Thierry Neuville: “Esta evolução do i20 WRC vai tornar a nossa vida mais fácil!”

Desde a sua estreia nos ralis aos 19 anos, Thierry Neuville sempre mostrou um talento natural, ao ponto de já o terem apontado como um dos únicos pilotos atuais do WRC com capacidades de pilotagem suficientes para se bater com Sébastien Ogier. Terminou em sétimo a época de 2012, no ano seguinte obteve sete pódios e vários segundos lugares, sendo segundo no Mundial, em 2014 assegurou a única vitória da Hyundai no WRC, na Alemanha, mas este ano não esteve à altura do que dele se esperava. Por isso, e com um novo carro nas mãos, espera-se bem mais em 2016…

Que balanço fazes destes três anos com a Hyundai?

Foi um longo caminho e estou confiante que 2016 vai ser uma época excitante, para nós para a equipa e se olharmos para trás e virmos o que já conseguimos em três anos, acho que só faltava mesmo novo carro. Quando tive a oportunidade de vir para a Hyundai, foi um grande momento para mim, as coisas ficaram mais difíceis em 2015, as minhas expetativas foram um pouco altas demais, mas agora sei e percebo melhor que as coisas por vezes são mais difíceis que o esperado. Para mim vai ser como um novo começo, e estou agora mais forte e mais motivado que nunca. De resto, o objetivo para nós vai ser o mesmo, estar o mais perto possível da frente e se possível lutar por vitórias. Tenho grande confiança no novo carro, é totalmente novo comparado com a versão deste ano e estou seguro que vamos estar mais perto dos nossos rivais”

Quão bom é o novo carro e quais foram os melhoramentos?

Eu vou mostrar quão bom é o carro no Monte Carlo… (risos). Mais a sério. Estou confiante, o último teste foi realmente bom, estou a gostar de pilotar o carro, sinto-me confortável, e isso é o mais importante. A partir daí pode começar-se a desenvolver, melhorar, ir à procura dos limites…

Se é que as há, em que áreas específicas encontras as mais evidentes melhorias?

No motor, claramente, há muito tempo que nos vínhamos queixando do motor no carro atual, portanto é uma grande melhoria e embora não saiba como está o Polo, quão forte é, sei que esta evolução vai tornar a nossa vida mais fácil. O centro de gravidade é muito mais baixo, a estabilidade do carro é melhor, houve um bom trabalho na suspensão, muita coisa mudou, e eu diria que não tem comparação, ainda que o carro deste ano também seja rápido, mas para mim gosto muito mais do carro novo…

2015 foi um ano difícil para ti, vamos ver um ano de 2016 melhor?

Era difícil fazer pior (risos). Estou a brincar, 2015 não foi certamente o melhor ano para mim, cometi alguns erros, mas aparte disso se analisarmos toda a informação não foi tão mau quanto pareceu, portanto estou convicto que 2016 será muito melhor, estou mesmo confiante que irá ser uma época muito boa para nós.

Quanto ao teste para o Rali de Monte Carlo que fizeste recentemente?

Foi muito bom! Tive sorte pois consegui pilotar um dia com o piso totalmente seco e no segundo fui para as montanhas, onde apanhei algumas pontes (risos – ndr, o ano passado teve várias saídas batendo em pontes) mas também apanhei neve e gelo, tive a oportunidade de pilotar com condições diversas e o feeling foi bom. Depois do teste na Finlândia, há grandes diferenças, evoluções no motor, transmissão, escalonamento da caixa, diferenciais, mudámos de marca de amortecedores, portanto há muita coisa que mudou. Há certamente espaço para melhorar, mas ainda temos tempo para terminar os testes de desenvolvimento.

Em termos de alvos para o ano, há algumas provas específicas em que penses poder alcançar grandes resultados?

Podemos ser competitivos em todos os ralis. Há eventos que eu, pessoalmente, ainda posso melhorar, o Monte Carlo é provavelmente o rali mais difícil para mim. Na Suécia mostrei boa velocidade o ano passado, México fui sempre muito rápido, por isso vou apontar ainda mais acima, Argentina normalmente corre bem, Portugal não gostei muito este ano, porque os pisos eram muito arenosos. Não gostei das estradas, vamos ver para o ano. Penso que este ano com o novo carro será tudo um pouco mais fácil, mas o principal foco para já é o Monte Carlo, onde temos que ser competitivos…

Achas que este carro é mais fácil de pilotar?

Sim! A direção é muito melhor, temos um melhor feeling quando viramos para onde queremos ir, o carro reage bem melhor à direção e isso é um fator importante para mim. Depois o motor, é mais confortável, tem mais binário e tudo junto ajuda-me a mim, pessoalmente, em estar mais confortável com o carro. Adapta-se mais à minha pilotagem e coloca-me um sorriso no rosto. E isso é sempre bom! Claro que não deixa de ser um compromisso para os três pilotos, mas se fosse só para mim também não mudaria muito. De resto, há sempre espaço para melhorar, e certamente entre cada rali haverá uma evolução.

Quanto achas que a Volkswagen está longe?

Não sei. Em algumas condições, surpreendentemente conseguimos alguns bons tempos face a eles, mas acho que a margem ainda é grande. Muitos pilotos tentaram e ainda ninguém os conseguiu bater. Todos os que tentam, cometem erros e não conseguem, portanto, isso quer dizer alguma coisa. Curiosamente, nos troços rápidos em terra estivemos bem perto, porque o nosso chassis era um pouco mais longo, e por isso tínhamos um pouco de mais estabilidade na traseira. E este novo carro é ainda maior…

Achas que com este novo carro é possível lutar com a VW?

Sim! Se não estiver convencido agora, nunca estarei. Este carro foi construído do zero, é um carro de ralis a ‘sério’ , mais forte também, o deste ano partia algumas vezes, este é mais bem construído…

Falou-se muito que podias sair da Hyundai…

Sim, houve muita discussão nesse sentido, mas não sairia da Hyundai quando o melhor ano está para acontecer…

Achas que as novas regras de 2017 serão boas para os ralis?

Penso que sim, vai ser mais excitante para os espectadores. O principal é fazer espetáculo para as pessoas, fazê-las sonhar com estes carros, até porque como se sabe são muito semelhantes aos que se podem comprar. Serão mais largos, mais barulhentos, talvez até façam mais raters, não sei, será algo de diferente e vai atrair as pessoas, que, espero, fiquem adeptas deste desporto. É esse o grande objetivo das mudanças. Para os pilotos os carros serão mais rápidos.

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