com dois títulos mundiais conseguidos nos primeiros seis anos do seu reinado, mostraram um bom piloto, que não era um sobredotado, mas sim muito trabalhador e perfecionista. Desde aí, manteve-se no top, lutou por títulos mundiais até ao fim, mas nunca mais voltou a vencer nenhum, somando, no entanto, 26 triunfos, sendo ainda hoje o quarto piloto mais vitorioso da história do WRC, por exemplo, com mais triunfos que McRae, Mäkinen e Kankkunen. Foi assim que ganhou a alcunha de ‘El Matador’.
TOMMI MÄKINEN
Tommi Mäkinen é um dos poucos pilotos a vencer quatro títulos mundiais de seguida – somente Loeb e Ogier conseguiram igual feito, o primeiro elevando a fasquia para os nove e o segundo com cinco. Ele e o seu Mitsubishi Lancer eram quase intocáveis na segunda metade dos anos 90, pois enquanto algumas marcas desenvolveram os novos WRC, e tiveram de lidar com a sua ‘juventude’, Mäkkinen manteve-se fiel ao comprovado Grupo A e beneficiou disso e duma classe singular, com triunfos quase sempre de fio a pavio. Com a evolução dos WRC, passou a ter cada vez mais concorrência. Foi para a Subaru em 2002, mas nos dois anos seguintes foi apenas oitavo no Mundial, dedicando-se, no fim de 2003, à preparação de carros de ralis com a Tommi Mäkkinen Racing. Hoje, lidera a equipa oficial da Toyota…
ARI VATANEN
Ari Vatanen é um dos pilotos mais versáteis que disputaram o Mundial de Ralis. Foi Campeão em 1981, naquele que é o seu único título, mas numa era em que o WRC era extremamente aberto, venceu 10 ralis, 50% deles seguidos, em 1984/85 , na equipa oficial da Peugeot, onde esteve até ao seu terrível acidente na Argentina, em 1985, que quase o matou. Recuperou e em 1987 venceu o Paris-Dakar com a Peugeot, prova que venceu mais três vezes. Espantou o mundo também em Pikes Peak, com um Peugeot 405 T16 de 600 cv, em 1988. Foi fazendo mais algumas provas do WRC, nomeadamente com a Mitsubishi, Subaru e Ford, mas a sua carreira terminou quando foi para o Parlamento Europeu em 1999.
SÉBASTIEN OGIER
Duvidamos que Sébastien Ogier permaneça muitos mais anos no WRC, mas depois de Loeb, foi a vez doutro francês prolongar o reinado de ‘D. Sebastião’. Desde 2004 que o WRC é ganho por um ‘Sébastien’, e, no caso de Ogier, foi o único que conseguiu bater o pé a Loeb – para além de Grönholm. Determinado, implacável e extremamente ambicioso, Ogier venceu tudo o que havia para vencer entre 2013 e 2017, este último título já com a M-Sport. Aqui ficou provado que a VW era mesmo melhor, pois na Ford tudo foi mais difícil, mas no fim sobressaíram novamente as suas melhores qualidades. É claramente um grande sucessor do trono de Loeb. Estreou-se a vencer em Portugal em 2010 e desde aí triunfou mais 39 vezes, o que o coloca como o segundo piloto mais vitorioso da história do WRC.
MARCUS GRÖNHOLM
Marcus Gronholm foi daqueles pilotos em que a sua boa carreira não surgiu repentinamente. Andou vários anos como privado, até que a Toyota o descobriu. A sua carreira continuou errática mais dois anos, e o seu primeiro triunfo no WRC só surgiu 12 anos depois da estreia, em 2000, ano do seu primeiro título. Tanto tentou, até que conseguiu. Em 2002 voltou a ser Campeão, mas depois a Peugeot escolheu para o WRC o seu ‘estranho’ 307 WRC, e os resultados ressentiram-se muito. Foi para a Ford em 2006, tornando-se então no único piloto que conseguiu bater o pé ao ‘grande’ Loeb, contribuindo e muito para dois títulos de construtores da Ford, precisamente há uma década. Em 2006 perdeu o título de Pilotos por um ponto e no ano seguinte por quatro, ambos para Loeb, e só isso diz muito do piloto em que se tornou.
MIKI BIASION
Massimo ‘Miki’ Biasion é um dos latinos mais discretos que existem, mas ganhar era com ele. Foi Campeão do Mundo em 1988 e 1989 com a Lancia e venceu 17 provas do WRC. Começou a dar nas vistas com um Lancia Rally 037 em 1983, estreou-se no WRC em 1984 com dois pódios, mas só em 1985 começou por ser considerado um dos melhores, facto que lhe garantiu um lugar na Lancia para 1986, onde obteve o seu primeiro triunfo no WRC. Mas foi a simbiose que conseguiu com o Delta que lhe valeu
dois títulos mundiais, tornando-se no primeiro piloto italiano a consegui-lo, de forma consecutiva, na História do WRC. Foram os seus anos de ouro. A partir daí nada foi igual. Ficou na Lancia até 1992, ano em que foi para a Ford, mas sem que os resultados melhorassem. Saiu do WRC em 1994.
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